Centro-direita de Portugal se prepara para tentar governar sem maioria absoluta

Aliança Democrática (AD) venceu as eleições parlamentares gerais no último domingo (10) por uma pequena margem; grupo tenta evitar coalizão coma extrema-direita, mas é rejeitado pelos socialistas do PS

Reuters

Eleitora português vota durante eleições parlamentares antecipadas no domingo (Zed Jameson/Bloomberg)

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Lisboa (Reuters) – A coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD) venceu as eleições parlamentares gerais no último domingo (10) por uma pequena margem e agora terá pela frente o desafio da governabilidade. Apesar de alertas a instabilidade política que isso possa causar, o grupo se prepara para governar sem uma maioria absoluta.

Com mais de 99% dos dos votos apurados, a AD conquistou 79 assentos na legislatura de 230 lugares, seguido pelos socialistas com 77 assentos, o que os levou a admitir a derrota. O partido de extrema-direita Chega, por sua vez, quadruplicou sua representação parlamentar para 48 representantes. Uma maioria no parlamento só pode ser alcançada com um mínimo de 116 deputados.

Um primeiro desafio da AD é tentar aprovar um nome para primeiro-ministro sem fazer acordos com o Chega, uma vez que a plataforma populista com traços de xenofobia do grupo liderado pro André Ventura foi rejeitada pelos políticos de centro desde o início da campanha.

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Os eleitores do Chega disseram, antes da eleição, que o país estava em uma situação ruim e que queriam mudanças nas áreas de habitação, educação, saúde e justiça no país, que é considerado o mais pobre da Europa Ocidental.

O líder da AD, Luis Montenegro, disse aos repórteres no domingo que esperava que o presidente Marcelo Rebelo de Sousa o convidasse formalmente para formar um governo antes do prazo final de 15 de março. Ele disse ainda esperar que o PS e o Chega não formem uma aliança negativa para impedir o governo que o povo português deseja.

Já o líder do Chega afirmou aos repórteres que a votação mostrou claramente que o país quer um governo da AD com o Chega.

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Para os consultores da Eurointelligence, o resultado marcou um novo capítulo político em Portugal, após o governo alternado de dois partidos tradicionais nos últimos 50 anos. Eles afirmaram que a AD teria que buscar o apoio do Chega ou dos socialistas para um governo minoritário, ou convidá-los para uma coalizão. “A Aliança excluiu a primeira opção durante a campanha. Os socialistas excluíram a segunda opção. Algo terá que ser feito”, alertaram.

Inclinação para a direita

O resultado da eleição ressaltou uma inclinação política para a extrema-direita em toda a Europa e uma diminuição da governança socialista. Desde 2020, o Chega faz parte do grupo Identidade e Democracia do Parlamento Europeu, que deve obter ganhos nas eleições europeias de junho.

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O VOX, de extrema-direita da Espanha, parabenizou Ventura na plataforma de mídia social X. “Os patriotas estão abrindo caminho em defesa da liberdade e da soberania das nações contra o socialismo corrupto e o bipartidarismo ultrapassado”, disse.

Matteo Salvini, líder do partido co-governante Liga da Itália, saudou o “resultado extraordinário do Chega, sozinho contra todos”, em uma declaração no final do domingo.

Analistas de mercado ouvidos pela Reuters disseram que é importante notar que o fato de a AD não ter maioria e precisar formar coalizões com outros partidos para governar com maioria pode ser um fator de risco se os sinais de instabilidade começarem a aparecer novamente.

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Sob a liderança socialista desde o final de 2015, Portugal tem crescido a taxas anuais sólidas acima de 2%, exceto pela queda induzida pela pandemia de 2020. Ultimamente, o país tem registrado superávits orçamentários, usando o dinheiro para reduzir a dívida pública para menos de 100% do PIB e recebendo elogios de Bruxelas e dos investidores.