Mesmo sem alteração, juros do cartão seguem no maior patamar desde 2000

Quando incidem os juros e como evitar essa situação? Confira dicas e transforme o plástico em aliado do orçamento

Patricia Alves

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SÃO PAULO – A taxa média mensal de juros do cartão de crédito, uma das modalidades de crédito mais caras da atualidade, mantém o mesmo patamar, de 10,69% ao mês, desde fevereiro deste ano. Apesar da estabilidade, a taxa é, segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a maior já registrada para essa linha de crédito desde junho de 2000.

Diante de números assim, por mais que o cartão funcione como uma alternativa de crédito fácil em situações de emergência (afinal, o limite é pré-aprovado), é preciso cuidado para não criar o hábito de constantemente financiar parte da fatura, pois são nessas situações que incide a cobrança de taxas que podem acabar com o seu planejamento financeiro.

O que acontece se eu atrasar o pagamento da fatura ou pagar apenas o mínimo?
Antes de atrasar o pagamento da fatura do próximo mês, vale a pena entender melhor quanto isso vai custar. Se a fatura vence no dia 10 e o pagamento é feito no dia seguinte, já existe a cobrança de uma multa por atraso que, segundo o Código de Defesa do Consumidor, não pode ultrapassar 2% do valor financiado.

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Além disso, para atrasos no pagamento, a legislação também permite a cobrança de juros de mora, limitados, neste caso, a 1% ao mês.

Existe a cobrança de encargos também, para quem não pagar integralmente o valor expresso na fatura, ou seja, pagar apenas o valor mínimo ou menor que o valor total. Nestes casos, a pessoa estará automaticamente entrando na modalidade de crédito do cartão. Em situações assim, existe a cobrança de juros proporcionais ao período durante o qual o valor for financiado, sendo que a taxa de juro cobrada é definida antecipadamente e será aplicada sobre o saldo financiado.

Como evitar?
Em geral, a perda de controle com relação aos gastos no cartão acontece quando a pessoa inclui o limite do plástico no cálculo da sua renda mensal e passa a gastar de acordo com isso. A opção de crédito do cartão deve ser usada apenas em casos de emergência, não no financiamento de consumo ou gastos correntes. Caso contrário, antes do que imagina, o consumidor terá dificuldade para manter o pagamento em dia, o que só irá piorar a sua situação.

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Para evitar o descontrole, atenção a algumas dicas:

  1. Concilie o vencimento de sua fatura com a entrada de seus rendimentos – Tente acertar o vencimento de sua fatura para data posterior ao dia do seu pagamento. Ao contrário, dificilmente você conseguirá se programar para pagar a fatura em dia.
  2. Fique de olho no detalhamento da fatura – Confira a fatura detalhada e verifique se todos os gastos que constam na conta foram realmente realizados. Caso perceba qualquer inconsistência, entre em contato com a administradora e conteste o débito.
  3. Controle o percentual da renda comprometido com dívidas no cartão – Evite comprometer mais do que 30% de sua renda com dívidas no cartão; afinal, você precisa acomodar todos os outros gastos, alguns deles bem elevados, como habitação, alimentação, transportes e educação, com os 70% restantes.
  4. Conheça os encargos do plástico – Além de multas e juros por atraso, fique atento ao valor da anuidade, aos encargos cobrados em operações de saque, tanto no Brasil como no exterior, juros em parcelamento (se houver), além de como funciona o pagamento de compras feitas com o cartão fora do país.
  5. Use o plástico de forma consciente – Com o planejamento das compras, o pagamento da fatura em dia e em sua totalidade, o cartão de crédito pode, sim, ser um aliado do orçamento. Com ele, é possível planejar pagamentos, parcelar sem juros, sem falar na praticidade e segurança de não precisar andar com dinheiro vivo no bolso.