Temer avalia como retaliar a JBS economicamente, diz colunista; confira mais destaques do noticiário corporativo

Confira os destaques do noticiário corporativo desta segunda-feira (22)

Lara Rizério

(Divulgação JBS Friboi)

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo desta segunda-feira segue ofuscado pela crise política em meio à delação da JBS. Vale ressaltar que a companhia segue em destaque também no radar do início desta semana. Confira os destaques do noticiário de empresas nesta segunda-feira (22):

JBS (JBSS3)
Destaque para as diversas notícias sobre JBS. No domingo, a jornalista Andreia Sadi afirmou por meio do seu blog no G1 que o presidente Michel Temer avalia como retaliar a JBS economicamente. Segundo a jornalista, a avaliação de interlocutores de Temer é que, se o governo conseguir bloquear ações, vão segurar a JBS “no bolso”. Isso porque o “prejuízo será gigante”, nas palavras de aliados de Temer. Desta forma, a ideia do governo é partir para o confronto econômico com a JBS, além do embate jurídico. 

Além disso, a empresa entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado financeiro, desde que vieram à tona na quarta-feira as denúncias de Joesley Batista, um dos sócios do grupo, incriminando o presidente Michel Temer. O frigorífico é investigado pela autarquia por suposta manipulação do mercado em cinco processos administrativos. A CVM quer saber, sobretudo, se a JBS se beneficiou de informações privilegiadas para comprar dólar no mercado futuro – informação antecipada pela colunista Sonia Racy – e também na emissão de ações pelo acionista controlador do grupo – a FB Participações -, antes da denúncia virar notícia e abalar o mercado. O indício de irregularidade foi comunicado ao Ministério Público Federal (MPF).

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A autarquia também está de olho em movimentações no mercado derivativo feitas pelo banco Original, controlado pelo grupo, e pediu “esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS”.

No caso da JBS, a CVM atua para analisar e, se for o caso, punir eventuais irregularidades, mas também teve o nome incluído na delação de Batista. Ao MPF, o empresário disse ter negociado uma indicação para a diretoria da autarquia e de outros órgãos de governo com capacidade de interferir nos negócios da JBS.

Assim que a delação foi divulgada, a CVM publicou comunicado informando que “está acompanhando as recentes notícias veiculadas pela imprensa e monitorando o funcionamento ordenado dos mercados de valores mobiliários”. Mas não se posicionou sobre uma possível interferência política em suas atividades reguladoras. As quatro diretorias e presidência da CVM estão ocupadas atualmente, mas o presidente da autarquia, Leonardo Pereira, deixará o cargo em julho.

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Além disso, o grupo J&F, controlador da JBS, ainda não fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF), que inicialmente previa a proposta de pagamento de multa de 11,2 bilhões de reais, mas as negociações continuarão durante a semana, informou uma fonte próxima da companhia à Reuters. Segundo essa fonte, o que está em discussão é justamente o montante a ser pago de multa. Ainda não houve um consenso nessa questão e as conversas seguirão na próxima semana.

Segundo o Ministério Público Federal, o acordo de leniência com o grupo empresarial não foi fechado devido a divergências sobre o valor da multa a ser paga pelo conglomerado. Enquanto os procuradores defendem a multa de 11,2 bilhões de reais em 10 anos, a holding que controla a JBS propôs pagar 1 bilhão de reais, de acordo com o comunicado.

A relação do Ministério Público com a holding da J&F nunca foi de todo harmoniosa. No início de fevereiro, o MPF pediu o afastamento de Joesley Batista do comando do grupo e o bloqueio de bens e ativos do conglomerado no valor de 3,8 bilhões de reais. No final de março, a Justiça Federal de Brasília aceitou o pedido. Além da JBS, os investimentos da J&F incluem a fabricante de celulose Eldorado Brasil, a fabricante de calçados Alpargatas, a empresa de laticínios Vigor e o banco Original.

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O grupo está na mira de ao menos cinco frentes de investigação: além da Lava Jato, as operações Bullish, Greenfield, Carne Fraca e Cui Bono apuram supostos crimes de pagamento de propina, desvio de recursos e fraudes na liberação de recursos públicos, entre outros delitos.

Sabesp (SBSP3)
Na sexta-feira, a Sabesp divulgou o novo cronograma da revisão tarifária, sendo que a nota técnica preliminar agora é esperada para 31 de julho (originalmente seria divulgado dia 15 de Maio). “Ainda é muito cedo para ter qualquer visibilidade do que esperar nessa revisão, mas se o governo do Estado de São Paulo está considerando fazer um aumento de capital que seja atrativo para os investidores, é muito importante que a revisão tarifária seja positiva”, afirma o BTG Pactual.

Alpargatas (ALPA4)

Em meio ao turbilhão político envolvendo a controladora J&F Investimentos, a calçadista Alpargatas, fabricante dos chinelos Havaianas, poderá encontrar dificuldades em seu plano de migração para o Novo Mercado, segmento de mais elevada governança corporativa da B3 (novo nome da BM&FBovespa), destaca o jornal Valor Econômico.

Um grupo de acionistas detentores de papéis preferenciais da companhia se articula para votar contra a proposta de conversão das ações PN em ON, à proporção de 1,3 para 1, em assembleia a ser realizada em 2 de junho. 

Braskem (BRKM5)

A Braskem informou que não conseguiu entregar 20-F; a  NYSE dá prazo de 6 meses. A companhia não tem cronograma para arquivar formulário, já que busca mensurar o impacto nos resultados do acordo assinado com as autoridades para acabar com a investigação de corrupção, diz Braskem em comunicado ao mercado.

A empresa celebrou acordo global com governos do Brasil, EUA e Suíça
Braskem diz no comunicado que NYSE estabeleceu prazo de 6 meses para arquivo do formulário 20-F. 

Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú Unibanco informou que o pedido de IPO do IRB não será apresentado nesse momento. As subsidiárias Itaú Seguros e Itaú Vida e Previdência, acionistas do IRB-Brasil Resseguros, ratificaram a decisão em assembleia geral extraordinária do IRB realizada nesta sexta, disse o Itaú em comunicado ao mercado.

As empresas também ratificaram pedir autorização para oferta pública secundária de ações ordinárias do IRB. Os pedidos não serão apresentados à CVM nesse momento porque dependem de conjuntura favorável do mercado de capitais, disse o comunicado. O Bradesco e BB Seguridade também divulgaram comunicados ratificando aprovação.

 

 (Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.