Zamp (ZAMP3): com força do Mubadala e temores sobre governança, analistas projetam turbulência para ações

Companhia informou que seus ativos passarão a ser listados no Segmento Básico da Bolsa a partir do dia 10 de janeiro

Lara Rizério

Burger King/Zamp (Foto: Reuters)

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O ano de 2024 começou amargo para os acionistas da Zamp (ZAMP3), operadora no Brasil das redes Burger King e Popeyes. As ações caíram mais de 19% na sessão da véspera com duas notícias após Assembleia Geral Extraordinária (AGE): a aprovação da saída do Novo Mercado, o mais alto nível de governança da B3. Nesta sexta, a companhia informou que seus ativos passarão a ser listados no Segmento Básico da Bolsa a partir do dia 10 de janeiro.

As mudanças sinalizam a maior força do Mubadala na companhia depois de uma tentativa frustrada de aquisição em 2022. Agora com 39,57% do capital da Zamp e com a retirada da companhia do Novo Mercado, o mercado especula o futuro da operadora do Burger King no país sob controle do fundo. Com essas especulações ganhando força, analistas de mercado seguem cautelosos e esperam volatilidade para a ação, à espera dos próximos desdobramentos e de uma estratégia mais clara para a empresa.

O Bradesco BBI reforça que a saída do Novo Mercado e a renúncia de importantes conselheiros confirmam a força da fundo árabe, em um movimento iniciado em 23 de agosto. Cabe ressaltar que o o presidente do Conselho de Administração Marcos Grodetzky e o conselheiro Ricardo Schenker Wajnberg renunciaram aos seus cargos, com Renan Andrade e Leonardo Yamamoto, ambos do Mubadala, eleitos para substituí-los.

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Consequentemente, a Zamp deverá fazer mudanças nas prioridades estratégicas nos próximos meses. O anterior grupo de controle concentrou-se na redução de despesas e na aceleração da geração de caixa, enquanto a estratégia do Mubadala parece consistir em acelerar o crescimento, tanto orgânico como inorgânico, de acordo com as especulações de mercado.

“Por enquanto, mantemos nossa postura conservadora em relação às ações, pois ainda existem incertezas em relação à estratégia de crescimento, às expectativas de geração de caixa e à reestruturação da gestão”, avalia o BBI, que mantém recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 6.

O JPMorgan, por sua vez, segue com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, ou equivalente à compra) para os papéis, mas também projeta volatilidade no curto prazo.

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Para os analistas do banco, a saída do Novo Mercado sugere a possibilidade de dupla classe de ações para a empresa (que poderia ser utilizada para M&A), enquanto também suscitou preocupações do lado da governança, ao mesmo tempo em que a saída dos conselheiros e incorporação de executivos da Mubadala ao colegiado provavelmente sinaliza espaço para as potenciais mudanças que têm sido fonte de preocupação para o mercado.

“Enquanto esperamos por mais visibilidade ao redor da estratégia futura e a probabilidade de crescimento inorgânico para a empresa, vemos um período de alta volatilidade para as ações, pois enxergamos um movimento negativo geral em termos de governança geral para a empresa. Por outro lado, vemos o Mubadala como um bom apoio financeiro para apoiar planos futuros e uma nova visão sobre a implementação das principais iniciativas estratégicas para a empresa”, avalia o JPMorgan.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.