Tenda (TEND3) aguarda novas regras do Minha Casa Minha Vida; ações caem 5,7% com custos pressionando balanço

Companhia fez teleconferência de resultados do 3º tri, quando teve prejuízo líquido consolidado de R$ 210,4 milhões

Augusto Diniz

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Em um dos pronunciamentos do presidente eleito Lula (PT) logo após a vitória nas eleições presidenciais, foi destacada a retomada do programa Minha Casa Minha Vida com prioridade para famílias de baixa renda.

A Tenda (TEND3) é uma das principais construtoras de atuação nesse programa habitacional desde a sua primeira versão e o CEO da construtora, Rodrigo Osmo, comentou com analistas de mercado, durante a apresentação dos resultados do 3T22, que a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) deve levar a pauta para o novo governo de como reativar o programa dentro do proposto.

Há discussões de como atende a faixa 1, a de menor renda, e também a forma de subsídio e financiamento. Olmo disse que “do ponto de vista econômico e social, investir em habitação através do FGTS é mais eficiente e inteligente”.

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O CEO cita como dúvida o atendimento na prática à faixa com a renda mensal mais baixa. O executivo chegou a citar que a Tenda não tinha interesse de atender a faixa 1, embora a empresa trabalhe dentro do renomeado Casa Verde Amarela no chamado grupo 1, também voltado para as famílias de mais baixa renda, mas com limite de provento superior à antiga faixa 1.

Concreto foi o principal responsável pela pressão de custos

Luiz Garcia, CFO da Tenda, comentou que no acumulado do ano, o concreto alcançou aumento de 29%, representando o maior impacto nos custos da companhia. O concreto é o principal insumo da construção. A provisão de inflação para o ano se mostrou insuficiente, reconheceu a empresa.

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Deflação já verificada no setor da construção e câmbio vindo numa tendência favorável são apontados pela empresa como sinais de possível acomodação dos preços de insumos. “Os sinais são positivos”, disse Garcia.

Também foi atribuída uma parte da alta de custos verificada pela companhia no 3T22 a ineficiência detectada em projetos mais verticalizados. Segundo Garcia, empreendimentos com número de elevados de pavimentos – 25 andares, por exemplo – foram mais impactados com o desarranjo da cadeia de suprimentos ao longo da pandemia.

“Obra, uma vez que atrasa, carrega o evento até o final dela”, disse o executivo a analistas de mercado. Segundo o CFO, as grandes obras verticalizadas também estão em sua fase de finalização, o que determina o fim do processo em que a empresa foi atingida por conta do desarranjo da cadeia.

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Além disso, o cenário de crédito mais restritivo vem impactando o poder de compra das famílias e também os negócios no setor. A questão chegou a ser tratada também na teleconferência.

Rodrigo Osmo disse que o 3T22 marca o período de inflexão da empresa que teve um resultado no trimestre aquém do esperado. “A gente imagina ter melhora (das margens) daqui para frente”, disse.

Os resultados

As ações da Tenda registraram uma sessão de queda após o balanço nesta sexta-feira, com perdas de 5,74%, a R$ 5,91. A companhia reportou prejuízo líquido consolidado de R$ 210,4 milhões no terceiro trimestre de 2022 (3T22), revertendo o lucro do mesmo período do ano passado, de R$ 6,4 milhões.

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O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi negativo em R$ 121,9 milhões no 3T22, ante Ebitda positivo de R$ 48,6 milhões do 3T21.

A receita líquida somou R$ 573,2 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma diminuição de 20,5% na comparação com igual etapa de 2021.

Na avaliação do Bradesco BBI, os resultados foram mais fracos do que o esperado. “A Tenda aparentemente ainda está procurando se adaptar à nova realidade de custos e o 3T22 mostra que ainda há necessidade de ajustes”, apontam os analistas.
O concreto foi a principal razão para as revisões do orçamento no trimestre, levando à margem bruta fraca e a um prejuízo líquido de R$ 190 milhões no 3T22, embora a empresa tenha sido assertiva na estratégia de preços e geração de caixa, com margem bruta de novas vendas em 32% e uma queima controlada de caixa, na opinião dos analistas, dado o resultado contábil.
A XP também aponta que a Tenda apresentou resultados fracos conforme o esperado no 3T22, especialmente afetados por uma significativa compressão da margem bruta ajustada, atingindo 5,6% (-16,9 pontos percentuais na base anual), devido (i) ao aumento nos custos de materiais, principalmente concreto; (ii) maiores provisões, devido ao aumento da inadimplência líquida; e (iii) efeitos não recorrentes.
Do lado positivo, a margem bruta das novas vendas acelerou para 30,4% (versus 28,8% no 2T22), embora não veja que esse aumento afete os resultados financeiros no curto prazo. “Dito isso, mantemos nossa recomendação neutra para Tenda, com preço-alvo de R$ 11 por ação”, aponta.