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A Simpar (SIMH3), holding que controla empresas que atuam em setores estratégicos como logística, locação de veículos, concessões e serviços financeiros, apresentou um resultado sólido no terceiro trimestre deste ano (3T24), com destaques em crescimento de receita e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), conforme balanço financeiro da empresa divulgado ao mercado nesta terça-feira (12).
Em termos de lucro líquido, a Simpar apresentou um resultado de R$ 125 milhões no 3T24, o que representa uma recuperação em comparação ao prejuízo de R$ 110,6 milhões registrado no 3T23. No entanto, na comparação com o 2T24, o lucro líquido caiu 21,3%, indicando a necessidade de ajustes financeiros para manter a trajetória de crescimento consistente.
Para o diretor financeiro (CFO) da Simpar, Denys Ferrez, esse resultado, que ele considera pontual, representa uma fase de “limpeza” na carteira da empresa, que espera retomar a regularidade e manter um crescimento consistente após essa fase. “A gestão também se tornou mais seletiva na originação de novos contratos, focando em uma abordagem conservadora para garantir que a receita seja gerada sobre bases sólidas, já que parte dos contratos ainda está em processo de retomada física dos ativos”, diz.
Por outro lado, a companhia registrou um aumento em sua receita bruta, que alcançou R$ 11,94 bilhões no 3T24, o que representa uma expansão de 28,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior (3T23) e um crescimento de 5,7% em relação ao trimestre anterior (2T24). Esse aumento, diz o diretor financeiro, foi impulsionado pelo avanço das operações da Simpar, que investe no crescimento orgânico e no fortalecimento das bases operacionais de suas controladas.
A receita líquida da Simpar também acompanhou o movimento de alta, totalizando R$ 10,87 bilhões, com crescimento de 30,6% na comparação anual e 5,4% no comparativo trimestral. Já a receita líquida proveniente de serviços atingiu R$ 8,43 bilhões, um aumento de 26,0% em relação ao 3T23, mostrando a demanda consistente pelos serviços das controladas, especialmente nas áreas de logística e locação de veículos.
Outro ponto positivo foi a receita líquida da venda de ativos, que chegou a R$ 2,27 bilhões, apresentando uma elevação de 44,4% em relação ao 3T23 e 9,5% em comparação com o 2T24.
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Ebitda cresce 30,4%
O lucro antes de juros e tributos (Ebit) do 3T24 foi de R$1,75 bilhão, um aumento de 28,2% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 0,3% no comparativo trimestral. A margem Ebitda sobre a receita líquida de serviços cresceu para 32,1%, uma melhora de 0,9 pontos percentuais (p.p.) em relação ao 3T23, o que, segundo a empresa, reflete a busca por eficiência e produtividade no conjunto das operações. Ainda assim, houve uma pequena queda de 1,1 p.p. em relação ao trimestre anterior, possivelmente resultado de variações operacionais momentâneas.
O Ebitda ajustado da companhia alcançou R$ 2,72 bilhões no 3T24, com um crescimento de 30,4% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 4,2% na comparação trimestral.
Entre as empresas controladas pela Simpar estão a JSL (JSLG3), líder em logística rodoviária no Brasil; a Movida (MOVI3), especializada em aluguel de veículos e gestão de frotas; a Vamos, focada em locação de caminhões e equipamentos; a CS Brasil, que presta serviços de terceirização para órgãos públicos; e a Original Concessionárias, que atua na venda de veículos e serviços de pós-venda.
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Mudança de estratégia
O diretor financeiro da Simpar, Denys Ferrez, diz que a empresa, ao longo de 2023, passou por uma fase focada na construção de escala e infraestrutura para diversos negócios, com o objetivo de consolidar operações entre as oito subsidiárias do grupo. No final de 2023 e início deste ano, segundo ele, houve uma mudança na estratégia, passando a enfatizar a otimização e a extração de valor das estruturas já estabelecidas, em vez de focar apenas no crescimento expansivo.
Essa mudança de foco, de acordo com ele, foi o fator decisivo que resultou em uma expansão de quatro pontos percentuais na margem Ebitda. Esse aumento reflete, entre outros fatores, o crescimento no segmento de concessionárias de veículos, que possui alta receita, mas margens menores. No entanto, Ferrez explica que esse é um negócio com uma forte geração de caixa, contribuindo para o fortalecimento das finanças do grupo.
O CFO afirma ainda que o foco na otimização das operações em vez da expansão agressiva deve continuar ao longo deste ano e também no próximo. A empresa acredita que a escala já alcançada é suficiente para sustentar novas melhorias na geração de caixa e margem operacional, aproveitando a “massa crítica” existente.
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Repasse de inflação
A alta de juros atual impacta o grupo de forma menos radical. Isso porque o portfólio da companhia tem uma estrutura contratual que permite repassar a inflação aos clientes, e a inflação costuma ser o principal fator por trás dos aumentos de juros no Brasil, explica Ferrez. “Muitos contratos de longo prazo já incorporam essa ‘memória inflacionária’, o que permite ajustes automáticos de preços. Dessa forma, os ativos do grupo, que vêm respondendo bem ao cenário inflacionário, tendem a manter seu valor residual em alta”, comenta.
Segundo ele, a estratégia do grupo, atualmente, está mais voltada para otimizar os ativos existentes, tirando mais retorno sobre a infraestrutura já consolidada. A receita bruta cresceu 29% neste trimestre, com um investimento bem menor comparado a períodos anteriores, refletindo uma fase de melhoria da margem operacional. Em vez de expandir intensamente, o foco para 2025, diz Ferrez, será continuar aperfeiçoando processos, melhorar os retornos sobre ativos e adotar uma postura seletiva na entrada de novos contratos.
Sobre a gestão da dívida, o índice de alavancagem foi reduzido de 3,8 para 3,7 vezes dívida líquida sobre Ebitda. “A estratégia à frente busca um equilíbrio entre crescimento orgânico e controle da dívida, mantendo uma posição financeira saudável e garantindo que o aumento nos custos possa ser administrado sem comprometer a saúde financeira”, planeja.
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Desalavancagem
Cada subsidiária tem uma trajetória de desalavancagem planejada, impulsionada por estabilidade nos contratos e otimização da geração de caixa, conta Ferrez. A Vamos, por exemplo, conta com contratos de cinco anos, gerando receita estável e possibilitando a desalavancagem gradual, conforme indicado no guidance de Capex.
A JSL recentemente investiu em contratos novos, incluindo operações logísticas com diferentes perfis de ativos (Asset Light e Asset Heavy). Agora que esses investimentos foram realizados, o executivo aponta que a tendência é que a JSL também inicie um processo de desalavancagem, aproveitando a geração de caixa dos contratos Asset Light.
De acordo com Ferrez, a Movida dobrou de tamanho entre 2020 e 2022, um período de expansão rápida que exigiu ajustes no portfólio de automóveis. Agora, com a frota estabilizada, o foco está em otimizar o capital investido, contribuindo para a redução da alavancagem.
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Outros investimentos menos visíveis ao público, como a Circus Ambiental, do setor de resíduos sólidos, também devem contribuir positivamente com a geração de caixa e a rentabilidade do grupo. Denys explica que esses projetos entram em fase de maturação, o que deverá fortalecer os resultados financeiros do grupo e reduzir a dependência de novos investimentos pesados.
Reestruturação
A Simpar quer transformar a Vamos em uma empresa focada exclusivamente na locação, separando suas atividades de concessionárias. Atualmente, a Vamos opera como a maior rede de concessionárias de caminhões e máquinas agrícolas no Brasil. A ideia, conta a empresa, é combinar essas operações com a Automob, que é voltada para veículos leves, criando assim a maior rede de concessionárias do país com uma diversificação de produtos.
Essa diversificação é vantajosa, diz Ferrez, porque permite equilibrar os resultados financeiros, já que um setor pode compensar o desempenho do outro em momentos de variação de demanda. Além disso, o projeto prevê listar essa nova empresa na B3, aumentando a visibilidade e o valor das operações do grupo.
“A transação trará uma monetização parcial para a Simpar, com uma entrada de R$ 1 bilhão, reforçando a estratégia de desalavancagem do grupo. Esse montante ajudará a Simpar a avançar em seu objetivo de reduzir e, eventualmente, zerar sua dívida líquida”, finaliza o diretor financeiro.