Entrevista: “É a hora dos diferenciais da OdontoPrev serem percebidos”

Diretor de RI comenta avanço do índice de sinistralidade no último trimestre e destaca oportunidades em 2009 "sem precedentes"

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O discurso da OdontoPrev (ODPV3) não muda muito do tom de cautela de outras empresas frente à 2009. Mas ao falar da posição da líder nacional no setor de odontologia para enfrentar esse cenário, o diretor de Controladoria, RI e Sustentabilidade, José Roberto Pacheco, traz o diferencial: “É um ano sem precedentes em termos de desafios, mas estamos confiantes em mostrar resultados diferenciados”.

Em entrevista à InfoMoney, o diretor de Relações com Investidores comentou os resultados, que mostraram expansão de 16% no número de associados e de 23% na receita, ambos no acumulado de 2008. “Devemos apresentar um comportamento mais estável de receita em relação aos planos médicos nesse panorama de menor crescimento econômico”, adiantou.

O quadro competitivo representa outro entrave. Se há desafios para a vida da OdontoPrev, há também para os demais concorrentes. “O que traz oportunidades. Em nenhum momento dos últimos anos adotamos uma política comercial no sentido de oferecer preços abaixo da estrutura de custos, jamais fizemos isso”, respondeu.
Confira a entrevista:

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InfoMoney – A OdontoPrev seguiu mostrando expansão nos números do último trimestre de 2008, mas houve um avanço também no índice de sinistralidade (utilização dos planos odontológicos). Foi um período difícil?

José Roberto Pacheco – 2008 foi mais um ano positivo para a companhia, mas não foi um ano fácil. Em particular desde setembro do ano passado, de fato temos presenciado uma maior sinistralidade, fácil de ser percebida. Em função do cenário macroeconômico, as pessoas que têm o benefício podem estar antecipando sua utilização no receio de não mais contar com o benefício patrocinado pelos empregadores ao longo de 2009.

Um detalhe interessante é que em um plano odontológico, sobretudo na OdontoPrev, em cerca de dois terços da nossa base o pagamento não é feito pelas companhias e sim pelos funcionários, o que mostra uma previsibilidade de receita muito maior.

É provável que no primeiro semestre de 2009 nós tenhamos uma maior utilização dos serviços. Contudo, se o cenário macro continuar do jeito que está, é possível que tenhamos uma menor demanda no segundo semestre do ano, portanto a sinistralidade ficaria estável. Vai depender do cenário macro.

A empresa cita o impacto de despesas não-recorrentes. Quais são esses custos?

Ainda tivemos despesas relativas à abertura de capital, que não existirão mais a partir de 2009. Também tivemos despesas relativas às aquisições. Em cerca de três meses a companhia anunciou três aquisições. Uma entrou no último trimestre de 2008, e duas vão entrar a partir de 2009.

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No último trimestre de 2008 tivemos 47 mil vidas da aquisição do Sepao. E, no primeiro trimestre, vamos adicionar cerca de 125 mil novas vidas de OdontoServ e Prontodente. Só essas aquisições em 2009 já se equivalem ao ano passado. Encerramos 2008 com mais de R$ 200 milhões em caixa. A companhia está numa posição privilegiada para fazer novos movimentos de consolidação do setor.

Essa estratégia vai se intensificar ao longo do ano?

”São poucas companhias do mercado com esse grau de distribuição de dividendos”

Em função do cenário macro estamos de olho em oportunidades. Buscamos ativos em odontologia que tragam efetivamente valor aos acionistas, então temos uma sólida estrutura de capital. Achamos que nossos principais competidores estão com menores chances de rentabilidade em 2009.

Isso pode fazer com que hajam oportunidades ao longo do ano. Nosso dever é estar preparado em fazer o movimento correto, não praticamos guerra de preços, somos muito disciplinados na precificação de nossos contratos. Os múltiplos das aquisições estão menores e vamos ser muito seletivos daqui para frente.

O setor de planos odontológicos está mais protegido do que o de planos médicos?

Em primeiro lugar, ele tem apresentado historicamente um crescimento muito mais acelerado. Depois, como é uma indústria ainda muito jovem no Brasil, achamos efetivamente que ainda tem muita coisa para fazer. Não é à toa que temos um modelo único de negócios, focado em tecnologia, o que nos dá o menor custo do mercado.

Desde a abertura já foram sete aquisições realizadas e esse processo de extração de sinergias das companhias não acaba em 2009. Das empresas anunciadas temos muito valor para obter nos próximos anos.

Considerando os 2,5 milhões de associados da OdontoPrev, o sr. espera nova expansão de dois dígitos neste número em 2009?

Não dá para ser otimista nesse nível. Acreditamos em crescimento, mas não no mesmo nível dos últimos anos. Crescemos 32% em 2006, 42% em 2007, e 16% em 2008. Não é esse patamar o de 2009. É um cenário completamente diferente dos anos anteriores, trazendo oportunidades para a empresa se firmar com seus diferenciais.

Cada vez mais escala será importante. Estamos entregando uma combinação incomparável de crescimento com margens. E, ao mesmo tempo, houve a aprovação pelo Conselho de R$ 14,3 milhões em dividendos, que será levado agora à assembleia do dia 27 de abril. Essa cifra se soma a outros R$ 26 milhões que já distribuímos em 2008 sob a forma de juros sobre o capital próprio e o programa de recompra de ações. Estamos falando de R$ 40 milhões de remuneração aos acionistas no exercício de 2008, em relação ao lucro passível de distribuição de R$ 52 milhões.

São poucas companhias do mercado de capitais com esse grau de distribuição.