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A introdução de impostos de importação sobre compras internacionais abaixo de US$ 50 em 20% passou a vigorar em agosto deste ano e seus impactos já podem ser sentidos para o comércio entre as varejistas, uma vez que afetou significativamente o comércio eletrônico transfronteiriço.
Em agosto e setembro, segundo dados da Receita Federal, nos dois primeiros meses após a introdução do imposto, as importações caíram aproximadamente 35%, totalizando R$ 2,4 bilhões, abaixo dos R$ 3,7 bilhões em junho e julho. O declínio foi um pouco mais pronunciado em volumes, com pedidos totais caindo 37% para 25 milhões em agosto e setembro, de 39 milhões em junho e julho.
O JPMorgan atribui o menor nível de importações a: (1) uma carga tributária maior, com o imposto de 20% sobre pedidos abaixo de US$ 50 ou um imposto de 60% se acima desse limite, além de um ICMS de 17% (imposto estadual); mas também a (2) maior supervisão de produtos importados à medida que players transfronteiriços se juntam à Remessa Conforme (programa brasileiro da Receita Federal que certifica os players de e-commerce que seguem regras de importação diferenciadas), deixando pouco espaço para evasão fiscal; e (3) à redução dos “ganhos de arbitragem” de preços entre varejistas estrangeiras e locais, especialmente ao considerar tempo de entrega e taxas.
No geral, o JPMorgan vê que os dados são positivos para varejistas locais de vestuário como Lojas Renner (LREN3, com recomendação overweight, equivalente à compra), Azzas 2154 (AZZA3, overweight), C&A Brasil (CEAB3, não coberto pelo JPMorgan) e Guararapes (GUAR3, não coberto pelo JP), pois indicam redução da pressão competitiva de operadores internacionais.
E isso foi parcialmente responsável pelas melhoras nas tendências de crescimento em todos os segmentos no 3T24, avalia o JPMorgan. Em menor grau, os dados também são positivos para marketplaces (3P) em geral, incluindo Magazine Luiza (MGLU3, com recomendação neutra) e Mercado Livre (BDR: MELI34, com recomendação neutra).
O BTG Pactual aponta que as vendas de plataformas asiáticas como Alibaba, Temu e Shein foram impactadas apesar do crescimento do Programa Remessa Conforme.
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Enquanto isso, nos últimos meses, a Shein tem sido mais incisiva no desenvolvimento de sua plataforma de marketplace local, com sua operação internacional 1P (estoque próprio) perdendo gradualmente participação no GMV (volume bruto de mercadorias) total – uma tendência também exibida nos últimos anos na Shopee (que aumentou a participação dos vendedores locais em seu GMV).
Comparando uma cesta de oito produtos entre varejistas locais – entre elas Renner, C&A e Riachuelo – e a Shein, a plataforma chinesa é 9% mais barata que a Renner, 16% mais barata que a Riachuelo e 4% mais barata que a C&A.
“Analisando nossas pesquisas anteriores nos últimos 12 meses, a diferença de preço entre a Shein e outros players locais diminuiu – um benefício que esperamos que persista pelo menos no curto prazo”, avaliam os analistas do BTG.