XP inicia cobertura de Boa Safra Sementes com recomendação de compra e vê potencial de alta de 32% para ação

Com agronegócio mais tecnológico, demanda aquecida e alta da inflação, analistas veem boa oportunidade de investimento com papéis, negociados com desconto

Mariana Zonta d'Ávila

Plantação de soja em Mato Grosso (Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

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SÃO PAULO – A XP iniciou nesta sexta-feira (30) a cobertura das ações da Boa Safra Sementes (SOJA3) com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 18, o que implica potencial de alta de 32% ante o fechamento de quinta (29).

Os analistas apontam que a ação está sendo negociada a 4,6 vezes o valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) para 2022, o que representa um desconto em relação ao múltiplo-alvo da casa, de 7,3 vezes.

Em relatório, a XP escreve que o agronegócio brasileiro vem se tornando cada vez mais tecnológico, seja pelo uso de novas técnicas de plantio e máquinas mais inteligentes, como pelo uso de sementes de maior qualidade.

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Segundo a casa, esse processo deve continuar se aperfeiçoando nos próximos anos diante de uma demanda em crescimento e alta de preços gerando inflação.

Diante disso, Boa Safra é um dos nomes para se posicionar neste cenário, sendo a empresa a mais preparada, segundo a XP, para capturar essa oportunidade criada pelo avanço da adoção de tecnologia no campo.

“Entendemos que a empresa conta com diferenciais estratégicos relevantes, como seu modelo leve em termos de ativos, sua integração na cadeia de produção, seu alto nível tecnológico, além da base de clientes diversificada”, escreve a XP.

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Entre os principais destaques da tese de investimento, os analistas citam que a Boa Safra possui uma estrutura operacional pouco complexa, favorecendo a construção de novas plantas e, consequentemente, o crescimento orgânico da companhia.

Ao mesmo tempo, o setor de processamento de sementes é bastante fragmentado, composto por pequenas empresas espalhadas pelo país. Isso permite que empresas maiores e mais capitalizadas, como a Boa Safra, tenham facilidade para realizar fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) – crescendo de forma inorgânica.

Outra justificativa para a recomendação, segundo a XP, é a de que há no Brasil um grande potencial para a adoção de sementes mais tecnológicas, que aumentam a produtividade da lavoura.

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Enquanto nos EUA mais de 80% das sementes já são tratadas com Tecnologia de Tratamento Industrial de Sementes (TSI), escreve a casa, por aqui esse número é inferior a 10% – um oceano azul em termos de demanda para a Boa Safra.

Os analistas esperam ainda que a empresa seja capaz de negociar rebates mais interessantes nos royalties cobrados pelas multinacionais de genética, dado que a Boa Safra vem expandindo sua capacidade produtiva e sua participação de mercado.

De olho em oportunidades, a XP destaca que a Boa Safra está focada hoje em sementes de soja, seguindo um determinado padrão sazonal, mas que pode expandir sua atuação para outras sementes, inclusive milho, e mitigar a sazonalidade do seu negócio, criando mais estabilidade ao longo do ano.

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“Entendemos que o mercado potencial da Boa Safra para sementes de soja deve continuar a crescer rapidamente, apesar da questão das sementes salvas. O crescimento da área de plantio de soja no Brasil, conforme estimativas da CONAB, em conjunto com o aumento dos investimentos em produtividade da lavoura no país devem impulsionar os resultados da SOJA3, na nossa visão”, escreve o time de análise.

As sementes “salvas” de soja são aquelas separadas após uma produção e guardadas para serem utilizadas na próxima safra. Os analistas explicam que no Brasil, “salvar sementes” é permitido, enquanto em países como os EUA, não.

Já entre os principais riscos para a tese de investimento, a XP destaca o risco de eventos climáticos; de integração com parceiros comerciais – dado que a empresa não produz diretamente suas sementes –; de consolidação de mercado; do ciclo de commodities, com preços que variam a nível internacional; e risco das sementes salvas, que não são compradas de empresas de processamento de sementes, mas que hoje ainda representam um pequeno percentual do total usado para plantio no Brasil.

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A Boa Safra, que abriu seu capital recentemente na Bolsa brasileira (em abril), tem queda de 1,8% na B3 no ano desde então, ante alta de 3,8% do Ibovespa no período. Nesta sexta, os papéis fecharam o pregão em alta de 2,12%, a R$ 13,94.

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