Ricos outra vez: pessoas que foram à falência e recuperaram tudo

<p>Não é raro pessoas irem à falência e perderem todo o patrimônio. Especialistas elencam<em> </em>6 passos para se recuperar financeiramente</p>

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Gerente de infraestrutura de uma multinacional de tecnologia, o engenheiro eletricista Nico Carlo Cesari recebia um salário de R$ 15 mil, não tinha dívidas e conseguia sustentar muito bem sua família, com a ajuda do aluguel de dois imóveis e da sociedade que tinha em um negócio gerido pelo irmão.

No entanto, a empresa onde trabalhava foi vendida, Cesari não se acostumou ao novo ambiente de trabalho e fez um acordo para ser demitido. Decidiu então usar 80% do valor da rescisão para abrir uma empresa de montagem e manutenção de instalações industriais. Infelizmente, o sonho do negócio próprio acabou se tornando um pesadelo financeiro.

A empresa começou a ter problemas. Processos movidos por alguns funcionários e a falta de pagamento de alguns serviços prestados pela companhia levaram às dívidas. Com isso, o negócio deixou de ter capital de giro e o engenheiro precisou se desfazer de alguns bens próprios para quitar as dívidas. Em 18 meses, o empresário perdeu aproximadamente R$ 800 mil.

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A solução foi fechar o negócio e voltar ao mercado formal. “Fechei minha empresa em 2012 e continuo pagando as dívidas que contraí com o negócio. Procuro reservar 30% de meu salário para isso e minha projeção é que eu quite todas minhas dívidas até 2015”, afirmou o engenheiro, que procura ajudar as pessoas para que não cometam o mesmo erro que ele.

Do zero ao sucesso
Infelizmente a histórica de Cesari não é nenhuma exceção. Segundo pesquisa do Sebrae, 70% das pequenas empresas abertas no Brasil vão à falência no primeiro ano de vida. Fracassar na vida de empreendedor, portanto, não deve ser visto como o fim do mundo – basta ter força de vontade e autoconfiança para dar a volta por cima.

Um bom exemplo é o de J.P. Fernandes*, que foi ao fundo do poço e se recuperou.  Na década de 1990, a empresa da família, que fabricava embalagens plásticas e artigos para festa, estava muito bem e lhe permitia viver cm conforto.

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No entanto, pouco depois de fazer 19 anos, a empresa começou a passar por sérias dificuldades financeiras desencadeadas por má gestão, brigas entre os familiares e pela própria concorrência do setor. A perda do patrimônio familiar foi monstruosa: 20 imóveis, 10 veículos, quase toda a infraestrutura do negócio e de estoque – considerando que só o barracão de distribuição tinha 2.000 m².
   
A padrão de vida do jovem interiorano precisou ser completamente readequado. Fernandes mudou para São Paulo para cursar Economia na PUC-SP, trabalhando todos os dias para pagar a faculdade em período noturno – em uma realidade muito diferente daquela da adolescência, quando seus pais custearam anos de colégios particulares.

Fernandes trabalhou como analista de risco em uma grande seguradora, participando da tomada de decisões patrimoniais. Não bastasse a experiência, Fernandes concluiu dois MBAs e em 2001 voltou para sua cidade natal enquanto cursava um mestrado em Economia.

Ao encerrar os estudo, ele assumiu a gestão da empresa da família. “Como não havia outro com formação de negócios na família, era quase natural que eu assumisse”. Ele então decidiu dar passos arriscados: encerrou todas as atividades de produção da fábrica, sanando grande parte das dívidas. Em 2005, o crescimento da empresa voltou a ser positivo, apenas com o funcionamento do varejo. Após poucos anos, o resultado foi surpreendente: nenhuma dívida, a aquisição de novos prédios e a capitalização do patrimônio empresarial.

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“Foram cerca de dez anos trabalhando sem poder usufruir de nada e pagando dívidas, mas ser persistente me ajudou. Reduzir ao máximo os custos e o negócio para começar de novo, pequeno, mas com potencial de crescimento, foi nossa salvação”, diz ele sobre as dificuldades enfrentadas desde a crise da empresa até a retomada de sua recuperação.

Fernandes salvou todo o legado de sua família, e diz que entender sobre impostos e investimentos foi a chave para seu sucesso  financeiro. “Conhecimentos como esses ajudam a encurtar caminhos e a fazer seu dinheiro crescer um pouco mais rápido”, finaliza.

6 passos para se recuperar da falência
De acordo com o educador financeiro e sócio fundador do Mais Ativos, Álvaro Modernell, a falta de planejamento é o principal elemento que leva à falência. Para quem já passou pela situação, identificar os motivos do insucesso é fundamental para evitar cometer o mesmo erro novamente.

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Para quem está no olho do furacão, especialistas dão dicas de como superar as dificuldades e colocar a vida financeira nos eixos:

1- Trabalhar a questão emocional: Modernell alerta que a perda de patrimônio causa um grande abalo psicológico, por isso é importante encontrar profissionais que possam ajudar a tomar decisões mais racionais;

2 – Dê tempo ao tempo: o educador financeiro Mauro Calil lembra que não adianta tentar resolver tudo rápido. “É preciso levar em conta a fonte de renda e o volume das dívidas e calcular o tempo necessário para encerrar os problemas”;

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3 – Adaptar-se à nova realidade:  ainda segundo Calil é preciso readaptar seus gastos para sua nova situação financeira. “É importante reduzir o padrão de vida, pois não adianta manter um padrão de R$ 10 mil por mês com uma fonte de renda de R$ 4 mil”;

4-  Conseguir uma nova ocupação: se você perdeu o emprego ou seu negócio faliu, procure uma nova atividade, de preferencia relativa ao seu preparo técnico, ou então outra iniciativa de empreendedorismo que possa ser apoiada por terceiros, orienta o autor do livro “O Gerente e seus Radares”, Paulo Gurgel Valente;

5 –  Garantir uma renda extra: pense como obter algum dinheiro a mais com a venda de parte do patrimônio;

6 – Planeje-se: a falência normalmente está associada à falta de planejamento. Por isso, procure a ajuda de um profissional para ajudar com o orçamento ou para fazer um novo plano de negócios.

* O entrevistado pediu para não ser identificado