Seguro-calote do Brasil está na mínima do ano; mas isso não significa que a crise acabou

É preciso de muita calma antes de acreditar que todo o cenário negativo do Brasil foi revertido

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Mesmo com todos os indicadores ruins, alguns investidores podem ter se animado com o Brasil ao ver a queda forte sofrida por indicadores de percepção de risco do País como o juro externo dos títulos soberanos e os CDS (Credit Default Swaps), que funcionam como seguros contra a possibilidade de calote de um determinado título. No entanto, economistas alertam que o sinal é positivo, mas pode estar sendo superestimado por quem acha que é hora de sair comprando Brasil. 

Começando pelo juro externo do Brasil em dólar e com vencimento em 10 anos, a queda abaixo de 5% nesta quinta-feira (30), atingindo 4,91% é bem-vinda, mas tem outro fator importante por trás que é justamente a forte desvalorização do dólar. “O câmbio interfere no resultado porque indicadores cotados em dólar não contam só a história do fluxo de capitais positivo, como também do contexto internacional de queda do dólar”, afirma o economista da Infinity Asset, Jason Vieira

Para entender como isso distorce o resultado do indicador, é preciso lembrar que a apreciação recente do real não se deu apenas devido a fatores internos. As moedas de países emergentes em geral se valorizaram nos últimos tempos com a perspectiva de que os Estados Unidos não elevem as suas taxas de juros tão cedo e também com as especulações de que os bancos centrais do mundo todo entrarão em um ciclo de redução de taxas e estímulos à liquidez para fazer frente à volatilidade nos mercados resultante da saída do Reino Unido da União Europeia. 

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“Muito da queda do dólar depende de fatores externos que são totalmente alheios à realidade brasileira, como fica claro pela alta de todas as moedas emergentes em relação ao dólar”, diz o economista da Infinity.

E o câmbio não é só um fator a se levar em conta nos juros, ele também é usado para o cálculo do CDS brasileiro. Por mais que esses ativos tenham despencado de 500 pontos-base no começo do ano para 320,75 pontos-base hoje, boa parte desse movimento se deveu à melhora do desempenho do real em relação ao dólar. “O Embi+ é mais confiável do que o CDS como medida de risco porque não tem essa interferência do câmbio”, afirma Vieira.