Usiminas (USIM5): balanço supera projeções com mineração, mas reação do mercado é tímida

Durante teleconferência, diretores voltaram a pedir taxas maiores de importação de aço no Brasil

Vitor Azevedo

Funcionário trabalha em forno da Usiminas em Ipatinga, Minas Gerais - REUTERS/Alexandre Mota

Publicidade

O balanço da Usiminas (USIM5) , divulgado nesta sexta-feira (9), surpreendeu positivamente o mercado, com os principais números vindo acima do consenso. Contudo, a reação do mercado foi morna, com as ações oscilando entre leves ganhos e perdas: às 11h11 (horário de Brasília), os ativos tinham leve variação positiva de 0,32%, a R$ 9,43.

Como destaque, analistas mencionaram a performance do braço de mineração da companhia e também uma melhora da margem do – ainda combalido – braço de siderurgia.

A receita líquida da Usiminas ficou em R$ 6,8 bilhões, acima do consenso de R$ 6,3 bilhões da LSEG. O Ebitda [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] ficou em R$ 625 milhões, ante R$ 16,9 milhões projetados. O lucro líquido foi de R$ 838,8 milhões, sendo que o consenso era de prejuízo de R$ 121,7 milhões.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“A principal razão para a superação veio do negócio de mineração, onde o Ebitda de R$327 milhões superou o nosso consenso em 30,8%, impulsionado por volumes e preços maiores que o esperado, mais do que compensando os custos caixa mais altos”, diz o time de analistas do JP Morgan, liderados por Rodolfo Angele.

A superação, de acordo com eles, foi uma combinação de preços mais altos que o esperado, com a Usiminas vendendo minério 1,84% mais caro do que as projeções, e por volumes mais altos que o esperado. Os volumes alcançaram 2,38 milhões de toneladas no trimestre, ficando 13,5% acima da projeção do JP.

No entanto, o time também menciona que a divisão de aço surpreendeu positivamente. As siderúrgicas brasileiras vêm sofrendo, já há algum tempo, por conta do aumento da importação de aço chinês, que tem preços mais baixos.

Continua depois da publicidade

Durante a teleconferência de resultados, realizada também hoje, os diretores da Usiminas voltaram a cobrar o governo, inclusive, por maiores taxas sobre o aço importado. “Expectativa é que o governo coloque taxas que ofereçam isonomia, porque, claramente, o mercado está prejudicado. Estamos perdendo empregos industriais. Há uma concorrência com produtos subsidiados”, disse Marcelo Chara, diretor executivo (CEO).

Fora isso, eles mencionaram um ganho de rentabilidade após a reforma do Alto Forno 3 – sendo que a Usiminas esperar ver mais resultados da planta agora no primeiro trimestre de 2024.

“Alto Forno 3 continua em ramp up. Fora isso, anúncios recentes de investimentos de montadoras, novo PAC e queda dos juros nos mantém otimistas para a operação no Brasil. Temos expectativas positivas para 2024″, disse o CEO.

Continua depois da publicidade

O JP Morgan, já no quarto trimestre, defendeu ter enxergado os os números da frente de aço como “melhores do que o esperado”. “No entanto, a divisão continua a enfrentar dificuldades e postou novamente um Ebitda negativo de R$ 42 milhões”, comenta oque, no entanto, via um prejuízo operacional maior, de R$ 168 milhões. Eles, porém, também enxergam melhoras para a Usiminas nos próximos trimestres nesta frente, com o fim da reforma do Alto Forno 3.

Ainda quanto a rentabilidade futura, os diretores pontuaram que em fevereiro a Usiminas elevou em cerca de 6% o preço do aço para as distribuidoras, com o reajuste já tendo sido “totalmente implementado” – o que deve ajudar a empresa a conseguir uma margem Ebitda positiva para o seu segmento de aço já a partir do próximo trimestre.

O time do Bradesco BBI foi na mesma linha, mencionando a performance de aço melhorando, mas destacando também a orientação de capex da Usiminas, de R$ 1,9 bilhão, abaixo do projetado. 

Publicidade

O Itaú BBA, que previa investimentos de R$ 2,1 bilhões para 2024, apontou que o número projetado melhora suas perspectivas de geração de fluxo de caixa livre. No geral, o banco aponta que o resultado foi melhor do que o esperado, ainda que mantendo recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para USIM5, com preço-alvo de R$ 9,50. Já a equipe de análise do BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para USIM5, com preço-alvo de R$ 11,50.