WEG (WEGE3): ação está cara ou segue atrativa em meio a riscos domésticos? Analistas se dividem após balanço

Mais céticos com papel destacam maior "acomodação" das margens no trimestre e valuation esticado, enquanto otimistas ressaltam perfil defensivo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após os resultados do terceiro trimestre, as ações da WEG (WEGE3), especializada na fabricação de motores e outros tipos de máquinas, chegaram a operar em alta de até 2,95% na sessão desta quarta-feira (27), mas diminuíram o ímpeto e passaram a operar com leve queda durante a tarde, fechando em queda de 1,16%, a R$ 39,20.

A companhia registrou lucro líquido de R$ 812,9 milhões no terceiro trimestre de 2021, crescimento de 26,2% em relação ao mesmo período de 2020 e, 4% acima do consenso de mercado enquanto que, em termos de receita líquida, refletiu um desempenho positivo tanto no mercado, com destaque positivo para o segmento de geração, transmissão e distribuição de energia (GTD).

Para o Credit Suisse, os dados são positivos, contemplando os principais pilares de sua tese de investimento por meio de um ritmo forte de crescimento e retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) em níveis altos, de 31%.

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Porém, alguns números não foram tão bem recebidos pelos analistas.

Para analistas do Bradesco BBI, as despesas financeiras e custos de produção foram maiores que o esperado no trimestre. Mesmo assim, o BBI descreve um desempenho sólido da empresa em mercados externos, com ganhos de participação de mercado.

O BBI reduziu o preço-alvo da WEG de R$ 44 para R$ 41, e reiterou recomendação neutra, por conta dos múltiplos elevados do ativo.

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Cabe destacar que a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) ficou em 18,5%, leve contração de 1 ponto percentual na base anual, refletindo a pressão de custo de matérias-primas,, pior mix (margens do negócio de geração eólica abaixo da média da empresa) e câmbio desfavorável.

Em relatório, o Itaú BBA destaca: “antecipamos que esses fatores continuem pesando sobre as margens, um efeito algo esperado, mas também observamos que o aumento dos preços das commodities desbloqueou investimentos em setores-chave para a WEG, contribuindo para sua carteira de pedidos nos próximos trimestres”.  Os analistas ainda destacam que, após resultados constantemente batendo as expectativas do banco, finalmente a WEG apresentou um balanço em linha com o esperado por eles.

Já sobre o ROIC de 31,3%, ligeiramente abaixo dos 32,2% no segundo trimestre de 2021, mas acima dos 23,3% registrados no terceiro trimestre de 2020, os analistas do banco ressaltam que os dois últimos dados foram beneficiados pelos resultados pontuais positivos relacionados à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS.

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“Além da margem pressionada, notamos um aumento no capex (despesas de capital), de 34% no trimestre, portanto, monitoraremos a evolução do ROIC daqui para frente”, avalia o BBA. O banco tem recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado) para o papel, com preço-alvo de R$ 46, também destacando o valuation esticado, mas avaliando que há oportunidades de crescimento.

Mais otimista, o Credit Suisse ressaltou que a empresa manteve seus altos índices de retorno sobre o capital investido e margens saudáveis, apesar do aumento de custos.

Os analistas apontam que, apesar da recente deterioração do cenário macroeconômico brasileiro, a operação local foi um dos destaques do trimestre, com as vendas suportadas principalmente pela recuperação da atividade industrial do país e pela conclusão de projetos ligados às linhas de transmissão. A atuação internacional também se manteve forte, com a WEG se beneficiando da recuperação da atividade industrial e do aquecimento da demanda nos segmentos de mineração, óleo e gás e água e esgoto.

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“Continuamos vendo a WEG como uma ação defensiva e de alto crescimento, tendo em vista sua exposição e expansão nos mercados internacionais e as condições econômicas e políticas do Brasil”, apontam, seguindo com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 46.

Na mesma linha, a XP reiterou recomendação de compra para o papel, reforçando seu perfil defensivo em meio a riscos domésticos no Brasil.

De acordo com o consenso Refinitiv, de 15 casas que cobrem o papel, 7 recomendam compra, 5 recomendam manutenção e 3 recomendam venda, com preço-alvo médio de R$ 43,24 para o ativo.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.