Últimos dias antes do abismo fiscal trazem apreensão aos mercados

Obama deve se reunir com líderes do Congresso nesta sexta-feira para tratar sobre o assunto; mercados europeus operam no vermelho

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – O fim do ano se aproxima e o rumo do mercado continua sendo ditado pelo mesmo assunto: abismo fiscal. Em meio ao impasse entre republicanos e democratas norte-americanos para chegar a um acordo, o prazo vai chegando cada vez mais próximo do final, o que acaba se refletindo em aversão ao risco nas principais bolsas do mundo. Os políticos norte-americanos têm até a próxima segunda-feira (31) para chegar a um acordo, o que, se não ocorrer, pode levar o país a uma recessão ao ter que adotar um pacote automático de corte de gastos e aumento de impostos.

Um sopro de esperança, porém, começa a chegar nas praças financeiras: na noite de quinta-feira (27), a Câmara dos Deputados norte-americana informou que realizará uma reunião no domingo, às 21h (horário de Brasília) para tentar chegar ao tão esperado acordo para salvar o país do “fiscal cliff”. Já nesta sexta-feira (28), o presidente norte-americano Barack Obama se reunirá com os líderes do Congresso para tratar sobre o assunto.

A primeira notícia animou os investidores na véspera, fazendo com que as bolsas norte-americanas fechassem com queda próxima de 0,1% – vale mencionar que elas chegaram a cair quase 1% no decorrer do dia. Importante ressaltar que a notícia veio após o fechamento da BM&FBovespa, o que pode garantir um começo de dia positivo para o mercado brasileiro. Na última sessão, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, encerrou o dia com queda de 0,89%, completando seu terceiro pregão seguido no vermelho.

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No entanto, todo cuidado é pouco. No decorrer da semana, o líder do Senado norte-americano, Harry Reid, já demonstrou bastante ceticismo ao afirmar que o país está caminhando firme rumo ao abismo. Sobre a notícia, a Moody’s já avisou que isso não deve fazer com que o rating dos EUA seja rebaixado.

Mudança no compulsório
Não é porque as atenções se voltam totalmente para os Estados Unidos que o noticiário brasileiro não ganha importância. Por aqui, o Banco Central enviou uma circular na véspera informando que permitirá às instituições financeiras com patrimônio de referência mínimo de R$ 6 bilhões que deduzam até 20% de seus compulsórios de depósitos à vista com empréstimos para setores privilegiados da economia. 

Com isso, o BC pretende injetar até R$ 15 bilhões na economia, a atual taxa de compulsórios está em 44%. A circular já está em vigor. Alguns setores deverão ser beneficiados com essa decisão: ônibus e caminhões, empresários do setor de transporte terrestre, bens de capitais, programas de emergência, energia elétrica, setor rural, micro e pequenas empresas voltadas para exportação, empresas que buscam inovações tecnológicas, inovadoras, de peças, partes e componentes, engenharia e de transformação. A circular surte efeitos a partir do final de janeiro do ano que vem, informa o BC.

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PIB francês: revisado para baixo
Na agenda de indicadores, o destaque fica com a França, que viu o seu PIB (Produto Interno Bruto) final do terceiro trimestre ser revisado para 0,1% de expansão – a leitura inicial indicava crescimento de 0,2%.. O retorno ao crescimento informado no mês passado, devido a uma recuperação do consumo das famílias, surpreendeu após expectativas iniciais de que a França entraria em recessão até o final do ano.

Ainda na pauta econômica, os investidores se deparam com importantes números dos Estados Unidos. Às 12h45, sai o Chicago PMI de dezembro, medindo a atividade industrial na região, além do indicador de vendas de casas e os estoques do petróleo semanal no país. 15 minutos depois, sai o Pending Home Sales, mostrando como foram as vendas de casas existentes em novembro. Já às 14h será divulgado o relatório semanal de estoques de petróleo da EIA (Energy Administration Information).

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers