Viveo (VVEO3): ação “pouco conhecida” ganha destaque no setor de saúde e analistas recomendam compra; o que justifica otimismo?

Instituições financeiras acreditam que a avaliação da empresa do setor de saúde continua muito atrativa e apontam pontos positivos com sinergias

Felipe Moreira

Viveo (Foto: Divulgação)

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A ação da Viveo (VVEO3), fabricante de medicamentos e materiais médicos, acumulou ganhos de 25,60% no acumulado do ano até o fechamento da véspera, ante avanço de 8,51% do Ibovespa.

Mesmo tendo superado o desempenho do benchmark da Bolsa em 17 pontos percentuais no período, cada vez mais analistas têm destacado visão positiva para a empresa, consolidaram o valuation atrativo e as boas perspectivas para a empresa.

Segundo cálculos do Bradesco BBI, as ações da empresa distribuidora de produtos médicos negociam a um múltiplo de 12 vezes Preço/Lucro (P/L) esperado para 2024 contra 15 vezes para grandes distribuidores dos EUA, apesar do crescimento mais forte esperado para os lucros em 2025 (31% contra 8%) e 18 vezes para prestadores de serviços de saúde no Brasil (43% contra 31% do Viveo).

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O BBI também destaca que o recente esclarecimento do Supremo Tribunal Federal (STJ) de que os benefícios fiscais do ICMS podem ser isentos do cálculo do imposto de renda de acordo com a Lei Complementar 160/2017 pode ajudar a aumentar o lucro líquido da da companhia (por exemplo, em +9% em 2024 se assumirmos o imposto benefício reconhecido como subvenção aumenta em 1pp para 2,5% da receita).

A equipe de research do banco classificou a Viveo como: (i) resiliente (por exemplo, entregando um crescimento de receita orgânico consistente de 13-14% nos últimos quatro anos, que esperamos continuar em 2023-24) e (ii) sendo um veículo lucrativo no setor de saúde (ROIC, ou retorno sobre o capital investido, de 20% – desconsiderando o ágio 2024, assumindo uma taxa de imposto de 34% em vez de 13%); (iii) com forte potencial de crescimento a partir da consolidação do mercado (por exemplo, 20% de market share na distribuição) e entrada em outros segmentos relacionados, aproveitando seu sólido relacionamento com hospitais e fabricantes.

Já o Santander acredita que ações da Viveo deva continuar a ter um desempenho acima da média do mercado, à medida que a empresa expande gradualmente a margem Ebitda (Receita sobre Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e melhora a dinâmica do capital de giro, levando a uma desalavancagem orgânica, passando de uma relação dívida líquida/Ebitda ajustado de 2,7 vezes no 1T23 para 1,7 vez no final do ano de 2023.

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O banco também ressalta que a avaliação está em um nível razoável, sendo negociada a um múltiplo de P/L ajustado de 10,5 vezes em 2024. Além disso, o banco observa que a liquidez continua limitada, impedindo muitos investidores de participarem dessa história interessante, e continua a aplicar uma penalidade de liquidez de 200 pontos-base à sua taxa de desconto.

Com relação ao futuro, analistas do Santander esperam que a Viveo continue a ganhar participação de mercado organicamente nos diversos segmentos de cuidados de saúde em que atua. A empresa possui um amplo mercado endereçável de R$ 244 bilhões, dos quais eles estimam que a companhia participe de aproximadamente R$ 91 bilhões até 2023.

Para Goldman Sachs, a avaliação do papel da Viveo ainda parece razoável, com um múltiplo Preço/ Valor da Firma ajustado de 17 vezes/10 vezes para o final de 2023 e 2024, respectivamente.

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A equipe de research do Goldman também revisou para cima as estimativas para o Ebitda ajustado da operadora de saúde para o final de 2023 e 2024, com base em uma perspectiva mais positiva de crescimento e lucratividade para os próximos trimestres.

“Além de vermos a empresa aumentando as recentes aquisições/novas verticais, também observamos um ambiente competitivo mais favorável”, diz o Goldman Sachs, em relatório.

O banco americano ainda comenta que Viveo está bem posicionada para continuar entregando um crescimento orgânico de dois dígitos baixos na receita, à medida que desenvolve várias agendas, como: “i) divisão de nutrição dentro da unidade de negócios de serviços (ou seja, Famap, Life, Nutrifica e Pro-Farma), que tem sido muito procurada por clientes institucionais e possui margens acima dos níveis consolidados (cerca de 40% de margem bruta, de acordo com a empresa), ii) maior penetração nos produtos OPME (Órteses, Próteses e Materiais Especiais), iii) expansão adicional no segmento de medicamentos oncológicos”.

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O Itaú BBA, por sua vez, continua a ver a companhia como uma história de investimento menos sujeita a incertezas no segmento de saúde por seus resultados consistentes. No entanto, após a integração de aquisições, revisou suas estimativas de margem (rentabilidade) ligeiramente para baixo, mas espera que os ganhos relacionados à sinergia compensem um pouco a pressão.

A XP, por sua vez, recentemente elevou seu preço-alvo para as ações da Viveo de R$ 22,30 para R$ 28,60 (potencial de valorização de 41% em relação ao fechamento da véspera), e reiterou sua recomendação de compra. Os analistas ressaltam que a empresa continua a ser uma das melhores combinações de crescimento de receita de dois dígitos com expansão de lucratividade.

A companhia, além de integrar aquisições, mostra opcionalidades positivas, uma vez que pode continuar explorando novos negócios e consolidando a indústria, com potencial de expansão do negócio de distribuição de órteses, próteses e materiais especiais. Os analistas da XP dizem que a Viveo está em uma boa posição para continuar ganhando fatia de mercado e entregar crescimento em todas as verticais, ante a fragilidade de concorrentes.

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“Analisando o crescimento robusto de lucros que a empresa deve apresentar nos próximos anos, consideramos que a ação está sendo negociada abaixo de seu múltiplo justo. Mantemos a nossa visão positiva em relação à ação e a temos entre as nossas principais preferências dentro da nossa cobertura do setor de saúde”, apontam.

O Bradesco BBI reiterou classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações da Viveo, com preço-alvo passando de R$ 23 para R$ 27 (upside de 33%). O Santander manteve avaliação outperform e elevou preço-alvo de R$ 23,80 para R$ 25,10 (upside de 2450. O Goldman Sachs também manteve recomendação equivalente à compra e elevou preço-alvo de R$ 26 para R$ 28 (alta de 38% frente o fechamento da véspera). O BBA reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 27.

Histórico da companhia

A distribuidora de produtos médicos foi fundada em 1996 pela família Mafra, que hoje controla o negócio juntamente com a família Bueno, fundadora do grupo Amil.

A empresa, cujo nome oficial é CM Hospitalar e tem sede em Ribeirão Preto (SP), surgiu com foco em exportação e importação de medicamentos.

A partir de 2017, o seu crescimento foi acelerado por meio de aquisições, incluindo o grupo de higiene pessoal Flexicotton, e empresas como Biogenetix, Vitalab, Byogene, de produtos hospitalares; além de uma fatia da Far.Me, de farmacoterapia. A lista de compras incluiu ainda a fabricante de vacinas Tecnocold e a de fraldas e descartáveis Cremer.

A operação de abertura de capital foi realizada em agosto de 2021 e captou recursos de R$ 1,9 bilhão para investir em crescimento e para aquisições, além de permitir que sócios no negócio vendam participações. Desde o IPO, as ações acumulam leves ganhos de 5,80%.

A Viveo tem avançado bastante na agenda de M&As através das aquisições da Daviso, FW, Profarma Specialty, Cirúrgica Mafra, Tecno4, Pointmed, Apijã, Laborsys, Macromed, Medcare, BEMK e Azimute Med, LIFE, FAMAP, Pro Infusion, PHD e Nutrifica.