Zeina Latif: Brasil “está no caminho certo” e BC pode surpreender nos cortes de juro

Economista-chefe da XP Investimentos destacou a importância da ancoragem da política fiscal para o processo de recuperação, mas vê riscos quanto o ambiente político em 2018

Rafael Souza Ribeiro

(Divulgação)

Publicidade

SÃO PAULO – Ancoragem da política fiscal: esse é o pilar para que o Brasil retome o crescimento nos próximos anos, afirma a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. Em evento organizado pela Amcham e Council of the Americas nesta sexta-feira (12) em São Paulo. Na visão dela, o País “está no caminho certo” e existem méritos de gestão do atual governo, mas é preciso acompanhar de perto as reformas em voga. Contudo, os avanços alcançados até o momento podem trazer “boas surpresas” no ritmo de queda da Selic.

“Podemos nos surpreender com o ritmo de corte de juro do Banco Central a fim de corrigir os erros da gestão passada”, disse Zeina durante o evento. Na última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu a taxa básica de juros em 100 pontos-base, para 11,25%. Na próxima reunião, em 31 de maio, as apostas para um corte de 125 pontos ganham cada vez mais força à medida que índices de inflação mostram desaceleração e indicadores de atividades seguem deprimidos. Lembrando que o boletim Focus do BC sinaliza que a Selic encerrará 2017 em 8,5% ao ano.

“Esse ano não vamos colher os frutos da política monetária, que serão colhidos a partir do ano que vem”, complementa a economista-chefe da XP. Ela salienta ainda o sinal de “sorte” que o Brasil recebeu do exterior, que foi a estabilização das moedas ao redor do mundo. Isso, juntamente com a previsibilidade da política fiscal, ajudou a frear o avanço dos preços e impedir uma espiral inflacionária. 

Continua depois da publicidade

2018 ainda é um risco
Sobre as eleições do ano que vem, Zeina destacou que existe bastante ruído para essa nova corrida eleitoral, o que pode frear o ímpeto de crescimento. Na sua visão, desta vez “não há espaço para populismo” e o novo presidente tem como obrigação seguir com as reformas para melhorar o Brasil.

Para ela, a questão fiscal será tema recorrente no Brasil por um longo tempo, mas temos que seguir enfrentando as dificuldades e melhorar a gestão pública, que deve ser mais eficiente para otimizar os recursos aplicados. Tudo isso abre espaço para outras reformas e crescimento.