Sinal de alerta: com queda dos preços, não é mais lucrativo minerar Bitcoin, dizem analistas

Está ficando mais caro produzir um bitcoin e com o preço baixo, a recompensa não vale a pena

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Os mineradores, pessoas responsáveis pela criação de novos bitcoins, acabaram de ganhar um grande problema. Segundo alguns analistas, com o preço atual da maior criptomoeda do mundo, não é mais lucrativo gastar força computacional para gerar ativos novos, ou seja, custa mais para minerar do que você ganha de recompensa neste processo.

“O Bitcoin atualmente negocia a um custo de mineração de US$ 8.038 com base em um modelo de mineração desenvolvido por nossa equipe de ciência dos dados”, afirmou Thomas Lee, da Fundtrat, em um relatório publicado na quinta-feira (15). Atualmente, o bitcoin é negociado na casa de US$ 8.300, mas chegou a cair para US$ 7.800 mais cedo. O modelo da empresa incorpora três fatores: custo de equipamento, eletricidade e outras despesas gerais, como a manutenção das instalações de resfriamento.

A principal questão é que conforme aumenta a popularidade da criptomoeda, mas complicado e pesado é o processo de mineração, que acaba gastando mais energia, e, por consequência, custando cada vez mais caro. E, para alguns especialistas, a um certo preço, a recompensa dos mineradores não arca mais com os custos.

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Neste processo, pessoas usam computadores – ou grupos de equipamentos – para validarem as operações feitas com bitcoin resolvendo problemas complexos de matemática. Com isso, se fecham os blocos da rede (daí o nome blockchain) e a pessoa ou grupo responsável ganha uma fração de bitcoin como recompensa, gerando assim novas moedas.

“Em alguns casos, os mineiros podem simplesmente desligar as máquinas até que o preço suba um pouco”, afirmou Shone Anstey, co-fundador e presidente do Blockchain Intelligence Group, para a CNBC. “Tem que chegar ao ponto de alguns deles estarem perdendo dinheiro”, completou.

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Os ganhos dos mineradores caíram pela metade desde dezembro, devido a um aumento no interesse da mineração de bitcoin, conforme mostra o hashrate, segundo apontou Charlie Hayter, CEO do site de dados CryptoCompare, para a CNBC. A taxa de transação mediana, outra fonte de receita para os usuários, também caiu abaixo de US$ 0,50 centavos, contra uma média de US$ 34 no fim de dezembro.

Mas este cenário também pode ser uma boa notícia. Em mercado de commodities tradicionais, como o ouro, quando o custo de produção fica igual, alguns analistas avaliam que é um bom indicador de que o preço pode estar em um piso, com uma possibilidade de alta em um futuro próximo.

A única questão no caso do bitcoin é que o custo é variável, já que em cada lugar do mundo o custo de eletricidade varia, podendo tornar a mineração inviável em algumas regiões, mas não em outras. Segundo a Fundstrat, o preço do bitcoin que levaria os mineradores a desligarem suas máquina está entre US$ 3 mil e US$ 4 mil, ou seja, ainda longe do preço atual.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.