Conteúdo editorial apoiado por

Você sabe como a alta em roubos e furtos encarece o seguro do seu carro?

Número de ocorrências envolvendo carros, motos e comerciais leves cresceu 12,7% em SP no 1º bimestre

Jamille Niero

Publicidade

O ano de 2023 começou com alta no número de roubos e furtos de automóveis. Apenas em São Paulo, o número de ocorrências envolvendo carros, motos e comerciais leves foi 12,7% maior no primeiro bimestre do ano em comparação com o mesmo período de 2022, conforme apontou uma recente pesquisa da Ituran, empresa de rastreamento veicular com base nos dados da Secretaria da Segurança Pública do estado.

Nos dois primeiros meses deste ano foram mais de 20 mil casos registrados contra pouco mais de 18 mil no mesmo período de 2022. Ainda de acordo com o levantamento, os dois veículos mais visados pelos ladrões foram a moto Honda CG 160, seguido pelo Volkswagen Gol.

O crescimento na quantidade desses casos é um dos fatores que mais impacta o preço do seguro automóvel, cuja demanda subiu 9,4% em fevereiro, por exemplo. O assunto foi abordado no quarto episódio do videocast Tá Seguro, disponível no canal do InfoMoney no YouTube e nas principais plataformas de podcast (clique aqui para ouvir o episódio completo no Spotify).

Continua depois da publicidade

Caio Souza, head de Produtos de Seguros – Pessoa Física da XP, detalha quais os fatores que a seguradora leva em conta no cálculo do preço cobrado do segurado (o chamado “prêmio” no jargão do setor). Além do roubo e furto, que ao crescerem geram também mais indenizações aos segurados, há também o contexto econômico.

Vale lembrar que, nas últimas semanas, por exemplo, montadoras anunciaram pausa na produção brasileira, seja por conta de queda nas vendas ou mesmo por falta de peças – outro fator que impacta no preço do seguro ao consumidor, uma vez que elas são necessárias para reparos nos carros segurados e compõem o cálculo da seguradora.

“O excedente de peças gera um mercado paralelo de peças legais. Mas, quando falta, alimenta o mercado ilegal”, aponta Souza, ressaltando que este segmento está muito atrelado ao momento econômico. “Se tem aumento da criminalidade, tem aumento de roubo e furto para desmanche. Se tem recessão econômica, tem aumento de roubo e furto. Quando há pujança econômica, há o aumento na venda de carros, escassez de peça e o mercado paralelo volta também. Equilíbrio de preços é muito tênue”.

Publicidade

Segundo o executivo existe, ainda, diferenças de impacto nos seguros para carros mais luxuosos e para os mais populares. “O segundo veículo mais visado, segundo a pesquisa, que é o Gol, e já até saiu de linha, mas tinha uma boa durabilidade. Já os veículos de alto luxo têm taxa mais agravada para colisão, porque se bater tem um custo mais alto para reparo. Só que roubo não tem tanto, porque chama muita atenção, salvo para fins específicos”.

Souza relembra que, no primeiro ano da pandemia, todas as seguradoras registraram ótimos resultados financeiros porque todo mundo ficou dentro de casa, deixando de sair com os carros, o que fez com que a sinistralidade despencasse.

Com o arrefecimento da pandemia, e as pessoas voltando a sair para compromissos de trabalho ou lazer, aumentou a quantidade de sinistros, elevando também o preço de seguro do automóvel. “E nesse contexto ainda tem as severidades, como as enchentes, que estão mais frequentes. É claro que não vai ser um dia ou outro que aumentará o preço para aquele veículo, mas vai ter aumento contextual daquele tipo de sinistro [evento que vai dar origem à cobertura do seguro] aumentando o custo médio da reparação do carro e aumentando preço do seguro”.

Quais são as coberturas disponíveis?

O seguro para automóvel pode ser “dividido” em três partes. A primeira considera as coberturas para o casco, garantindo indenização em caso de roubo, incêndio ou colisão. Nessa categoria entrariam também os danos causados por eventos da natureza, ou seja, inundações e enchentes – como as que atingiram os 6,5 mil veículos resgatados pelas seguradoras na chuva histórica de fevereiro em cinco municípios do Litoral Norte paulista.

“Aqui existem alguns mitos, como ‘se a água chegou em tal lugar é perda total’, mas não é bem assim. Vai ter uma avaliação do veículo, uma análise do que a água danificou, para se constatar a perda total ou não e a indenização, ou seja, a reposição de um veículo de mesmo valor de acordo com o que contratou no seguro”, explica Souza, da XP.

Continua depois da publicidade

Nos casos em que ocorrem danos por colisão parcial, é comum a existência da franquia — que é um percentual do valor do veículo, estipulado na apólice, pago pelo segurado para a realização do reparo.

Entre as opções disponíveis para contratação, há ainda o seguro para danos a terceiros, dividido entre danos corporais e materiais, que podem ser estendidos também para danos morais, que cobrem prejuízos causados a outras pessoas. Ou seja, se o veículo segurado bate em um outro carro, na casa ou no muro de um terceiro, um poste, etc.

A terceira “categoria” é a cobertura para acidentes pessoais. É uma espécie de seguro de vida atrelado ao condutor e os integrantes do veículo segurado, garantindo indenização em caso de morte ou invalidez dos ocupantes do automóvel, podendo cobrir também despesas médicas e hospitalares.

Publicidade

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa.