Preço de gasolina e gás de cozinha sobe 5 vezes mais que inflação no governo Bolsonaro, indica Dieese

Preço dos combustíveis tem papel decisivo nas eleições deste ano; ex-presidente Lula já disse que vai desatrelar o valor dos derivados de petróleo do dólar

Estadão Conteúdo

(Foto: Getty Images)

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Desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PL), a gasolina e o gás de cozinha subiram cinco vezes mais que a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, enquanto o diesel subiu quatro vezes, informa um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) seção Fup (Federação Única dos Petroleiros).

Desde janeiro de 2019, início da gestão Bolsonaro, a gasolina teve reajuste de 116%, ante uma inflação de 20,6% no período. No gás de cozinha, a alta foi de 100,1%, e no diesel, de 95,5%, de acordo com dados da Petrobras analisados pelo Dieese.

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O preço dos combustíveis praticados pela Petrobras tem papel importante nas eleições presidenciais deste ano, sendo que o líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já informou que vai mudar a política de preços da estatal, desatrelando o valor dos derivados do dólar.

O governo Bolsonaro manteve a política de paridade de importação (PPI) implantada a partir do governo Michel Temer, sob a gestão de Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras, que acompanha os preços do mercado internacional do petróleo e derivados, incluindo no preço os custos de importação e da variação cambial.

Para tentar reduzir o impacto do preço dos combustíveis na inflação, o governo aposta em projetos de lei que estão sendo apresentados no Congresso.

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O Senado pautou para esta próxima quarta-feira (16) a votação de três projetos de lei que tentam reduzir o preço dos combustíveis. Um dos projetos se baseia na queda de impostos, outro na mudança da política da Petrobras e na criação de um fundo de estabilização. Um terceiro projeto cria um subsídio do governo federal para bancar a tarifa gratuita aos idosos no transporte urbano.

De acordo com Cloviomar Cararine, economista do Dieese/Fup, os combustíveis no Brasil deverão permanecer como uma das principais fontes de pressão inflacionária este ano.

“Com as tensões na Ucrânia e ondas de frio nos países do Hemisfério Norte, que elevam o consumo de petróleo, os preços do óleo no mercado internacional deverão subir ainda mais, podendo superar US$ 100 por barril”, prevê Cararine.

De janeiro de 2019 até hoje, a gasolina subiu 52,8%, o diesel 63,6%, e o GLP 47,8%, muito acima também do reajuste do salário mínimo, de 21,4% no período, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Desde que foi implantado o PPI, em outubro de 2016, até 1º de fevereiro de 2022, o gás de cozinha na refinaria sofreu reajuste de 287,2%, face a uma inflação acumulada de 29,8%.

Na gasolina, o aumento foi de 117,2% e no diesel, de 107,1%. Repassados para o consumidor final, os reajustes nos postos acumularam, no período, 81,6% na gasolina, 88,1% no diesel e 84,8% no gás de cozinha, informa o estudo.