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Custo elevado explica presença de seguro em apenas 15% da área plantada no Brasil, afirma executivo

Munich RE quer personalizar avaliação de risco operacional das lavouras para reduzir valor das apólices

Gilmara Santos

Karsten Steinmetz, CEO da subsidiária brasileira da Munich Re

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Celeiro de grãos do planeta, o Brasil tem cerca de 85% da área que abastece o agronegócio ainda sem seguro. Segundo Karsten Steinmetz, CEO da subsidiária brasileira da Munich Re, o problema está concentrado no elevado custo do seguro rural, que dificulta a contratação da proteção nas lavouras.

Steinmetz falou ao InfoMoney na Fides (Federação Interamericana de Empresas de Seguros), maior conferência de seguros da América Latina, que acontece até esta terça-feira (26), no Rio de Janeiro.

Apesar de ainda incipiente, o seguro  rural apresentou crescimento de 10,2% nos primeiros seis meses deste ano se comparado a igual período do ano passado, conforme dados da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras).

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Neste cenário, o executivo revelou que a resseguradora desenvolveu uma solução para melhorar a avaliação dos riscos dos produtos e, assim, reduzir o gargalo relacionado à contratação do seguro rural no país.

“Queremos fazer uma avaliação individual do risco, que será feita de maneira muito rápida e digital. Isso terá um impacto significativo nos preços do produto”, explica o executivo.

Hoje, o seguro rural é fornecido a partir de análises mais gerais de áreas produtivas dentro dos municípios. O que a Munich Re quer é fazer um estudo mais aprofundado e individualizado da realidade de cada produtor para apresentar produtos securitários mais adequados à necessidade de cada plantação.

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As catástrofes naturais, um termômetro do desequilíbrio do planeta provocado pelas mudanças climáticas, têm levado perdas às seguradoras e, consequentemente, elevado o custo do seguro rural.

Apesar deste impacto negativo, o representante do grupo alemão garante que o Brasil é um mercado importante e promissor para a empresa, tanto que a seguradora realizou um aumento de capital de R$ 742 milhões neste ano para cobrir perdas com o seguro rural.

“É um desafio grande dessa modelagem de exposição aos eventos naturais, mas queremos sempre acompanhar o crescimento deste mercado com um melhor entendimento sobre os riscos. Esse fenômeno não é coisa nova, mas que foi acelerado nos últimos anos”, enfatiza Steinmetz.

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Oportunidades

Além do agronegócio, o executivo considera que a América Latina, especialmente o Brasil, tem grandes oportunidades em seguros para riscos cibernéticos.

Os números falam por si: a arrecadação de seguros para crimes cibernéticos saltou de R$ 8,2 milhões, no primeiro semestre de 2019, para R$ 98,1 milhões nos primeiros seis meses deste ano.

Também entram na esteira de oportunidades os seguros relacionados ao tema ESG (ambiente, social e governança corporativa, na sigla em inglês).

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Desafios

Para o executivo, os principais desafios do setor no Brasil são:

“É fundamental que o país tenha um marco regulatório estável porque estamos expostos a riscos de muitos anos”, diz Steinmetz, ao afirmar que nos últimos anos o país teve avanços significativos no mercado segurador, o que contribuiu para o próprio crescimento do setor.

Apesar da expansão, comenta o executivo, o mercado de seguros no Brasil ainda é pequeno se comparado aos Estados Unidos e Europa. O Brasil representa menos de 5% do resseguro da empresa. “Há um potencial de crescimento muito grande por aqui”, sinaliza.

Net-zero

Uma das fundadoras da Net-Zero Insurance Alliance (NZIA), grupo criado, em 2021, pelo braço financeiro do Programa da ONU sobre Meio Ambiente (PNUMA) para engajar o setor global de seguros na agenda da descarbonização, a Munich Re anunciou em março deste ano sua saída da iniciativa.

De acordo com Steinmetz, o motivo está relacionado à legislação de concorrência e monopólio. “Não ficamos seguros em seguir no acordo devido a temas ligados ao antitruste, mas não tem nada de diferente na nossa agenda ESG.”

Entre as metas da empresa está a redução da exposição em carvão em até 40%. “Temos uma agenda muito clara para chegar ao nosso objetivo de net-zero”, finaliza.

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.