Após ofensa de Milei a Petro, Argentina e Colômbia tentam remediar crise diplomática

Em entrevista à rede americana CNN, presidente argentino se referiu ao homólogo colombiano como "terrorista assassino"; Colômbia decidiu expulsar os diplomatas argentinos do país

Roberto de Lira

Javier Milei, presidente da Argentina (Tomas Cuesta/Getty Images)

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Argentina e Colômbia estão realizando um esforço diplomático para conter uma crise gerada por fortes declarações que o presidente argentino, Javier Milei, fez sobre o chefe de Estado colombiano, Gustavo Petro, numa entrevista à rede americana CNN. Entre as ofensas, Milei se referiu a Petro como “terrorista assassino”, destacando seu passado como ex-membro do movimento guerrilheiro M-19.

A divulgação da prévia da entrevista na última quarta-feira (27) fez com que a Colômbia decidisse expulsar todos os diplomatas argentinos do país.

O líder libertário apontou seu homólogo da Colômbia como um dos piores presidentes da América Latina e o incluiu entre os que lideram os regimes autoritários do continente, como Daniel Ortega, na Nicarágua, e Nicolás Maduro, na Venezuela.

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“Sem dúvida, os piores presidentes da América Latina, por escândalo, o que tem a ver com a ditadura da Venezuela, com o comunismo que Petro quer promover na Colômbia, ou o que a Nicarágua tem, ou o que Cuba tem, que é o pior de todos, são verdadeiramente desprezíveis”, disse Milei.

A reação colombiana veio forte, no mesmo dia. “As expressões do presidente argentino deterioraram a confiança de nossa nação, além de ofender a dignidade do presidente Petro, eleito democraticamente”, informou um comunicado publicado pelo Ministério das Relações Exteriores.

Milei acrescentou em suas críticas a não concordância com as condenações dos presidentes do Chile e da Colômbia à resposta de Israel ao Hamas. “Há uma posição ideológica aí, coincidentemente você está nomeando todos os socialistas, ou seja, eles têm dois pesos e duas medidas, se as ditaduras são socialistas, estão bem. As ditaduras estão erradas, sejam elas de direita, de esquerda, o que quiserem. Se as ditaduras são deles, estão bem”, disse.

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Nos últimos dias, as áreas diplomáticas dos dois países decidiram amenizar a situação e passaram a tentar remedia a crise. Uma nota conjunta das pastas de Relações Exteriores nesta segunda-feira (1) disse que “os respectivos governos têm dado passos concretos para superar quaisquer diferenças e fortalecer essa relação”. As medidas incluirão o retorno dos respectivos embaixadores de ambos os países.

A Reuters lembra que as relações entre Colômbia e Argentina têm sido historicamente estáveis, mas as tensões têm aumentado desde que Milei assumiu o cargo em dezembro. A Colômbia convocou seu embaixador na Argentina em janeiro, após comentários semelhantes feitos pelo líder argentino.

(Com Reuters)