Bancos revisam projeções para ações que figuram entre maiores altas e baixas do Ibovespa em 2023: as recomendações de destaque

Enquanto o Itaú BBA reiterou manutenção para Yduqs, segunda maior alta do Ibovespa, BBI reforçou compra para Assaí, maior queda do índice no ano

Felipe Moreira

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Diversas recomendações ganharam destaque na sessão desta quarta-feira (7) pré-feriado.

Em destaque, o Itaú BBA revisou as avaliações para ações de diversos setores. O banco manteve recomendação neutra para Yduqs (YDUQ3), segunda maior alta do Ibovespa no ano, mas elevou preço-alvo, assim como para a Cogna (COGN3). O banco também revisou estimativas para B3 (B3SA3) e Smart Fit (SMFT3).

Já o Bradesco BBI reforçou recomendação equivalente à compra para as varejistas de alimentos Assaí (ASAI3), maior queda do Ibovespa em 2023, e Carrefour Brasil (CRFB3).

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O JPMorgan, por sua vez, revisou o setor de autopeças, reiterou preferência por Marcopolo (POMO4), elevou Randoncorp (RAPT4)  para equivalente à compra e cortou Metal Leve (LEVE3) para equivalente à venda, inclusive puxando alta de cerca de 5% de RAPT4, enquanto LEVE3 caía cerca de 1% e POMO4 subia um pouco mais de 1% na reta final do pregão desta quarta.

Confira os destaques de recomendação na sessão desta quarta:

Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3)

Apesar do início de ano positivo para o setor de educação, o Itaú BBA manteve avaliação market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) tanto para Cogna (COGN3) quanto para Yduqs (YDUQ3), pois acredita que o ambiente macroeconômico incerto ainda pode limitar o desempenho dessas empresas no segmento presencial no curto prazo.

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O preço-alvo de Cogna passou de R$ 3 para R$ 3,50, enquanto o preço-alvo de Yduqs saiu de R$ 11 para R$ 18.

O BBA destacou que ambas empresas reportaram resultados positivos no 1T23, liderados pelo sólido crescimento da admissão em cursos de graduação de aprendizagem digital, sendo o destaque positivo a dinâmica saudável dos tickets.

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“Apesar do ambiente macroeconômico desafiador, elas conseguiram registrar aumentos de ingressos em todos os segmentos, incluindo as verticais de aprendizado presencial e digital”, comenta BBA. “O desempenho positivo da receita também levou a uma expansão significativa da margem para as unidades de negócios de graduação.”

Com relação ao FIES, analistas comentaram que preferem não assumir nenhum impacto em suas estimativas, pois as possíveis mudanças (tamanho do programa, critérios de elegibilidade, se incluiria cursos EAD ou não, etc.) ainda são muito incertas para poder estimar o seu impacto potencial.

Carrefour (CRFB3) e Assaí (ASAI3)

O Bradesco BBI, por sua vez, reiterou sua preferência por Carrefour Brasil (CRFB3) e o Assaí (ASAI3) no setor de varejo de alimentos, com classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra). O preço-alvo de Carrefour caiu de R$ 19 para R$ 16 e do Assaí de R$ 19 para R$ 17.

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Embora ainda existam riscos de execução relacionados à integração de fusões e aquisições do Carrefour Brasil e incertezas sobre a alavancagem relativamente alta do Assaí, o BBI mantém sua visão de que os dois principais players continuarão a liderar o mercado brasileiro de varejo de alimentos.

A visão otimista sobre o Carrefour Brasil é suportada por: “(i) líder de mercado no longo prazo devido à presença do Atacadão (cash & carry, ou atacarejo) e combinação de formatos de lojas e unidades de negócios; ii) estrutura de capital mais equilibrada: R$ 960 milhões de emissão de dívida e R$ 1,1 bilhão em caixa referente ao sale lease-back de 5 CDs/5 lojas; e iii) potencial negativo limitado suportado por nossa análise de sensibilidade”, comentam analistas do BBI.

Para o Assaí, o Bradesco BBI pontua três fatores principais de longo prazo que provavelmente pesarão sobre o preço da ação da companhia nos próximos meses: (i) risco excessivo da participação remanescente de 11,7% do Casino na empresa, como o bloqueio para o último a oferta secundária termina no dia 15 de junho (havendo rumores na semana de que haveria venda da participação); (ii) competição acirrada e inflação de alimentos em desaceleração; e (iii) incertezas sobre a alavancagem da empresa, que no 1T23 atingiu 2,8 vezes dívida líquida/Ebitda excluindo IFRS-16, mas incluindo o pagamento restante de R$ 2,7 bilhões ao GPA.

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Smart Fit (SMFT3)

O Itaú BBA manteve recomendação equivalente à compra para Smart Fit e elevou preço-alvo de R$ 19 para R$ 26, o que representa um potencial de 34% de valorização e negociando a um múltiplo de 18 vezes o preço sobre o lucro (P/L) esperado para 2024.

Segundo o banco, a elevação foi motivada pelo fato da companhia ser o principal player de academias de ginástica na América Latina, consolidando sua posição durante a pandemia, gera caixa e possui uma baixa alavancagem, além da empresa se beneficiar dos cortes nas taxas de juros por ser um call de longa duration (sensível à taxa de juros).

B3 (B3SA3)

O Itaú BBA comentou que o humor do mercado no Brasil melhorou claramente ultimamente e a B3 é uma ótima escolha para se ter em uma carteira, com espaço para uma revisão em alta das estimativas e múltiplos de lucro.

“A melhora da dinâmica de receita da empresa será acompanhada por despesas controladas, conforme evidenciado em seus resultados do 1T23”, destaca relatório.

Segundo estimativas do BBA, o crescimento do lucro recorrente da B3 deve acelerar em 4% em 2023 e 15% em 2024.

Em termos de múltiplos, a B3 está negociando a 15 vezes Preço/Lucro para 2024, um desconto significativo em relação à sua média histórica e à média global. Diante disso, esta lacuna historicamente encolheu com a queda das taxas de juros de longo prazo no Brasil e o impulso de lucros mais forte.

O BBA mantém rating outperform para B3, com novo preço-alvo de R$ 17 por ação, ainda deixando upside de 18% frente ao preço de fechamento da última terça-feira (6).

Marcopolo (POMO4), Randoncorp (RAPT4) e Metal Leve (LEVE3)

No Segmento de auto peças, a Marcopolo (POMO4) segue sendo a principal escolha do JPMorgan, apesar da previsão de um segundo trimestre mais fraco do que o primeiro trimestre, já que as projeções de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2023/2024 estão 10%/20% acima do consenso, refletindo potenciais novos pedidos provenientes do programa Caminhos da Escola, e a posterior recuperação no mercado de ônibus, onde os volumes em 2024 podem crescer em taxas de dois dígitos.

Apesar da alta de 75% das ações no ano até a véspera em relação ao Ibovespa, que subiu 4%, o JPMorgan vê a empresa sendo negociada a um múltiplo EV/Ebitda de 6 vezes para 2023, 41% abaixo da média histórica (5 anos).

Já Randoncorp (RAPT4) teve recomendação elevada para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), refletindo a melhoria no sentimento em relação a empresas com foco doméstico, devido ao aumento do PIB do Brasil e ao forte setor agropecuário, além de um valuation atrativo com 30% de desconto em relação aos níveis históricos e internacionalização e diversificação dos negócios, reduzindo a volatilidade dos lucros.

Por fim, o JPMorgan rebaixou a recomendação para ações da Metal Leve para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda). O corte na recomendação é justificado por: i) forte desempenho da ação nos últimos 30 dias, com alta de 33%; ii) valuation relativamente caro, com a ação sendo negociada a 6 vezes o EV/Ebitda em comparação com a média dos últimos 5 anos de 6,7 vezes, um desconto de apenas 4% em relação à média do setor de 20%; e iii) potencial limitado de valorização em relação ao preço-alvo de dezembro de 2023, de R$ 42,00.