Vale tem três notícias negativas e uma positiva na sessão pré-balanço; por que ação subiu?

Expectativa por resultados fortes, minério ainda a patamares altos e queda recente do ativo abrindo oportunidade estavam entre os motivos

Lara Rizério

Logo da Vale (Foto: Divulgação)

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A sessão desta quinta-feira (22) foi de ganhos de cerca de 1% durante boa parte do pregão para as ações da Vale (VALE3), antes da divulgação de seu resultado trimestral após o fechamento do mercado, com agentes também atentos a eventuais notícias relacionadas ao comando da mineradora. Os ativos subiram 1,07%, a R$ 67,22.

Na noite da véspera, a companhia informou sobre a suspensão de sua licença para operar a mina do Sossego, em Canaã dos Carajás, da subsidiária Vale Metais Básicos. Nesta manhã, informou sobre a suspensão da licença da mina Onça Puma. Outra notícia negativa foi que, na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou o dia com queda de 1,49%, equivalente a US$ 124,26 a tonelada. Por outro lado, uma notícia positiva: a Vale anunciou parceria com a Anglo American no complexo Minas-Rio.

Com três notícias positivas no radar da Vale e uma negativa, o que leva as ações a operarem em alta em boa parte do pregão?

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Para Alexandre Pletes, head de Renda Variável na Faz Capital, a expectativa por números fortes do quarto trimestre e a recente queda das ações da mineradora (que acumula perdas de 13% no ano) levam a uma sessão de ganhos. Além disso, aponta, mesmo com a queda do minério, ele segue na casa dos US$ 125, patamar visto ainda como positivo para a mineradora.

Os investidores também ponderam o impacto da suspensão das licenças no Pará para os números da Vale, que não seria tão grande, apesar de acrescentar ruído para os ativos.

A mina de Sossego produziu 66.800 toneladas de cobre em 2023, configurando a sua segunda maior mina de cobre da Vale em termos de produção, atrás apenas de Salobo, também localizada no Pará, segundo dados do relatório de produção trimestral da empresa publicado no mês passado. O relatório da Vale não apresenta dados individuais de produção em Onça Puma, apenas informou que a produção de níquel na mina diminuiu caiu 5,2 mil toneladas no quarto trimestre ante o anterior, “uma vez que as operações estão suspensas para a reforma do forno”, com conclusão prevista para o primeiro trimestre deste ano.

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“Estimamos que em 2023, as duas operações contribuíram com cerca de US$ 240 milhões de Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações ou amortizações], ou 1% do nosso Ebitda estimado para o ano passado”, aponta o JPMorgan. O banco avalia que, financeiramente, este valor parece ser bem pequeno, mas acrescenta ruído a uma história já bastante poluída por questões não operacionais no passado recente. Porém, avalia que seria “comprador” das ações em qualquer movimento de fraqueza, mantendo assim recomendação equivalente à compra para os ativos. .

Por outro lado, houve a notícia positiva de assinatura de acordo com a Anglo American para adquirir 15% de participação no complexo Minas-Rio e estabelecer uma parceria no ativo, em operação que contará com recursos de minério de ferro da companhia brasileira do depósito de Serra da Serpentina.

O negócio envolve um desembolso de caixa de US$ 157,5 milhões, sujeito a ajustes da dívida líquida e à variação do capital de giro na data do fechamento. Um ajuste no valor de pagamento será realizado para a Anglo American ou Vale, dependendo da variação do preço do minério de ferro.

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Segundo comentário do Itaú BBA, o acordo é “pequeno, mas estrategicamente positivo”.

“Em nossa opinião, esta transação está alinhada aos esforços da Vale para melhorar a qualidade média de seu portfólio, dada a alta qualidade do material produzido pela Minas Rio (pellet feed)”, disseram os analistas, acrescentando que ativo Serpentina, que será cedido à Anglo American, não era um projeto próximo a ser desenvolvido pela Vale.

“Portanto, na nossa opinião, parece ser uma decisão estrategicamente acertada rentabilizar esse ativo. O impacto da operação no desembolso de caixa e na alavancagem é insignificante”, comentou o Itaú BBA em relatório.

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A Vale seria responsável por 15% do investimento futuro, que provavelmente incluiria aportes na logística, seja em um mineroduto ou um ramal ferroviário mais curto para conectar à ferrovia, segundo o banco de investimento.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.