Turnaround: como a Gafisa entregou 12 obras em 2020 após 2 anos sem lançamentos e agora foca em inovação

VPs da companhia participaram de live do InfoMoney e disseram que a precificação da Gafisa em Bolsa está descontada, tendo em vista a mudança de gestão

Anderson Figo

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SÃO PAULO — Após ter ficado dois anos (2018-2019) sem lançamentos, a Gafisa (GFSA3) conseguiu entregar 12 obras em 2020, que ajudaram a companhia a obter crescimento de quase 121% na receita líquida anual, na comparação com 2019. Apenas no quarto trimestre, o avanço foi de quase 400%, para R$ 580 milhões.

A nova gestão da companhia, no entanto, ainda trabalha para que ela volte a dar lucro anual. Em 2020, mesmo com um lucro líquido de R$ 28,9 milhões no quarto trimestre, a Gafisa terminou o período de 12 meses com prejuízo de R$ 76,5 milhões, alta de 456,8% em relação a 2019, quando a incorporadora obteve saldo negativo de R$ 13,7 milhões.

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Segundo o vice-presidente de finanças e gestão da companhia, Ian Andrade, a reestruturação pela qual a Gafisa passou permitiu que ela voltasse a comprar terrenos (R$ 2 bilhões foram gastos com isso no ano passado) e terminasse obras para fazer novos lançamentos. Ele comentou sobre a demanda maior com a queda dos juros no financiamento imobiliário e como as fintechs têm ajudado nisso — a Gafisa prevê investimentos em inovação.

A entrevista faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, no qual CEOs e outros executivos importantes de empresas da Bolsa comentam os balanços do quarto trimestre de 2020 e o desempenho anual das companhias, e falam também sobre perspectivas. Para não perder as próximas lives, que acontecem até o início de abril, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

“A oferta de crédito imobiliário, especialmente para pessoas físicas, mudou muito nos últimos anos. Os grandes bancos são os mesmos. Mesmo os cinco maiores estão competindo entre eles. E tem o fenômeno das fintechs, que a gente está estudando muito no nosso braço de inovação, que a gente está chamando preliminarmente de Gafisa Lab”, disse Andrade.

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“A gente está montando de fato uma atividade de inovação, com incubadora, um corporate venture capital estruturado. As fintechs, especialmente as de mortgage, as de hipotecas, elas já estão muito ativas. Elas já têm um share relevante do mercado de hipotecas e financiamentos imobiliários, e isso muda a dinâmica competitiva para o tomador de crédito”, completou.

O executivo destacou ainda que, apesar da recente elevação da taxa Selic, o crédito imobiliário deve continuar baixo ao tomador e, na visão dele, há bastante espaço para que os bancos e fintechs possam reduzir o spread cobrado nesta modalidade.

“Se a Selic está a 2%, agora está a 2,75% ao ano, e a melhor taxa do mercado é o Santander a 6,99% ao ano, tem 5 p.p. de spread, agora cerca de 4 p.p., é um spread muito gordo. Tem gordura aí para queimar. Setor que tem muito lucro atraí entrantes e a competição reduz o lucro. A gente já vê isso acontecendo. A oferta de crédito via fintechs já é uma realidade”, disse.

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Guilherme Benevides, vice-presidente de operações da Gafisa, afirmou que a pandemia acabou acelerando o processo de digitalização do setor. “A gente vê em todos os mercados, a explosão da compra online no varejo. O imóvel também. Obviamente que no caso do imóvel, o cliente quer pelo menos ir até o lugar para ver onde ele vai morar. Mas a gente se preparou para fazer as vendas 100% em processo digital”, disse.

Os executivos comentaram ainda sobre a tentativa de fusão com a Tecnisa no ano passado, que foi frustrada. “A negociação está fria. Não estamos conversando agora, mas ainda acreditamos que há vantagens para os acionistas de ambas as empresas, é um negócio com muitos ganhos de sinergia”, disse Andrade.

Eles explicaram como funciona a nova linha de negócios do grupo, a Gafisa Propriedades, que cuida do arrendamento (aluguel) de unidades. Os executivos comentaram ainda sobre os investimentos feitos para aumentar landbank, a expectativa de lançamentos para 2021 (entre R$ 1,5 bilhão e R$ 1,7 bilhão) e sobre o impacto do aumento nos preços dos materiais de construção para a companhia.

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Para o VP de finanças da companhia, o atual preço das ações da Gafisa na Bolsa está descontado e não reflete o turnaround em andamento. “A precificação da Gafisa continua descontada. É descontada nitidamente a olho nu. É só estudar o balanço da empresa e ver o que a gente está fazendo”, afirmou. Assista à live completa acima.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.