WEG: rentabilidade e bom posicionamento para transformação em energia animam, mas analistas seguem vendo ação como cara

Resultados, mais uma vez, vieram sólidos, mas valuation esticado da companhia segue sendo uma questão para analistas

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Com um forte desempenho da ação em 2020, mas com uma performance morna em 2021, a fabricante de equipamentos WEG (WEGE3) lucrou R$ 764,2 milhões no primeiro trimestre, valor 74% superior frente os R$ 440 milhões em igual período de 2020.

Entre os fatores para alta, a melhora da demanda do mercado externo, o crescimento da receita no mercado interno e a variação de quase 23% do dólar frente ao real, que teve efeitos na receita obtida no exterior.

A receita, por sua vez, subiu 37%, a R$ 5,07 bilhões. A maior parte do faturamento (54%) teve como origem o mercado doméstico; o aumento foi de 38,4% com maior venda de produtos de equipamentos de ciclo curto — de menor porte e fabricados em série.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

No mercado interno, o destaque ficou para a boa demanda pelos produtos de ciclo curto, sendo os segmentos de mineração e infraestrutura os principais destinos para estes produtos, puxados pelo andamento da recuperação da atividade econômica iniciada no segundo semestre do ano passado, ainda que a passos lentos. Já no segmento de geração, transmissão e distribuição de energia (GTD), registrou alta de 24,2% na base de comparação anual, com este se mantendo como responsável por boa parte do crescimento reportado da companhia.

No mercado externo, houve recuperação da demanda de equipamentos de ciclo curto, porém de forma ainda morosa, não atingindo ainda os volumes negociados pré-covid. A demanda por equipamentos de ciclo longo, apesar de volátil nos últimos trimestres, tem apontado sinais de recuperação, com uma melhora significativa na entrada de pedidos de projetos ao final do 1T21. O segmento de GTD avançou em 42,9% na comparação anual, com destaque para o bom desempenho nas operações nos Estados Unidos, México e Índia.

Em destaque, a métrica de rentabilidade medida pelo Retorno sobre Capital investido (ROIC) acumulado nos últimos 12 meses ainda mostrou evolução de 7,5 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre, atingindo 28,2% no período.

Continua depois da publicidade

Na avaliação da Levante Ideias de Investimentos, os resultados vieram sólidos, com crescimento de receita, melhora das margens operacionais, ganhos de escala e eficiência na alocação de capital, acima das expectativas para em termos de Ebitda e lucro líquido.

Além do balanço, a WEG ainda registrou uma sólida posição de caixa líquido de R$ 2,7 bilhões, destaca a Levante, mostrando-se fortemente capitalizada para futuros empreendimentos.

“Os bons resultados reportados ainda reforçam a expectativa de que esta continue colhendo os frutos de sua diversificação de áreas de negócio e exposição a diferentes mercados, mostrando resiliência a eventos externos”, destacam os analistas da casa de research.

Continua depois da publicidade

Como principais catalisadores para as ações da companhia, eles citam a continuidade do ciclo de investimentos no segmento industrial brasileiro e o consequente crescimento de receitas e lucros em taxas elevadas.

Após o resultado, o Bradesco BBI elevou o preço-alvo da ação WEGE3 de R$ 82 para R$ 85, mas seguiu com recomendação neutra para os ativos.

Vale ressaltar, contudo, que os acionistas da companhia aprovaram o desdobramento de ações de um para dois, com o objetivo de ampliar o acesso de investidores às ações emitidas pela companhia, assim como aumentar a liquidez das ações e diversificar sua base acionária. Assim, com o desdobramento, o target do BBI corresponde a R$ 42,50, ou um potencial de valorização de 15% em relação ao fechamento da véspera.

Publicidade

“Nossa recomendação neutra ocorre principalmente devido ao valuation esticado da ação WEG. No entanto, reconhecemos que os resultados financeiros são sólidos e há perspectivas positivas para GTD nacional e ganhos potenciais com soluções para a indústria 4.0”, avaliam.

Os analistas do banco destacaram no final da última semana que a companhia poderia ser beneficiada com os planos de investimentos de diversos países em energia limpa. Citando os compromissos adotados durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, a previsão é de investimentos em energias renováveis e aceleração da eletrificação dos veículos.

“A WEG está bem posicionada para se beneficiar dessa transformação no Brasil, Estados Unidos, Europa e também na Índia. Nesse sentido, a WEG começou a investir em geração eólica na Índia ainda em 2017. Alinhada à essa nova realidade, o plano de investimentos da empresa para 2021 de R$ 1 bilhão
inclui R$ 620 milhões a serem implantados na WTU (WEG Transformers USA), México, China e Índia”, apontaram.

Continua depois da publicidade

Assim, a companhia tem mercado para crescimento, ainda que muitos analistas sigam céticos sobre até onde ela pode ir na Bolsa. Segundo compilação feita pela Refinitiv com casas de análise que cobrem a ação, cinco delas possuem recomendação de compra, quatro de manutenção e cinco de venda, mostrando divisão dos analistas sobre a precificação dos ativos, a despeito de uma visão que segue otimista para a empresa.

Tal divisão pode ser sentida no desempenho dos papéis na B3 na sessão desta quarta: na máxima do dia, os papéis WEGE3 chegaram a subir 5%, refletindo os bons números da empresa, mas fecharam em queda de mais de 1%, com os investidores questionando se o desempenho superior da companhia já não está precificado nos ativos.

Aprenda como ganhar dinheiro prevendo os movimentos dos grandes players. Na série gratuita Follow the Money, Wilson Neto, analista de investimentos da Clear, explica como funcionam as operações rápidas.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.