Zoom, Netflix e outras ações desabam em dia de euforia com vacina contra coronavírus; entenda

Diferencial de desempenho de 2020 está sendo reduzido conforme aumenta o otimismo com uma profilaxia contra a Covid-19

Ricardo Bomfim

(REUTERS/Dado Ruvic)

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SÃO PAULO – Os investidores mundo afora acordaram eufóricos nesta segunda-feira (9) com a notícia de que a vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech teve 90% de eficácia nos testes (veja mais aqui). Os índices acionários dos Estados Unidos, Dow Jones e S&P 500 dispararam 2,95% e 1,17% respectivamente.

Contudo, enquanto a maioria das pessoas comemora a possibilidade de sair de casa sem culpa e sem preocupação, algumas empresas estão preocupadas com o impacto que o retorno ao antigo normal trará aos negócios.

Um dos maiores exemplos de sucesso durante a pandemia foi a companhia de videoconferências Zoom, que possibilitou reuniões de negócios em época de home-office e que amigos se vissem e conversassem sem precisar quebrar as regras de isolamento social.

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Hoje, os papéis da Zoom desabaram 17,37% na Nasdaq, a US$ 413,24. Do início do ano até a máxima, batida em 19 de outubro, a ação da Zoom chegou a registrar uma valorização de 727% em 2020.

Confira abaixo o gráfico das ações da Zoom hoje: 

Junto com a Zoom, caíram 14,71%, a US$ 197,60, as ações da Docusign, app de assinatura digital e algumas das gigantes de tecnologia da Nasdaq.

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Uma delas é a Netflix, com baixa de 8,59% (US$ 470,50), que também se beneficiou do maior tempo que as pessoas passaram em casa nos últimos meses, levando o número de assinantes de seu serviço baterem recorde histórico recentemente. Os papéis da empresa de streaming de filmes e séries caem 7,03% hoje depois de praticamente dobrarem de valor do início de março até meados de outubro.

A Wayfair, companhia de e-commerce que também ganhou notoriedade durante os períodos mais de maior pânico com a Covid-19, viu suas ações se desvalorizarem 21,85%, a US$ 235,33.

Por Dentro dos Resultados

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Mesmo no ramo de ginástica e academia há baixas hoje. A Peloton Interactive, que oferece equipamentos como esteiras e bicicletas ergométricas para uso pessoal além de aulas online de musculação, dança e outros tipos de exercícios, fechou em queda de 20,29% (US$ 100,01) hoje.

Na máxima do ano, atingida no dia 15 de outubro, o papel da Peloton chegou a se valorizar em 347,3% sobre o patamar de fechamento no ano de 2019.

A Slack Technologies, de comunicação corporativa, caiu 4,66%, a empresa de saúde digital Teladoc recuou 13,66% (US$ 177,98)% e as mais conhecidas Amazon – que se fortaleceu ainda mais no comércio eletrônico durante a pandemia – e Roku (de streaming) registraram perdas de 5,06% (US$ 3.143,74) e 12,41% (US$ 221,91) respectivamente.

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O reflexo desse movimento nas bolsas é que justamente o setor de tecnologia é o que apresenta pior performance em Nova York hoje. O índice Nasdaq, focado em ações de empresas high tech, fechou em queda expressiva de 1,53%, a 11.713 pontos.

Em movimento diametralmente oposto, as ações da Boeing dispararam 13,71% (US$ 179,36) depois de desabarem 72% do início de fevereiro até o dia 20 de março, quando foi registrado o ponto mais baixo dos mercados globais no crash do coronavírus.

Porém, as maiores protagonistas da euforia em Wall Street hoje foram mesmo as produtoras da vacina – mesmo que não tenham sido os maiores destaques de altas por lá. Pfizer subiu 7,69% (US$ 39,20)  e BioNTech teve alta de 13,91% na Nasdaq.

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Em relatório, a equipe de análise da Capital Economics destaca que o desenvolvimento de uma vacina ajuda os setores mais afetados pela pandemia como companhias aéreas, turismo, hotelaria, shoppings e varejo físico, de modo que o enorme diferencial de desempenho registrado este ano entre as ações de empresas de tecnologia e as de companhias em segmentos mais tradicionais deve se reduzir.

“Portanto, em nossa opinião, outras boas notícias sobre uma vacina levariam a uma reversão pelo menos parcial dos padrões de desempenho setorial apresentados pelos mercados em 2020”, concluem os analistas.

Em entrevista ao InfoMoney, Natalia Pasternak, pHd em Microbiologia e diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), destacou a notícia como positiva, sendo o primeiro resultado parcial de eficácia, dentre todas as vacinas que estão na fase três de testes clínicos e dando uma boa indicação de que estão no caminho certo. “Mas ainda não é o resultado final”, apontou (veja mais clicando aqui).

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.