CONTEÚDO DO LEITOR: Qual informação que importa para o investidor brasileiro?

Confira o texto de Felipe Araujo, mestrando em Economia, enviado para a sessão do Conteúdo do Leitor

Equipe InfoMoney

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Autor: Felipe Araujo, 26 anos, mestrando em economia

Quando políticos discursam, os mercados financeiros reagem. As oscilações geradas pelas suas decisões não são a única fonte de risco, mas podem fornecem uma narrativa convincente para mexer com o ânimo dos investidores. O insumo mais importante para os investidores é a informação, a qual analistas usam para gerar narrativas convincentes para a tomada de decisão. No fim do dia, a soberania do mercado julga se a narrativa foi acertada ou não.

Sabemos que com mercados financeiros e economias globais cada vez mais conectadas, as inovações financeiras permitem não só maior eficiência na alocação de poupança, como também maior incerteza quanto a informação que impacta o preço. Quem já estudou estatística sabe do adágio “correlação não implica causalidade”. Pois é, a conectividade entre mercados e ativos globais e locais aumenta a complexidade das relações de causa e efeito, o que dificulta a tomada de decisão por parte de investidores, gestores e bancos centrais.

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Particularmente, o Brasil entre 2014 e 2016, esteve sensível às crises fiscais e políticas, ao noticiário policial com a operação “Lava-Jato”; e, também eventos de importância global como eleições americanas, política monetária expansionista nos países desenvolvidos e movimentações no mercado de commodities. Nesse contexto, responder à pergunta “Qual a informação que importa?” de maneira adequada, no Brasil, foi um desafio para analistas.

Isso se tornou evidente quando alguns especialistas passaram a indicar investimentos com base na agenda política e policial do país. Até que o analista macroeconômico de uma instituição internacional, Vladimir Signorelly, apontou que se estaria atribuindo um peso excessivo à política. Segundo ele, todos os mercados Latino-Americanos estariam fortemente correlacionados ao mercado de petróleo e “O Brasil não é uma exceção”. 

Bom, foi com o objetivo de responder aos anseios dos investidores com ferramentas estatísticas mais sofisticadas, que me reuni com os Professores Sinézio Maia, Cássio Besárria e o doutorando Diego Pitta, para elaborar o artigo “Which Information Matters to Market Risk Spreading in Brazil?” que será publicado em breve no The North American Journal of Economics and Finance.   

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A principal conclusão desse estudo foi que não só a agenda política moveu o mercado de ações no Brasil, como também as oscilações no mercado de commodities, as contínuas ações do Banco Central americano e a demanda por minério de ferro e cobre pelos chineses e americanos.

O resultado mais importante foi encontrar que o investidor internacional prefere em alguns momentos investir no mercado de petróleo e minério por meio, respectivamente, das ações da Petrobras e da Vale. Além da motivação de redução de custos, esses investidores poderiam se beneficiar do recebimento de dividendos, da facilidade de movimentar esse fluxo em vários setores e da alta correlação desses ativos com suas respectivas commodities.

Devido ao papel periférico que os mercados emergentes possuem no mercado financeiro internacional, simples movimentações de grandes fundos em busca de uma relação retorno-risco mais vantajosa podem implicar em uma fonte de risco adicional para investidores.

A consequência desses achados para os investidores é clara. A busca por informação relevante deve ser constante. No período estudado houve espaço para fazer uso de diversificação de investimentos e de instrumentos que protegessem para o pior cenário. Quem seguiu recomendações de curto prazo com base apenas nos acontecimentos em Brasília, provavelmente se expôs a mais risco do que gostaria. Para 2018, fica a lição. Tenha estratégias claras de gestão de risco e busque os melhores analistas.  

Para a academia, o problema da precificação de ativos financeiros remonta a Bachelier em sua tese “Théorie de la Spéculation” de 1900, à indagação inicial do Nobel Paul Samuelson acerca da informação nos preços de grãos e às contribuições subsequentes também premiadas que transformaram o risco de mercado de conceito acadêmico em variável crucial para tomada de decisão para os players de mercado e seus reguladores. Apesar de evoluir rapidamente, ser atual e estimulante, a agenda de estudo do gerenciamento de risco ainda enfrenta desafios. Como a dificuldade de entender a complexidade do sistema financeiro e responder qual a informação que de fato importa.

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