Veja os 6 eventos que explicam a 1ª queda do Ibovespa em 4 semanas

Índice perdeu os 51 mil pontos e voltou aos patamares pré-Carnaval em semana recheada de drivers políticos e econômicos

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Fevereiro e o Carnaval realmente acabaram para a Bolsa. Na primeira semana de março, o Ibovespa caiu 3,11%, perdendo o patamar de 50 mil pontos atingido no dia 13 do mês passado. Também foi a primeira semana de queda depois de 4 altas. Em 5 dias marcados por inúmeros indicadores, tensões políticas entre o governo e o Congresso, decisão de taxa do Copom (Comitê de Política Monetária) e uma aproximação cada vez maior do tão temido aumento de juros nos Estados Unidos, a Bolsa indica que março será um mês turbulento e que os bons ventos encontrados em fevereiro podem estar prestes a mudar de direção. 

Veja os 6 eventos que marcaram a semana na Bolsa:

1. Renan devolve MP
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, distanciou-se de vez do legado do seu predecessor, Guido Mantega, ao acabar com as desonerações realizadas naquela gestão. A medida que visava aumentar a receita do governo com tributação, no entanto, acabou ameaçada pela disputa política entre PT e PMDB no Congresso. O presidente do Senado, Renan Calheiros, devolveu a proposta da Medida Provisória 669 ao Planalto, forçando a presidente Dilma Rousseff (PT) a criar um decreto e um projeto de lei urgente para as desonerações. O mal-estar aumentou os temores de que o ajuste fiscal proposto por Levy seja comprometido pela situação de precária governabilidade que a presidente possui no momento.   

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2. BCE anuncia início do QE
O Banco Central Europeu finalmente estipulou uma data oficial para o início do programa de estímulos baseado na compra de ativos dos 19 países da zona do euro. Será na semana que vem, no dia 9. Pelo programa, o BCE comprará 60 bilhões de euros mensais em títulos para aumentar a quantidade de dinheiro disponível na economia da região. A medida se assemelha ao chamado “Quantitative Easing” realizado pelos Estados Unidos após a crise econômica de 2008.   

3. Copom faz o esperado
Como esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária elevou a Selic em 50 pontos-base, para 12,75% ao ano na última reunião. Com a inflação correndo bem acima do teto da meta do governo e a desvalorização do real, associados ao aumento do risco-país, a novidade ficou por conta da possibilidade de um alongamento no ciclo de aperto monetário iniciado em outubro. Algumas casas de análise já precificam uma taxa básica de juros a 14% para conter a inflação e a crise de confiança. Adiciona-se a isso, o aumento do risco político, que põe em cheque os ajustes de Levy e coloca ainda mais pressão na política monetária. 

4. Emprego nos EUA e juros
O emprego nos Estados Unidos veio acima das estimativas do mercado e isso derrubou as bolsas internacionais. Tudo por que ficou mais perto do que nunca o aguardado e temido aumento de juros da maior economia do mundo pelo Fed. Aumentando a rentabilidade dos ativos mais seguros do mundo, a fuga de capitais de ativos de risco, principalmente em países emergentes como o Brasil parece inevitável. A taxa de desemprego na maior economia do mundo caiu de 5,7% para 5,5%, com a criação de 295 mil novas vagas ante uma estimativa de 240 mil. Não bastasse este indicador, o presidente do Fed de Richmond e um dos membros votantes do Fomc (Federal Open Market Comittee), disse querer que o banco central norte-americano eleve os juros em junho. 

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5. IPCA a 7,7%
A inflação confirmou a alta quase desenfreada depois do reajuste dos preços administrados como tarifas de transportes e energia elétrica, na divulgação desta sexta-feira (6), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Foi registrado um avanço de 1,22% em fevereiro após alta de 1,24% em janeiro. Com isso, o índice em 12 meses já chega a 7,7%, bem acima do teto da meta do governo de 6,5% ao ano. O crescimento do nível de preços foi o maior desde 2005. 

6. China a 7%
Apesar do número ainda impressionar quando comparado com as taxas de crescimento dos demais países do mundo, a projeção do governo chinês de que o PIB (Produto Interno Bruto) da segunda maior economia do mundo, crescerá 7% em 2015 foi negativa para os mercados internacionais. Isso porque o país em questão foi a locomotiva do avanço global na última década, crescendo a taxas de 10% ao ano e puxando para cima os preços de commodities. A previsão atual é a menor em 11 anos e confirma que esta locomotiva está em franca desaceleração. 

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