XP recomenda compra de ação da Vivara com preço-alvo de R$ 30, de olho em expansão das lojas

Fortalecimento da marca jovem Life e capilaridade levam a crer que a vantagem sobre as concorrentes só tende a aumentar

Ricardo Bomfim

(divulgação)

SÃO PAULO – A XP Investimentos iniciou a cobertura da Vivara (VIVA3) nesta terça-feira (19), passados 40 dias desde o início das negociações na B3 e 39 desde a Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês).

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A corretora recomendou compra para as ações da joalheria, com um preço-alvo de R$ 30,00 até o fim de 2020 (confira a análise completa clicando aqui). Esse valor representa um potencial de alta de 25,4% sobre o patamar de fechamento desta segunda-feira (18).

Em relatório, os analistas Mariana Vergueiro e Pedro Fagundes ressaltam que a Vivara se consolidou como a maior varejista de jóias no Brasil, com R$ 1,4 bilhão em vendas anuais em 2018 e uma fatia de mercado (market share) de 10%. Além de 240 lojas e outros pontos de venda físicos, a empresa conta com uma plataforma de e-commerce que responde por 6,5% das vendas totais.

Suas principais concorrentes são a H.Stern, que conta com 44 lojas, market share de 2% e faturamento de R$ 220 milhões em 2018, Monte Carlo (40 lojas, share de 1,2% e receita de R$ 130 milhões) e a dinamarquesa Pandora (98 lojas e receita de R$ 256 milhões).

Hoje com os R$ 2,3 bilhões que levantou com o IPO, a Vivara estaria capitalizada o bastante para colocar adiante seu plano de abrir novas lojas em todo o País com investimento próximo de R$ 400 milhões, aponta a equipe da XP.

Dona de uma fábrica própria na Zona Franca de Manaus, a companhia é uma das únicas do setor que conta com um processo verticalizado de produção, o que garante a vantagem competitiva sobre as demais. Dentre as rivais, a H.Stern é a única cujo modelo de atuação é semi-verticalizado.

A XP destaca também que a marca é muito reconhecida e bem posicionada, somando produtos de qualidade, design e custo-benefício atrativo para os consumidores, que possuem dois tipos de perfil: o público de alta renda, acostumado a comprar ouro e jóias; e pessoas jovens e descoladas que se identificam com os produtos de prata da marca Life by Vivara, de preço médio mais baixo, porém margem bruta superior às jóias feitas com ouro (82% contra 65%).

Nos próximos anos, a empresa planeja expandir lojas exclusivas da Life, que hoje tem seus produtos majoritariamente comercializados em áreas específicas das lojas da Vivara. Assim, pode atrair ainda mais os jovens que não são atraídos pela marca principal.

Movimento errático, mas boas perspectivas

Com tudo isso a seu favor, o investidor que acompanhou o primeiro mês de negociação das ações pode não entender por que os papéis VIVA3 apresentaram um desempenho tão errático, com leve queda de 0,29% desde o dia 1 na Bolsa.

Nesse sentido, o que pesam são os múltiplos da empresa, que refletem o quanto os investidores que entraram no IPO estavam otimistas com o futuro da joalheria. O valor de mercado da Vivara dividido pelo lucro da companhia está em 22 vezes, um prêmio muito mais generoso que o oferecido para a média do setor, de 26 vezes.

Para a equipe da XP, apesar do preço atual ser elevado, ainda assim é um bom ponto de entrada diante dos objetivos ambiciosos da empresa. “Esperamos que o plano de abertura de 514 novas lojas até 2024 sustente um crescimento robusto por mais tempo”, escrevem Mariana e Fagundes.

Os analistas projetam um crescimento médio anual de 23% nas vendas, além de 26% no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) e outros 26% no lucro líquido para os próximos três anos.

A rentabilidade também deve ser sólida, de modo que o retorno sobre o capital investido (Roic, na sigla em inglês) – indicador obtido através da divisão do lucro operacional menos impostos pelo capital total investido da empresa (passivo mais patrimônio líquido) – esperado pela corretora é de 30% em 2023.

Todavia, a XP enxerga dois riscos principais na tese de investimento em Vivara. O primeiro é a possibilidade de que haja problemas na execução do plano de abertura de novas lojas e o segundo é a valorização de 20% no preço do ouro nos últimos 12 meses. O aumento no valor da matéria-prima das jóias pode comprimir margens, comprometendo a lucratividade do negócio.

Sobre as lojas, a preocupação inicial era de que não existisse espaço nos shoppings existentes para concretizar o plano de abrir 238 novas lojas Vivara, 219 lojas Life e 57 quiosques.

“Nossa análise sugere que existem 214 shoppings no Brasil em que a companhia pode abrir uma loja da marca Vivara. Por esse motivo, considerando o plano de expansão de 238 novas lojas até 2024, não vemos o espaço disponível nos shoppings como um problema, especialmente porque as lojas são geralmente pequenas (apenas 90 m²).”

A preocupação que resiste é a de que a abertura das Lojas Life canibalize as vendas dos produtos dessa linha dentro das unidades da Vivara, embora seja verdade que o reconhecimento e fortalecimento da Life seja prejudicado no modelo atual de venda dentro da marca mãe.

Já com relação ao ouro, os temores giram em torno da importância do metal dentro do balanço da empresa, representando cerca de um terço dos custos de mercadorias. No primeiro semestre do ano, a margem bruta da Vivara caiu 2,1 pontos percentuais devido à alta na cotação do ouro desde novembro de 2018.

O que pode mitigar esse impacto é a verticalização da Vivara, que como os analistas lembram, permite que o tempo da criação até a distribuição de uma joia não passe de quatro meses.

“Isso permite uma melhora no tempo de colocação no mercado, oferecendo coleções mais modernas e atualizadas. Também permite que a empresa repasse com mais facilidade um potencial aumento de custos para os consumidores, através da chegada recorrente de produtos de novas coleções nas lojas”, aponta o research.

Na prática, isso significa que todas as joalherias sofrem com a alta do ouro, mas a Vivara tem um poder de preço maior por poder trocar as coleções com maior frequência. Ao fim e ao cabo, essa vantagem permite mitigar qualquer impacto negativo nas margens, embora não possa anulá-lo.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.