Yduqs X Cogna: qual gigante da educação se saiu melhor na temporada do 3T24?

Ambas as empresas mostram sinais de recuperação no trimestre, mas com desempenhos distintos: enquanto a Yduqs teve crescimento no lucro e margens, a Cogna reverteu prejuízos do ano passado

Murilo Melo

Publicidade

Duas gigantes do setor de educação, Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), apresentaram resultados financeiros contrastantes no terceiro trimestre deste ano (3T24), com ambas as empresas mostrando sinais de recuperação, mas com desempenhos distintos. Enquanto a Yduqs registrou um expressivo crescimento no lucro líquido e na margem Ebitda, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, a Cogna conseguiu reverter prejuízos do ano anterior em termos ajustados, com um aumento potente no Ebitda e receita líquida estável, segundo balanço financeiro divulgado pelas companhias na quinta-feira (7).

A análise do Itaú BBA sobre o desempenho da Cogna aponta estabilidade na receita líquida da companhia, apoiada pelo crescimento nas operações de ensino a distância e no segmento KrotonMed. No entanto, a Saber e a Vasta, de acordo com os analistas, apresentaram resultados mais fracos, o que limitou o avanço consolidado da Cogna.

A Kroton, segmento central da empresa, diz o BBA, destacou-se pela expansão das margens e redução da dívida, mas a Vasta sofreu com a queda de receitas não-recorrentes e aumento de despesas operacionais.

A Genial Investimentos, por sua vez, afirma em relatório que a Cogna apresentou um trimestre sólido, com ganhos expressivos em eficiência e lucratividade. Para os estrategistas da corretora, a Kroton mostrou-se essencial para o desempenho positivo da companhia, com receitas de R$ 940 milhões (+13,3% ano a ano) e uma expansão de margem Ebitda para 35,8%, um crescimento de 6,4 pontos percentuais.

Outro ponto de destaque no balanço financeiro da Cogna, conforme a Genial, é o retorno à lucratividade. No 3T24, a empresa registrou um lucro líquido ajustado de R$ 32,8 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 44,1 milhões no 3T23. Esse resultado, apontam os analistas, foi impulsionado por um melhor controle sobre as despesas financeiras, alcançado por uma estratégia de gestão de passivos que ajudou a reduzir o custo médio da dívida e a alavancagem, que caiu para 1,58x dívida líquida/Ebitda — o menor nível em 22 trimestres.

No entanto, assim como o BBA, a Genial sublinha que a Vasta e Saber enfrentaram dificuldades, com uma queda de 14,6% e 28,6% na receita, respectivamente. A corretora afirma que esses segmentos, sensíveis a contratos sazonais e ao setor governamental, continuam a ser áreas de atenção para a empresa.

Continua depois da publicidade

Yduqs tem dificuldade em aumentar receita

A Yduqs enfrenta dificuldades para expandir suas receitas, segundo relatório do Morgan Stanley. O banco destaca no documento que, embora a companhia tenha melhorado suas margens e mostrado avanço em gestão de caixa e despesas, o crescimento sustentável a longo prazo continua limitado por desafios no aumento de matrículas e retenção de alunos.

Os analistas observam que a captação de alunos no ensino digital caiu 19% em comparação ao ano anterior, resultado que reflete uma queda na base de estudantes e limitações no aumento dos preços. O segmento de ensino presencial, analisa o banco, também teve desempenho modesto, com queda de 2% após fortes expansões em semestres anteriores. Enquanto isso, o segmento premium, impulsionado pelo Ibmec e por cursos de medicina, foi o destaque positivo, registrando um crescimento de 10% na base de alunos de graduação.

O Morgan Stanley considera que a Yduqs conseguiu reduzir suas despesas com juros graças a uma estratégia de gestão de passivos que incluiu a redução de spreads. O desempenho abaixo da linha do Ebit foi positivo, segundo o banco, com a empresa mostrando maior eficácia na cobrança de recebíveis e multas, o que ajudou a melhorar o capital de giro e o fluxo de caixa, mesmo com a receita operacional mostrando poucos avanços.

Continua depois da publicidade

Apoiados por dados do 3T24 da companhia, os analistas projetam que, apesar das dificuldades de captação e dos preços em queda no ensino digital e presencial, o cenário de recuperação pode melhorar em 2025, desde que novas restrições não surjam. Afirmam ainda que a linha premium deve continuar como ponto forte, embora o ritmo de aumento de preços exija atenção para não comprometer a atratividade dos cursos.

A perspectiva geral dos especialistas é de que a Yduqs precisa de um plano mais claro para garantir o crescimento da receita e reduzir a evasão estudantil. Para o banco, a empresa apresenta esforços promissores para melhorar o lucro líquido e a geração de caixa, mas o cenário de longo prazo depende de uma base de alunos mais sólida e de uma recuperação sustentável nas matrículas e preços médios.

Crescimento modesto no lucro líquido

O Bradesco BBI diz que o balanço da Yduqs mostra que a empresa teve um desempenho neutro e alinhado às expectativas do mercado no 3T24. O relatório aponta que, embora o lucro líquido tenha superado as previsões em 18%, a receita apresentou apenas um crescimento modesto de 1% em relação ao ano anterior, como já era esperado pelo banco. Em destaque, a recomendação de classificação permanece Outperform, com um preço-alvo de R$14, indicando um potencial de valorização de 35%.

Continua depois da publicidade

Os principais pontos de atenção, elenca o BBI, incluem a queda inesperada nas matrículas de ensino a distância e presencial. Quanto ao último, o BBI reconhece que a demanda na receita total aumentou, mas, ainda assim, as novas matrículas desse segmento também ficaram abaixo do ideal.

A margem Ebitda ajustada, por sua vez, apresentou leve melhora de 0,6 pontos percentuais, alcançando 36,6%, apesar de contingências que reduziram a margem em um ponto percentual. Esse desempenho ainda foi 0,4 pontos percentuais abaixo do esperado pelo banco. No entanto, o Fluxo de Caixa Livre para o Acionista (FCFE) teve um destaque positivo, somando R$285 milhões, ligeiramente superior à estimativa de R$270 milhões e bem acima dos R$135 milhões registrados no terceiro trimestre do ano passado.

Em relação à competitividade no setor, o Bradesco BBA demonstra preferência por outras empresas educacionais, como a Cogna (COGN) e a Ânima (ANIM). A Yduqs está sendo negociada a um índice preço lucro de 8,7 vezes para 2025, enquanto a Cogna apresenta um índice de 7 vezes, e a Ânima, de 6,6 vezes. Esse comparativo reforça que, embora a Yduqs apresente potencial de alta, concorrentes oferecem uma atratividade maior em termos de avaliação e momentum.

Tópicos relacionados