Vale (VALE3): produção fica abaixo da meta no ano, mas analistas mantêm projeções de bons resultados para mineradora

Ações, contudo, registram queda, também em um dia de baixa para o minério de ferro

Felipe Moreira

Minério de ferro da Vale (Agência Vale)

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A mineradora Vale (VALE3) divulgou na terça-feira (31) seu relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2022 (4T22) e do acumulado do ano. Os números de produção de minério de ferro ficaram ligeiramente abaixo da sua meta anual, totalizando 308 milhões de toneladas (Mt), ante meta de 310 milhões.

Os números divulgados para a produção de minério de ferro finos da mineradora, porém, vieram em linha com o esperado pela Genial Investimentos, consolidando um trimestre fortemente afetado por maior incidência de volumes pluviométricos, e entregando uma produção de minério de ferro em 80 milhões no 4T22, ante 82 milhões estimados pela corretora.

“Mesmo com os contratempos naturais pela sazonalidade, a comparação ano a ano ainda demonstra os obstáculos da Vale em aumentar sua produção, principalmente por motivos relacionados à lentidão de licenças ambientais”, comenta  a Genial, em relatório. “Com a divulgação de um guidance para 2023 já refletindo essa dificuldade, mantendo a meta estável (310-320 milhões de toneladas), ainda assim a companhia conseguiu somar 308 milhões de toneladas ao longo de 2022, chegando bem próximo da meta para esse ano.”

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Segundo analistas da Genial, as fortes vendas de um trimestre de queima de estoque, atreladas a uma melhor realização de preços por conta do aumento do provisionado, deve resultar em números fortes para a Vale no 4T22.

Na mesma linha, o Morgan Stanley aponta que a queda na produção versus o 3T22 foi impulsionada por chuvas sazonalmente mais altas, processo de licenciamento mais lento no Sistema Norte e manutenção planejada nos Sistemas Norte e Sudeste.

Apesar da queda da produção, os analistas do banco projetaram um aumento de 4% em relação à estimativa do banco para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Vale no 4T22, devido aos maiores embarques de minério de ferro, cobre e níquel e maior prêmio realizado do minério.

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O Itaú BBA se diz confortável com sua previsão de Ebitda de US$ 5 bilhões para mineradora no 4T22, mesmo com os volumes de venda de minério de ferro (finos + pelotas) ficando um pouco abaixo do esperado.

De forma geral, analistas do BBA avaliaram os dados da mineradora como neutros para ações, uma vez que a produção sequencialmente mais fraca de níquel e cobre devido a paradas para manutenção no 4T22, foram compensadas por vendas sequencialmente mais fortes para ambos os metais devido às vendas de estoque.

Já o Credit Suisse destacou que a taxa de produção de níquel de Sudbury foi a mais alta desde o segundo trimestre de 2019 (2T19), o que é um bom presságio para o primeiro semestre de 2023 (1S23).

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A XP Investimentos, por sua vez, classificou a prévia operacional da Vale como ligeiramente negativa, “mas bons preços devem salvar o trimestre”. Analistas da instituição financeira afirmam ainda gostarem da história da longo prazo da Vale, mas o rali recente em minério de ferro os deixa um pouco mais cautelosos no curto prazo. No momento, a XP optou por manter classificação de compra para ações da mineradora.

Para o Bradesco BBI, os números de produção e embarque de minério de ferro no 4T22 ficaram em linha com as expectativas, enquanto os prêmios ficaram um pouco acima da projeção do banco. Olhando para o futuro, a Vale manteve sua orientação de produção de minério de ferro para 2023 de 310-320 milhões de toneladas, o que analistas veem como favorável para a dinâmica entre oferta e demanda do minério de ferro.

Já segundo destaca a Levante, a Vale vinha desapontando em seu desempenho operacional nos últimos trimestres, até apresentar uma recuperação no 3T22, tornando possível o atingimento de seu guidance para o ano. “Porém, o 4T22 foi novamente abaixo do esperado, o que deve trazer alguma desconfiança do mercado com relação às projeções da companhia
para 2023”, aponta.

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A casa ressalta ainda que, em seu último Vale Day, realizado em dezembro, a empresa mudou o tom, reconhecendo que os problemas enfrentados foram maiores do que o esperado, e que o foco da organização passou a ser valor, e não volume.

Com isso, a meta de atingir produção de 400 Mt em 2030 foi descontinuada, passando a ser de 360 Mt, um número
mais “atingível”. Porém, o destaque principal desta estratégia é o teor de ferro vendido, que deve passar de 62,3% em 2022 para cerca de 64% e a produção de pelotas e briquetes, que deve chegar a 100 Mt. Com esse foco, e a expectativa de prêmios mais elevados ao longo do tempo, a companhia espera maximizar o retorno aos acionistas.

“Mudando a estratégia, acreditamos que o mercado passará a dar um foco maior aos prêmios e à produção destes produtos de maior valor agregado, diminuindo a “pressão” sobre o número bruto de minério produzido pela organização. Além disso, a entrada da Cosan (CSAN3) em seu conselho deve trazer um sócio com grande expertise operacional, o que deve ser bem recebido pelo mercado”, aponta.

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O BBI manteve recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para Vale, com preço-alvo de US$ 23 por ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York).  O BBA também reiterou avaliação outperform para Vale e preço-alvo de US$ 18 por ADR.

Já o Morgan Stanley manteve classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os papéis da Vale e preço-alvo de US$ 20 por ADR.

A Genial Investimentos, por sua vez, optou por rebaixar as ações da mineradora de compra para neutro, mas elevou preço-alvo de R$ 95 para R$ 105, incorporando o novo cenário de curva do minério de ferro, deixando o papel com um upside de 11,10%.

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Cabe destacar que, nesta quarta, as ações registravam queda de 2,44%, a R$ 92,20, às 10h40 (horário de Brasília), em uma sessão de baixa também para o minério de ferro.