Zamp (ZAMP3): com “poison pill” rejeitada, expectativa é por disputa acirrada entre acionistas nos próximos meses

Mubadala tem caminho livre para aumentar participação na dona do Burger King e analistas temem distração dos reais problemas da empresa

Equipe InfoMoney

Publicidade

A Zamp (ZAMP3), que opera as redes de fast food Burger King e Popeyes no Brasil, divulgou um comunicado na noite de ontem (31) mencionando que a adição de poison pill (cláusula que exige a realização de oferta pública de aquisição de ações por qualquer acionista que adquirir uma participação relevante na companhia) ao estatuto social da empresa foi rejeitada na assembleia de acionistas da empresa ontem.

O mecanismo proposto pela Mar Asset, que pedia a inclusão de uma cláusula obrigando o investidor que adquirir uma participação além de 25% da empresa a fazer uma oferta pública de aquisição (OPA) pelo restante, foi rejeitado por 57,2% dos votos dos acionistas presentes na assembleia geral extraordinária. A assembleia contou com a presença de acionistas que representam 77,2% do capital total da empresa.

Na semana passada, os papéis ZAMP3 chegaram a disparar em algumas sessões, com o Mubadala, fundo soberano do Emirados Árabes, elevando periodicamente a sua fatia na empresa, até chegar a cerca de 20%, tornando-se o maior acionista da companhia.

Continua depois da publicidade

Cabe lembrar que o Mubadala havia lançado uma oferta pública para adquirir 100% das ações da rede de fast-food por R$ 8,31 por ação no ano passado, mas a oferta acabou sendo retirada. Isso porque a detentora da marca global do BK, RBI, levantou preocupações sobre a continuidade dos acordos de franquia-mestre da Zamp para as marcas BK e Popeyes, uma vez que algumas afiliadas da Mubadala aparentemente estavam envolvidas em atividades concorrentes à RBI. Mas, desde então, o fundo árabe tem elevado a sua fatia na empresa – com a poison pill rejeitada, o caminho aponta estar mais livre para que ele eleve sua fatia na empresa.

A Ágora Investimentos destacou que, como já mencionado em nota recente, o Mudabala aumentou sua participação na Zamp para ter uma palavra sobre a introdução de cláusulas nos estatutos da empresa.

“Mais recentemente, o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos aumentou sua participação na empresa e, muito provavelmente, influenciou a decisão dos acionistas”, avalia.

Continua depois da publicidade

Os analistas reiteram ser muito cedo para afirmar se uma nova tentativa de aquisição hostil ocorrerá, mas a rejeição da poison pill deixa a possibilidade aberta.

Portanto, avaliam, a Zamp deverá enfrentar uma disputa acirrada entre os acionistas nos próximos meses. “Continuamos cautelosos com relação à melhoria operacional, pois esse novo desenvolvimento pode ser uma distração para a administração em meio a uma estratégia de recuperação”, aponta a casa, que possui recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 7.