Vibra anima, Ultrapar frustra e ações reagem: os dois lados das distribuidoras no 1T

Ipiranga é responsável por resultados abaixo do esperado para Ultrapar; Santander rebaixou nome após balanço

Camille Bocanegra

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O setor de distribuição de combustível teve dois nomes de peso reportando seus resultados na noite de ontem. Enquanto Vibra (VBBR3) superou o consenso com bons números e multiplicação de lucro por 10 vezes, a Ultrapar (UGPA3) decepcionou o mercado com margens mais baixas que o esperado na Ipiranga.

Os papéis das duas empresas refletiram os dados divulgados na quinta-feira. Os ativos da Ultrapar fecharam com queda de 6,34% a R$ 25,10. Já a Vibra conseguiu fechar com leves ganhos de 0,86%, a R$ 23,59, após chegar a cair em um dia de aversão ao risco no mercado.

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A XP considerou, no balanço da Ultrapar, como principais destaques negativos o lucro abaixo das expectativas (ainda que seja feita a ressalva de que as projeções eram elevadas) e o consumo de caixa como elevado. Além disso, a corretora destaca que a dívida líquida teve avanço em relação trimestre anterior, pela dinâmica de capital de giro, e o cenário não deve se alterar positivamente nos próximos trimestres.

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Para Vibra, a surpresa positiva veio do lucro líquido, em especial por ganhos não recorrentes com créditos fiscais e ganhos de capital. Ainda que a dívida líquida tenha aumentado por investimentos em capital de giro em estoque, ao contrário da Ultrapar, a XP considera que isso será revertido nos próximos trimestres. A corretora ressalta que há alguns pontos a serem observados nos próximos balanços, como o baixo gasto de capital (capex, em inglês), a diminuição de número de postos de serviço e os volumes de venda.

Para o Itaú BBA, a Ultrapar apresentou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) abaixo da estimativa em 4%. A “vilã” do balanço foi Ipiranga, que apresentou a margem Ebitda muito abaixo tanto das expectativas o banco quanto do consenso.

A Ultragaz, nesse cenário, se apresentou como destaque positivo, com margem Ebitda 6% acima da estimativa, com expansão na comparação trimestral. O banco antecipou que a reação do mercado seria negativo, ainda que considere os números como neutros e classifique o nome como “market perform” (performance de mercado, similar à neutro).

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As margens melhores que o esperado surpreenderam positivamente o BBA, que considerou também que os números poderiam impulsionar as ações. Além disso, a contribuição da Comerc, da qual a Vibra tem participação, foi considerada, uma vez que a companhia reportou um Ebitda de R$ 113 milhões.

Santander rebaixa UGPA3


Os resultados apresentados pela Ultrapar foram responsáveis pelo rebaixamento da companhia pelo Santander, de compra para neutro, com preço alvo estabelecido em R$ 30 (dos R$ 34 anteriores) para o final de 2024. A análise destacou que os números decepcionaram e desapontariam também investidores, além de apontarem para tendência de piores números para Ipiranga no futuro. A UGPA3 apresentaria, ainda, avaliação muito elevada e ausência de catalisadores que pudessem trazer altas para o papel.

Já sobre o balanço da Vibra, o Santander considera que a companhia aproveitou melhor os chamados “ventos favoráveis para o setor de distribuição de combustíveis”. A expectativa é que ainda é que os próximos trimestres de 2024 sejam tão positivos quando o primeiro, que o banco considerou que refletiu as condições de mercado favoráveis.

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Mesmo com o fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) negativo em cerca de R$ 200 milhões por inventários mais elevados, a visão do Santander é positiva e o banco aguarda a normalização no próximo balanço a ser divulgado. O EBITDA se apresentou mais forte que o esperado e o resultado, em linhas gerais, foi considerado sólido. O banco reafirmou a classificação de outperform (desempenho superior, similar à compra).