“Tenho certeza que diversas pequenas e médias empresas vão abrir o capital”

Ricardo Pansa, CEO da Nutriplant, acredita que o Bovespa Mais ainda vai ser bastante utilizado pelas PMEs

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – O mercado de capitais será utilizado como uma opção viável de capitalização das empresas, acredita Ricardo Pansa, CEO (Chief Executive Officer) da Nutriplant (NUTR3M). A empresa foi pioneira na abertura de capital através do segmento do Bovespa Mais, voltado para pequenas e médias empresas, ao listar sua empresa em 2008 e acompanha o andamento do PAC-PME (Programa de Aceleração de Crescimento de Pequenas e Médias Empresas) desde o início, ansioso por ver mais empresas deste porte abrirem o capital na BM&FBovespa.

“Tenho certeza que diversas pequenas e médias empresas vão abrir o capital através do Bovespa Mais, quando as condições forem alcançadas”, avisa o executivo. Na época que optou pela listagem, Pansa explica que não lhe restava muitas alternativas pra continuar o financiamento de sua empresa. “Antes de abrir o capital e levantar R$ 20 milhões, já tínhamos tido acesso a financiamento bancário, público e privado. Exploramos todas as alternativas antes de procurar o mercado de capitais”, lembra.

Porém, a fome da empresa por capital era grande, já que ela estava em um processo de crescimento, acompanhando o fortalecimento do agronegócio no Brasil – assim, decidiram que iriam buscar novas capacidades de financiamento para continuar a crescer agressivamente. “Tínhamos três opções. Ou geração de caixa, ou financiamento via banco ou através de novos socios. E até então, o mercado de capitais era algo inédito para uma empresa do porte da Nutriplant”, avalia.

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Havia quem estivesse interessado em colocar dinheiro na empresa, mas com a condição de abrir o capital no Bovespa Mais. Com isso, a Nutriplant de Pansa estreou o Bovespa Mais com um IPO em fevereiro de 2008, e logo seria seguida por outras duas – Desenvix (DVIX3M) e Senior Solutions (SNSL3M). 

Juros baixos devem “criar” investidores
No entanto, a BM&FBovespa esperava um ritmo mais acelerado no processo de abertura de capital no Bovespa Mais. Mas, para Pansa, essa lentidão não se dá pela falta de atratividade, mas sim pelo momento atual do mercado, que se traduz não só em poucos IPOs no Bovespa Mais como também nos segmentos mais tradicionais. “O timing é ruim, já que tivemos uma retração dos investidores de risco”, afirma Pansa.

Passado isso, ele acredita que o segmento se destacará. Ele cita o Alternative Investment Markets da bolsa londrina, equivalente ao Bovespa Mais na LSE (London Stock Exchange), que tem mais de 1.000 empresas listadas – sendo que diversas já migraram para os segmentos mais tradicionais da bolsa de lá. “Por aqui, ainda depende de uma melhora das condições, mas que estão sendo satisfeitas com a política de juros baixos do governo Dilma”.

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Abrir capital é tão bom quanto a captação do IPO
Como dono de uma empresa de capital aberto, Pansa acredita que a atratividade de se realizar um IPO é algo que transcende os valores captados na abertura de capital que podem fazer com que isso valha. “Ter o capital aberto traz outros benefícios que transcendem o financeiro, como a visibilidade, a transparência”, afirma. 

Mas é como forma de financiamento que uma abertura de capital, seja no Bovespa Mais, seja nos segmentos tradicionais de listagem da bolsa. “O mercado de capitais como forma de financiamento é muito atrativo e é bom que ele não seja algo restrito para as grandes empresas”, avisa, lembrando que nunca esteve restrito à apenas uma rodada de captação e que a Nutriplant tem condições de captar ainda mais.

Um outro ponto levantado é a possibilidade de que o empreendedor venda sua participação através de operações na BM&FBovespa, deixando efetivamente o controle da companhia – coisa que Pansa não quer fazer hoje, mas não descarta para um futuro no longo prazo. Para o empreendedor, abre uma possibilidade ainda mais especial: permitir que seus funcionários participem do crescimento da empresa através da distribuição de ações, estimulando-os ainda mais para apresentar bons resultados.

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Custo ainda são altos
Para Pansa, segmento do Bovespa Mais – usualmente criticado – é bastante funcional, e pode ser utilizado por um número ainda maior de empresas. Alguns custos são questionáveis, como a necessidade de publicar os resultados nos diários oficiais, que o executivo acredita ser um imposto extra, já que já publica em jornais de grande circulação, que se tornam uma outra fonte de publicidade para as companhias de capital aberto.

Outro custo é a necessidade de migrar para o Novo Mercado, uma obrigatoriedade presente à todas empresas que abrem o capital através do Bovespa Mais – que, embora Pansa saliente ser uma boa obrigação, acarreta em custos maiores para a empresa. “Por enquanto ainda não temos esse plano, estamos focados no crescimento da companhia”, termina o empreendedor.