Standard Bank: todos temem liquidez excessiva, mas Mantega está no fim da fila

Banco acredita que reclamações sobre guerra cambial só devem ser atendidas depois que a inflação for controlada na Europa

Renato Rostás

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SÃO PAULO – Do Brasil à Alemanha, o excesso de liquidez no sistema financeiro tem preocupado os líderes globais. Mas o sul-africano Standard Bank acredita que, se realmente existe uma fila de espera, o ministro da Fazenda Guido Mantega estaria perto do fim dela para ter suas exigências atendidas.

O brasileiro vem dizendo, e reforçou no Senado na última terça-feira (13), que o fluxo de divisas internacionais que invade o País, principalmente na forma de dólares, continua impulsionando a apreciação do real. Por causa disso, o Governo e o Banco Central adotaram diversas medidas, entre a compra da moeda norte-americana e a taxação maior para entrada do capital estrangeiro.

Segundo os analistas Steve Barrow e Jeremy Stevens, essas preocupações por aqui não poderão ser resolvidas até que Jens Weidmann, presidente do Bundesbank – banco central alemão – seja atendido. Ele também teme pelo excesso de dinheiro sendo oferecido, mas por outra razão: a pressão inflacionária sobre a Zona do Euro.

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Problema no exterior
No front externo, a falta de um movimento para enxugar o excesso de liquidez representa o principal medo das autoridades monetárias. Mas o Standard Bank acha que o BCE (Banco Central Europeu) e o Federal Reserve podem facilmente resolver esse problema drenando o capital.

Mesmo assim, líderes do G20, grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, já manifestaram a preocupação maior quanto às reclamações de Weidmann e de seus semelhantes. O banco sul-africano aponta para os pedidos de Mantega como sendo os mais relevantes.

Guerra cambial
Os dois analistas citam a guerra cambial como nociva àqueles países que não conseguem impedir a apreciação artificial de suas divisas. Antigamente, o Brasil fazia parte desse rol, mas atualmente, com uma elevação das reservas internacionais, vem conseguindo, a duras penas, controlar a valorização do real.

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Tanto o FMI (Fundo Monetário Internacional) como o próprio G20 já discutiram esse impasse, mas a falta de balanceamento nas contas globais caiu na lista de prioridades depois que a Europa se afundou na atual crise da dívida soberana. Até a China sinalizou recentemente que pode deixar o mercado influenciar mais na cotação de sua moeda, mas “isso trará poucos avanços”, afirmam Barrow e Stevens.

Assim, se no futuro próximo o Standard Bank vê o presidente do BC alemão sendo atendido, o ministro da Fazenda brasileiro não tem nenhuma indicação de que realmente está sendo ouvido. “Possivelmente por isso, ele sinta que o Brasil tem que agir sozinho”, finaliza o relatório.