Twitter decepciona com receita mais baixa do que o esperado e ações despencam 17%

Bugs na plataforma e problemas com publicidade foram os principais motivos do resultado ruim

Giovanna Sutto

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – As ações do Twitter estão despencando 17,5% nesta quinta-feira (24), cotadas a US$ 31,95, depois que a empresa reportou um resultado do terceiro trimestre negativo afetado por problemas de produtos e publicidade. Alguns bugs da plataforma pesaram na receita e levaram a empresa a sofrer prejuízo. No fechamento, desta quarta-feira (23), os papéis chegaram a cair 20%, cotados a US$ 38,81.

O lucro por ação da empresa foi de US$ 0,17, enquanto o consenso do mercado esperava US$ 0,20. Ainda, a receita foi de US$ 823,7 milhões, bem abaixo da expectativa dos analistas de US$ 874,0 milhões, de acordo com dados da Redefitiv. Em seu relatório, a empresa citou que enfrentou  “ventos contrários” no trimestre, o que afetou sua receita, incluindo problemas com produtos e publicidade que renderam menos que o esperado em julho e agosto.

“No terceiro trimestre, descobrimos e tomamos medidas para corrigir bugs que afetavam principalmente nosso produto herdado de promoção de aplicativos para dispositivos móveis, afetando nossa capacidade de segmentar anúncios e compartilhar dados com medidores e parceiros de anúncios”, disse a empresa em sua carta para acionistas.

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“Também descobrimos que determinadas configurações de personalização e dados não estavam funcionando conforme o esperado. Acreditamos que, em conjunto, esses problemas reduziram o crescimento da receita ano a ano”.

A receita de publicidade no trimestre chegou a US$ 702 milhões, 8% superior ao ano anterior, mas significativamente menor que os US$ 756 milhões em receita publicitária que os analistas pesquisados ​​pela FactSet haviam previsto. O total de engajamentos de anúncios aumentou 23% ano a ano, mas o custo por engajamento caiu 12%.

Limitando a segmentação de anúncios

O diretor financeiro (CFO) Ned Segal destacou vários problemas com os sistemas de publicidade da empresa durante a teleconferência de resultados.

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“Os desafios surgiram ao longo do trimestre e não foi sobre um dia em particular – aconteceu mais de uma vez”, disse o CFO.

Em um bug específico, foi perguntado a um novo usuário do Twitter se a plataforma poderia usar configurações específicas do dispositivo para personalizar a linha do tempo do usuário. No entanto, a plataforma coletou esses dados, mesmo quando o usuário respondeu “não” ao questionário. A empresa percebeu o uso inadequado dos dados do usuário e desligou completamente o recurso, o que limitou sua capacidade de segmentar e vender anúncios.

A empresa também viu um problema ao relatar dados do usuário a parceiros de publicidade. O Twitter, que permite que os usuários optem por não compartilhar seus dados com os anunciantes, estava “transmitindo dados aos quais não tínham a intenção”, afirmou Segal.

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A empresa adiantou e alertou os acionistas que os “ventos contrários” que afetaram o terceiro trimestre continuarão sendo sentidos durante todo o quarto trimestre. “Esses problemas vão pesar também no desempenho geral de nossos negócios de publicidade no curto prazo”.

Como resultado, o Twitter projetou uma receita no quarto trimestre abaixo do esperado. A empresa espera gerar receita entre US$ 940 milhões a US$ 1,01 bilhão – pouco menos dos US$ 1,06 bilhão que os analistas consultados pela Refinitiv previam.

Antes do relatório deste último trimestre, as ações subiam 35% em 2019, com um valor de mercado pouco acima de US$ 30 bilhões.

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Usuários ativos monetizáveis

No segundo trimestre, o Twitter eliminou o relatório de usuários ativos mensais e passou para uma nova métrica de crescimento chamada  usuários ativos diários monetizáveis ​- para medir os usuários que recebem anúncios na plataforma.

Os 145 milhões de usuários monetizáveis relatados pelo Twitter no terceiro trimestre representam um aumento de 4% em relação ao segundo trimestre de 2019, quando a empresa registrou 139 milhões e um aumento de 17% ano a ano.

“Apesar de desafios deste trimestre, nossa estratégia de investir para impulsionar o crescimento a longo prazo foi validada”, afirmou Segal. “Continuaremos a priorizar nossos produtos de anúncios e nossos investimentos para impulsionar o crescimento contínuo no número de usuários monetizáveis”.

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As despesas trimestrais do Twitter cresceram 17% durante o período, para US$ 780 milhões, em parte devido a contratações e investimentos em vendas, marketing e pesquisa e desenvolvimento. A empresa encerrou o trimestre com 4.600 funcionários, mais 300 do que no final do segundo trimestre.

A empresa espera continuar gastando. Para o ano fiscal de 2019, o Twitter prevê gastos de capital entre US$ 550 milhões e US$ 600 milhões, uma grande alta em relação aos US$ 487 milhões do ano anterior.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.