Argentina quer retirar da Venezuela asilados políticos em embaixada de Caracas

Seis membros da oposição venezuelana buscaram refúgio na embaixada argentina e a administração do presidente Javier Milei quer autorização para retirá-los em segurança do país

Reuters

Líder da oposição venezuelana María Corina Machado fala com jornalistas, em Caracas - 20/03/2024 (Reuters/Leonardo Fernandez Viloria)
Líder da oposição venezuelana María Corina Machado fala com jornalistas, em Caracas - 20/03/2024 (Reuters/Leonardo Fernandez Viloria)

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Buenos Aires/Caracas (Reuters) – O governo da Argentina aumentará a pressão sobre a Venezuela para que conceda passagem segura a seis membros da oposição venezuelana que buscaram refúgio na embaixada argentina em Caracas, disseram fontes oficiais, acrescentando que eles correm riscos a sua integridade física se não deixarem o país.

Duas autoridades argentinas disseram à Reuters na semana passada que o governo do presidente Nicolás Maduro, que tem procurado afastar rivais políticos antes da eleição presidencial de julho, havia rejeitado permitir que os seis deixassem o país em segurança.

Em março, assessores da líder da oposição venezuelana María Corina Machado solicitaram asilo na embaixada argentina em Caracas, depois que um promotor local emitiu mandados de prisão contra eles por conspiração.

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Machado, que negou qualquer alegação de má conduta por parte de sua equipe, foi impedida de ser candidata nas próximas eleições.

O governo de Maduro tem perseguido os candidatos da oposição, inclusive Machado, apesar dos compromissos eleitorais assinados no ano passado, uma tendência que levou os Estados Unidos a reinstalar amplas sanções ao petróleo venezuelano em abril.

Também em abril, a Reuters informou, citando uma fonte oficial venezuelana, que o governo de Maduro permitiria que os seis assessores saíssem em segurança para viajar a Buenos Aires. No entanto, fontes próximas ao presidente argentino Javier Milei disseram à Reuters que essa concessão nunca foi feita.

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“Na residência oficial argentina em Caracas está todo o escritório de campanha de Machado, que é perseguido politicamente”, disse uma fonte, que pediu para não ser identificada. “Eles têm que deixar Caracas porque sua integridade física está em perigo.”

O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Pressão diplomática

As declarações das fontes argentinas marcam um importante endurecimento do tom sobre a questão da embaixada do país contra Maduro, colocando pressão diplomática sobre ele apenas alguns meses antes da polêmica eleição presidencial.

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Uma outra fonte venezuelana com conhecimento do assunto disse que esperava que a Argentina fizesse uma pressão significativa e mais pública sobre o assunto nesta semana, com o objetivo de exercer mais pressão regional sobre Caracas.

“É provável que outros países comecem em breve a se manifestar pedindo uma resolução para esta questão”, acrescentou a primeira fonte do governo argentino.

Uma segunda autoridade do governo argentino, que falou sob condição de anonimato, afirmou que o país espera que a região “exija que a Venezuela respeite e cumpra a Convenção”.

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“A Venezuela precisa conceder salvo-condutos sem condições para que os seis requerentes de asilo possam deixar a residência”.