Cartões de crédito de lojas e supermercados têm rotativo de até 875% ao ano

Levantamento da Proteste aponta que cartões de crédito oferecido por lojas de departamento e supermercados têm taxa mais alta que a média do mercado 

Júlia Miozzo

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SÃO PAULO – Os cartões de crédito de supermercados, postos de combustíveis, lojas de departamento e outros estabelecimentos que têm seus próprios cartões têm os juros do rotativo mais altos do mercado, aponta um levantamento realizado pela associação de consumidores Proteste.

Ainda que tenham vantagens como os descontos nos produtos adquiridos no estabelecimento e a possibilidade de parcelar a compra sem juros – e normalmente em mais vezes –, os 37 cartões analisados apresentam juros médios de 432,47% ao ano, segundo o levantamento. Em fevereiro, a média do rotativo cobrada pelos bancos foi de 333,9%, segundo o Banco Central.

A taxa do rotativo mais alta identificada pelo levantamento é de 875,25% ao ano – dos cartões Riachuelo, emitidos pela Midway, e o do supermercado Sonda, emitido pela DMD Card.

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Tais cartões se encaixam em três categorias diferentes, cujos juros e anuidade variam: private label, híbrido e co-branded. O primeiro se trata do cartão próprio da loja, que não pode ser usado em outro estabelecimento, enquanto o segundo, além desta, também tem a função de crédito; o co-branded se trata do cartão emitido por uma instituição financeira.

É importante atentar-se ao tipo do cartão oferecido ou adquirido pois, às vezes, como mostra o levantamento, a anuidade está vinculada ao uso do cartão. O Meu Cartão, das Lojas Renner, por exemplo, cobra R$ 118 de anuidade caso seja usado para compras em outros estabelecimentos; no caso de uso exclusivo na loja, a anuidade não é cobrada. Outro exemplo é o cartão Shell, operado pelo Santander: nos três primeiros meses de uso, a anuidade é isenta; depois, ela varia de acordo com os gastos da fatura.

De todos os analisados, somente quatro realmente não apresentam anuidade: o Meu Cartão da Renner, caso usado somente na loja; o Riachuelo, na mesma situação; e o Petrobras e Saraiva, esses últimos cobranded.

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Renata Pedro, da Proteste, ainda recomenda que os consumidores prestem atenção a outro detalhe antes de adquirirem um desses cartões: a possível venda casada. “Muitas lojas, ao oferecer seus cartões, colocam a disposição outros serviços, como seguro de vida – pagos, é bom esclarecer. Infelizmente, nem sempre isso acontece de forma clara. Algumas instituições simplesmente empurram esses serviços automaticamente”, explicou, reforçando ainda que a prática de venda casada é ilegal.

O InfoMoney procurou a Riachuelo para obter um posicionamento, mas não teve um retorno até o horário de publicação.

A DMCard, que administra o cartão de crédito do Supermercados Sonda, afirmou que “o Sonda, assim como qualquer outros parceiros da DMCard, não tem ingerência sobre as regras de crédito adotadas” e que os juros apresentados pela pesquisa da Proteste estão incorretos.