Tenda (TEND3) aposta no reaquecimento do mercado com MCMV; ações sobem 7% após resultados

Construtora espera por definições do programa, mas pretende ingressar com força no segmento

Augusto Diniz

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Uma das representantes do setor de construção com foco na baixa renda, a Tenda (TEND3) vê oportunidades de crescimento com o reaquecimento dos programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Após ter convivido com problemas de custos acima do previsto em suas obras, a empresa, agora, estima que 80% delas estejam finalizadas, no segundo trimestre desse ano, aliviando o caixa e recuperando as margens a níveis saudáveis.

No mais, o programa de habitação na capital paulista e o retorno do Minha Casa Minha Vida, com enfoque na faixa 1, a de menor renda, criam um cenário promissor à empresa.

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“Em 2022, tivemos uma surpresa ruim, com a guerra da Ucrânia, que teve impacto importante em materiais”, disse Rodrigo Osmo, CEO da Tenda, durante teleconferência com analistas.

A Tenda (TEND3) reduziu seu prejuízo em 42,2% no quarto trimestre de 2022, para R$ 155,1 milhões. Segundo a construtora, o resultado é justificado principalmente pela melhor margem operacional.

No pregão desta sexta-feira, as ações da construtora subiram mais de 7,5%, cotadas a R$ 5,46.

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Geração de caixa

“A nossa expetativa para 2023 é ser uma empresa de geração de caixa”, disse Osmo, diante de uma recuperação da margem bruta, que passou para 13,1% no 4T22, aumento de 7,5 p.p. em comparação com o 3T22. Para 2023, a Tenda projeta margem bruta entre 24% e 26%.

Sobre o MCMV, Luiz Mauricio Garcia, CFO da Tenda, explicou a analistas que o governo deve permitir a volta de famílias de menor renda ao programa Minha Casa Minha Vida.

“Estamos aguardando as definições do programa, mas a Tenda tem tudo para voltar ao programa nessa faixa de renda que é relevante para a companhia”, disse ele.

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A prioridade ao atendimento da faixa 1 envolve renda bruta familiar mensal de até R$ 2.640, com meta de contratar 2 milhões de unidades até 2026.

“A faixa 1 bem estruturada pode ser atrativa”, diz Rodrigo Osmo. Para ele, no entanto, é necessário que se tenha uma sistemática de pagamento que traga um risco mínimo para atuação neste segmento, que foi um problema lá trás no recebimento do pagamento da faixa 1.

Ele acrescentou que o preço por unidade que o governo tem sinalizado é o preço médio da Tenda.

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São Paulo

A Tenda apresentou proposta para 7 mil unidades no programa de habitação da prefeitura de São Paulo, o Pode Entrar, que pretende ofertar 40 mil unidades habitacionais à população de baixa renda. O programa habitacional está em análise técnica das propostas e o resultado deve sair nos próximos dias.

Segundo Osmo, ainda deve ter muita disputa nesse programa porque foram oferecidas 104 mil unidades, mas somente 40 mil serão selecionadas.

Osmo ressaltou que a companhia tem evitado criar expectativa porque o programa foi criado recentemente e não há parâmetros.

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“Mas digamos que a gente tenha uma chance média de ganhar. Ou seja, a gente poderia ter 40% de chance de ganhar com cada uma das propostas que a gente apresentou”, explica ele.

“Como a gente apesentou (projeto) de 7.400 unidades, 40% disso são 3 mil unidades. O preço médio (por unidade) é um pouco mais de R$ 200 mil. Se agente ganhar, estamos falando em R$ 600 milhões – é mais do que a dívida líquida Tenda, que é de R$ 500 milhões”, calculou.

“Não queremos contar com isso, mas se acontecer será muito bem-vindo”, acrescentou.

Na teleconferência, Rodrigo Osmo destacou outros programas habitacionais em andamento no país, como em Porto Alegre (RS), que a empresa tem acompanhado e pode fazer toda diferença nesse momento de recuperação da construtora.