25% dos adultos norte-americanos 50+ acham que nunca vão se aposentar, diz estudo

A pesquisa releva ainda que 70% do grupo se preocupa com a alta mais rápida nos preços do que no aumento da renda

Maria Luiza Dourado

(Shutterstock)

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Um estudo da AARP (Associação Americana de Aposentados, na sigla em inglês) divulgado nesta quarta-feira (24) mostra que cerca de um quarto dos adultos norte-americanos com mais de 50 anos que ainda não estão aposentados esperam nunca se aposentar.

O estudo foi feito por meio de entrevistas com mais de 8.000 pessoas, em coordenação com o instituto de pesquisa NORC Center for Public Affairs Research.

A pesquisa mostra que 1 em cada 4 pessoas não tem poupança para a aposentadoria e que 70% dos pesquisados estão preocupados com o aumento dos preços (inflação) mais rápido do que o crescimento da renda.

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A pesquisa da AARP mostra que despesas do cotidiano e os custos de habitação, incluindo o aluguel e o pagamento de hipotecas (produto bancário altamente utilizado nos EUA), são as principais razões pelas quais as pessoas não conseguem poupar para a aposentadoria.

Um terço (33,3%) dos adultos mais velhos com dívidas de cartão de crédito têm um saldo superior a US$ 10 mil; 12% têm um saldo de US$ 20 mil ou mais. Além disso, 37% estão preocupados em cobrir os custos básicos de vida, como alimentação e habitação.

“Muitas pessoas não têm acesso a opções de poupança para a aposentadoria e isto, juntamente com os preços mais elevados, está deixando cada vez mais difícil escolher quando se aposentar”, diz Indira Venkateswaran, vice-presidente sênior de pesquisa da AARP. “As despesas diárias continuam a ser a principal barreira para poupar mais para a aposentadoria, e alguns americanos mais velhos dizem que nunca esperam se aposentar”.

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A porcentagem de pessoas com mais de 50 anos que afirmam não esperar se aposentar tem aumentado constantemente. Eram 23% em janeiro de 2022 e 24% em julho do mesmo ano, segundo o estudo, realizado duas vezes por ano.

“Estamos vendo uma expansão do número de trabalhadores mais velhos que permanecem no mercado de trabalho”, disse David John, consultor sênior de políticas estratégicas do AARP Public Policy Institute. Para John, isso se deve em parte ao fato de os trabalhadores mais velhos não terem poupanças suficientes para a reforma. “É um problema e é provável que continue à medida que avançamos”.

Importância dos mais velhos nas eleições dos EUA

Dados como esse são especialmente relevantes em 2024, ano de eleição, à medida que o presidente democrata Joe Biden e o rival republicano Donald Trump tentam conquistar o apoio dos americanos mais velhos, que tradicionalmente comparecem em grande número – já que o voto é facultativo nos EUA.

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Com base nas eleições para o Congresso americano de 2022, os dados do censo, divulgados na última terça-feira, mostram que os eleitores com 65 anos ou mais representavam 30,4% de todos os eleitores, enquanto as gerações Z e Y representavam 11,7%.

Uma das estratégias de Biden para conquistar os eleitores mais velhos tem sido promover regularmente um limite de preço de US$ 35 da insulina para pessoas que usam o Medicare, o programa de seguros de saúde dos EUA destinado a pessoas de baixa renda ou que tenham a partir de 65 anos. O presidente sempre pede que os agentes do Medicare negociem diretamente com os fabricantes de medicamentos o custo das medicações prescritas.

Numa entrevista à CNBC em março, Donald Trump indicou que estaria aberto a cortes na Segurança Social e no Medicare. O ex-presidente disse que “há muito que você pode fazer em termos de direitos, em termos de cortes”.

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Karoline Leavitt, secretária de imprensa da campanha de Trump, declarou posteriormente à Associated Press que Trump “continuará a proteger fortemente a Segurança Social e o Medicare no seu segundo mandato”.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.