WEG (WEGE3) cai 2,5% após saltar 18% em 5 sessões; BBA vê mudança de prioridade no mercado e reitera visão neutra para ação

Além de ver uma busca maior por ativos mais arriscados, analistas também destacaram projeção de desaceleração do crescimento

Equipe InfoMoney

WEG (Divulgação: Linkedin)

Publicidade

Após cinco sessões de ganhos e uma alta acumulada de 18,15% neste período, as ações da WEG (WEGE3) registraram queda no pregão desta terça-feira (25). Os papéis WEGE3 fecharam com baixa de 2,50%, a R$ 40,50.

Em relatório, os analistas do Itaú BBA atualizaram as suas estimativas para WEG após os resultados do segundo trimestre, com um novo preço-alvo de R$ 46 (ou potencial de valorização de 11% em relação ao fechamento de segunda) para WEGE3 ao fim de 2024, maior do que os R$ 44 projetados para o fim de 2023, mas seguindo com recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para os ativos.

Conforme apontam os analistas da casa, apesar do bom desempenho da ação nos últimos dias, a ação segue com um desempenho abaixo do mercado desde que rebaixaram a recomendação para neutra, no início de maio.

Continua depois da publicidade

“Seguimos acreditando que o potencial de valorização no curto/médio prazo pode ser limitado e que a assimetria parece desfavorável diante de uma possível desaceleração nas vendas, contração das margens (rentabilidade) e maior alíquota efetiva de imposto de renda”, avalia a equipe de análise.

Segundo eles, a combinação destes fatores os levou a estimar um crescimento de lucro de 0% a 5% em 2024, o que implica um indicador preço em relação ao lucro (P/L) de 30 vezes (ou 27 vezes considerando nosso cenário mais otimista).

“Por fim, à medida que os juros continuam caindo, os investidores podem continuar a buscar nomes mais arriscados ao invés de mais defensivos, como a WEG”, apontam os analistas.

Continua depois da publicidade

Eles citam ainda que as vendas, de fato, desaceleraram em relação à média dos últimos anos, mas a companhia segue crescendo a um ritmo de dois dígitos. Dito isso, o avanço crescente foi baseado em produtos de ciclo longo, cujas ordens foram colocadas em alguns trimestres passados quando a demanda estava mais aquecida. Além disso, a companhia vem sinalizando um desempenho mais duro que o esperado no negócio de painéis solares e uma demanda volátil para produtos de ciclo-curto.

Um outro ponto destacado é a rentabilidade surpreendente, mas que está próxima de mostrar sinais de fraqueza.

” Há alguns trimestres, o mercado vem esperando uma queda nas margens da companhia, o que não se concretizou. No entanto, a empresa reconhece que os atuais níveis não se perpetuarão. Os preços dos produtos devem cair em algum momento, de acordo com as commodities, e os segmentos de menor rentabilidade (como painéis solares) devem voltar a crescer em algum momento, prejudicando o mix”, avalia.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, o BBA lembra que a Lei 14.596 estabeleceu um novo marco regulatório para preços de transferência no Brasil, o que provavelmente levará a uma redução no benefício fiscal que a WEG explora através de sua subsidiária na Áustria.

“Historicamente, essa estrutura permitiu à companhia reduzir sua alíquota em cerca de 10 pontos porcentuais (p.p.) e a WEG espera que as novas regras limitem este benefício a 5 pontos.

Os desafios levam a um cenário atípico para a WEG: 2024 deve apresentar o segundo menor crescimento de lucro dos últimos 13 anos.

Continua depois da publicidade

O banco ainda vê as prioridades do mercado estão mudando. “Quando o mercado desandou, os investidores buscaram refúgio em nomes defensivos como a WEG. No entanto, os céus estão clareando e o apetite por risco voltou a crescer, o que reduziu o interesse pela ação da companhia. Acreditamos que esta tendência poderá continuar predominando, enquanto os juros estiverem em queda, o que parece ser o cenário mais provável”, conclui.