Semana deve ter viés positivo, mas olhares seguem voltados à Europa

Embora a semana se inicie de maneira bastante positiva, atenções estarão voltadas ao desenrolar da crise fiscal europeia

Luis Madaleno

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SÃO PAULO – Iniciando de maneira bastante positiva frente ao anúncio de flexibilização do câmbio por parte do governo chinês, a semana trará poucos indicadores de grande relevância capazes de trazer surpresas e mudar as tendências. Por aqui, destaque aos números da inflação e dados da atividade. No front externo, a reunião do Fomc (Comitê de Política Monetária do Federal Reserve) e números sobre indústria e serviços na Europa merecem atenção.

Segundo a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, nos próximos dias os mercados deverão seguir em clima de cautela, com os olhos voltados às questões referente à situação fiscal europeia, especulando sobre as possíveis flutuações do yuan e o Fomc, mas o viés deve ser positivo.

“Em linhas gerais, o ambiente deve seguir menos avesso ao risco, ainda que a cautela deva continuar como pano de fundo, dada a situação fiscal dos países europeus e a possibilidade de algum problema financeiro a ela relacionado. Este é o cenário de curto prazo, no qual o apetite por ativos de risco deve continuar oscilando bastante de acordo com as perspectivas para a economia, o que equivale a dizer que a cautela e a volatilidade continuarão presentes ainda por algum tempo”, comenta Miriam.

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Por sua vez, o ABN Amro Bank já demonstra mais otimismo com relação aos próximos pregões. “Esperamos que os mercados financeiros se acalmem ainda mais; o foco será provavelmente os indicadores e eventos.”

Europa
O Velho Continente seguiu nas manchetes da última semana e ditou os ânimos dos mercados globais, agravados após a agência de classificação de risco Moody’s ter reduzido a nota da dívida soberana da Grécia em quatro pontos, de “A3” para “Ba1”, sendo que agora a nota passa a ser de grau especulativo. A perspectiva é estável, “refletindo a probabilidade substancial de que a nota não vai mudar ao longo dos próximos 12 a 18 meses”, segundo o comunicado oficial.

A Comissão Europeia pediu que Portugal e Espanha detalhem as medidas de cortes de gastos que integrarão os orçamentos dos países em 2010. Enquanto isso, a Espanha completou a venda de quase € 3,5 bilhões de títulos com vencimento em 10 e 30 anos, com a demanda quase extrapolando o dobro da oferta.

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A despeito de seu êxito em levantar fundos, a Espanha ainda traz receios aos mercados neste início de semana devido à suposta ajuda por parte do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia. “Pode ser um pacote de alívio, de hedge, mas pode também levantar uma lebre que o mercado estava deixando de lado”, avalia o gestor de renda variável da Infinity Asset Management, George Sanders.

Estados Unidos
Com relação à principal economia do globo, após uma semana onde se observou um misto de notícias positivas e negativas, além dos indicadores econômicos, as atenções se voltam ao rumo da política monetária do país.

“Os fed funds devem ser mantidos entre 0% e 0,25%, já que as divulgações recentes continuam a corroborar o cenário de recuperação moderada, desigual entre os setores, e inflação sob controle”, destaca Miriam Tavares, em linha com Sanders, que também acredita na “manutenção nos juros pelo Fed.”

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Brasil
Por aqui, um dos principais vetores do período deverá ser o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que, na avaliação do departamento de pesquisa econômica e renda fixa do Santander, deve exibir uma desaceleração. “A principal razão desta desaceleração será a deflação de alimentos. Contudo, os indicadores importantes a serem observados serão os núcleos, que provavelmente não apresentarão desaceleração”. Para os analistas, a inflação doméstica virá “muito próxima de zero”, mas, “ao mesmo tempo, muito longe da meta”. 

Já os analistas do Banco Safra destacam o indicador de atividades, prevendo mais uma queda na taxa de desemprego. “Estimamos novo recuo, em maio, da taxa de desemprego ajustada sazonalmente para 6,5%, o menor patamar da série histórica”.

“Conforme indicamos no início do ano, o recuo da taxa de desocupação tem sido acompanhado pelo aumento do rendimento médio e da massa de salários, gerando significativa pressão inflacionária no mercado de trabalho, principalmente no segmento de mão-de-obra mais qualificada”, argumentam os analistas do Safra.

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Reunião do G-20
As atenções também se voltam para a reunião do G-20, que acontecerá no próximo final de semana, no Canadá. 

Confira abaixo a agenda para a semana:

> Segunda-feira (21/6)

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 – Brasil

8h30 – O Banco Central revela o relatório semanal Focus, que compila a opinião de consultorias e instituições financeiras sobre os principais índices macroeconômicos.

11h00 – O Ministério de Comércio Exterior reporta a Balança Comercial referente à última semana, que mede a diferença entre exportações e importações contabilizadas durante o período.

Haverá o vencimento de opções sobre ações na BM&F Bovespa.

 – EUA

Não serão divulgados indicadores relevantes no país neste dia.

> Terça-feira (22/6)

 – Brasil

9h00 – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de junho. Esse índice é calculado segundo a mesma metodologia do IPCA, mas a coleta dos dados é feita entre os dias 15 de cada mês.

9h30 – O instituto ainda divulga o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Especial) entre abril e junho, que mede a inflação ao consumidor de forma aproximadamente contínua, baseando sua referência nos trimestres.

10h30 – O BC publica a Nota do Setor Externo de maio, contendo informações sobre o balanço de pagamentos e as reservas internacionais computadas no período.

 – EUA

11h00 – A Federal Housing Finance Agency apresenta o House Price Index de abril, que mensura o preço cobrado pelas hipotecas às famílias norte-americanas baseando-se pelos dados divulgados pelas agências Fannie Mae e Freddie Mac.

11h00 – Sairá o Existing Home Sales referente ao mês de maio. O índice é responsável por medir as vendas de casas usadas no país.

Destaque também para o primeiro dia da reunião do Fed, quando o colegiado se reúne para discutir as principais diretrizes econômicas do país.

> Quarta-feira (23/6)

 – Brasil

8h00 – A FGV (Fundação Getulio Vargas) anuncia o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor – Semanal) referente à terceira quadrissemana de junho. O índice calcula a taxa mensal da variação dos preços até meados da semana anterior àquela em que é divulgado.

8h00 – A instituição ainda publica a Sondagem do Consumidor de junho. O indicador é compilado com base em uma amostra de mais de 200 domicílios em sete das principais capitais brasileiras.

10h30 – O Banco Central reporta a Nota de Política Monetária de maio, que traz estimativas sobre a base monetária, os empréstimos de bancos privados e o total de empréstimos no mercado financeiro.

 – EUA

11h00 – Sairá o New Home Sales, índice que mostra o número de casas novas com compromisso de venda realizado durante o mês de maio.

11h30 – Confira o relatório de Estoques de Petróleo norte-americano, semanalmente organizado pela EIA (Energy Information Administration). O relatório geralmente influencia a negociações da commodity, uma vez que os EUA são o maior consumidor de óleo bruto do planeta.

15h15 – O Fomc (Federal Open Market Committee) atualizará a taxa de juro norte-americana.

 – Inglaterra

O Banco da Inglaterra revela a minuta da última reunião realizada em junho.

> Quinta-feira (24/6)

 – Brasil

7h00 – A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) apresenta o IPC referente a terceira quadrisemana de junho. O índice é baseado em uma pesquisa de preços feita na cidade de São Paulo, entre pessoas que ganham de 1 a 20 salários mínimos.

9h30 – O IBGE reporta a Pesquisa Mensal de Emprego referente ao mês de maio, documento que descreve o mercado de trabalho no País.

10h30 – O Banco Central publica a Nota de Mercado Aberto de maio, um relatório sobre as operações financeiras realizadas no mercado aberto pela instituição monetária.

 – EUA

9h30 – Confira o número de pedidos de auxílio-desemprego (Initial Claims), em base semanal.

9h30 – O Departamento de Comércio do país revela o Durable Good Orders de maio, que avalia o volume de pedidos e entregas de bens duráveis no período.

> Sexta-feira (25/6)

 – Brasil

Não serão divulgados indicadores relevantes no País neste dia.

 – EUA

9h30 – O Departamento de Comércio revela a versão final do PIB e de seu deflator, todos baseados no primeiro trimestre.

10h55 – A Universidade de Michigan publica a versão final do Michigan Sentiment de junho, que mede a confiança dos consumidores na economia norte-americana.