Sabesp: com novo CFO e plano de R$ 70 bi, analistas veem alta de até 57% para SBSP3

Novo executivo da companhia destacou estratégias em conversa com analistas, que reforçaram otimismo com ação

Murilo Melo

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Analistas de mercado mantêm visão positiva em relação às ações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp (SBSP3), após uma reunião com o novo CFO da companhia, Daniel Szlak, realizada na quarta-feira (23).

Szlak, que recentemente assumiu o comando do departamento financeiro e jurídico da empresa, apresentou ao mercado as principais estratégias e objetivos para os próximos anos, o que reforçou o otimismo dos analistas sobre o desempenho da empresa, recém-privatizada. A companhia diz que o foco da nova gestão é acelerar a transformação da empresa, garantindo a execução do ambicioso plano de investimentos de mais de R$ 70 bilhões, entre 2024 a 2029, para universalizar os serviços de saneamento.

O Goldman Sachs reiterou sua recomendação de compra para a Sabesp, com um preço-alvo de R$ 134,30 por ação, vendo a empresa como uma das principais escolhas no setor de utilidades, com potencial de alta de 47,5%. “Nosso preço-alvo e cálculos de TIR [Taxa Interna de Retorno] não incluem o potencial de upside de novos leilões futuros, embora consideremos que a Sabesp provavelmente será uma das consolidadoras naturais do setor, com um conjunto significativo de oportunidades na próxima década”, reforça o banco.

A casa destacou o sólido histórico da nova diretoria, que tem experiência tanto no setor privado quanto em processos de privatização, o que, de acordo com os estrategistas, pode ajudar na execução do extenso plano de capex (investimentos em infraestrutura).


Um ponto importante ressaltado pelos analistas do Goldman Sachs foi a flexibilidade que a Sabesp está buscando ao separar partes de projetos entre fornecedores, otimizando prazos e custos. O plano de mitigação de receita, como a revisão de contratos com descontos e o controle de perdas, também foi um tema abordado, com os especialistas vendo potencial para a melhoria de margens operacionais.


Capex ainda é desafio


Já o Itaú BBA reforçou a visão de que a Sabesp é um dos investimentos mais atraentes do setor. Destacou ainda o compromisso da nova gestão com a integração entre equipes técnicas e regulatórias para otimizar a execução de projetos. Em relatório, o banco diz que vê como positivo o foco em redução de custos e a criação de um novo plano de compensação e política de pessoas.

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A expectativa, segundo o BBA, é que essas iniciativas melhorem a eficiência operacional e alinhem o corpo técnico às novas diretrizes. O Itaú também apontou o desafio de executar o elevado capex necessário para atingir as metas de universalização, mas em contrapartida elogiou o esforço para reduzir a burocracia interna e reorganizar os cronogramas de investimento.


Atualmente, as ações estão avaliadas na casa dos R$ 91, com uma expectativa de valorização de 57,5% até o final de 2025, conforme relatório do Itaú BBA, para R$ 143,40. Nas últimas 52 semanas, as ações alcançaram um preço máximo de R$ 99,92 e um mínimo de R$ 58,10, refletindo a volatilidade do mercado.


Com cerca de 683.510 ações em circulação, a Sabesp apresenta uma capitalização de mercado de R$ 62,247 milhões, segundo análise do banco. O volume médio diário de negociação nos últimos três meses foi de aproximadamente R$ 438 milhões, indicando um ativo com boa liquidez no mercado, conforme o BBA.

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Em termos de desempenho, as ações apresentaram uma queda de 2,7% nos últimos 12 meses. Comparativamente, o desempenho em relação ao Ibovespa mostrou uma variação negativa de 2,1% no mesmo período.


A análise do JP Morgan complementou essa visão, ressaltando que, embora o capex seja o principal desafio da Sabesp, a nova gestão está tomando medidas eficazes, como a redução da dependência de empreiteiros externos (EPCs) e a negociação direta com fornecedores. Além disso, o banco enfatizou o trabalho em andamento na área de recursos humanos, com a empresa se esforçando para preencher funções estratégicas.

A colaboração com a Equatorial (EQTL3) – acionista de referência -, afirma o JP Morgan, é vista como um ponto positivo, com a expectativa de que a experiência da parceira em gestão regulatória e implantação de capex agregue valor ao projeto de universalização da Sabesp.

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Quem é Szlak

Eleito pelo conselho de administração da Sabesp no dia 1º deste mês, Szlak possui formação em engenharia química pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e especialização em Liderança e Gestão de Pessoas pelo Insper. Ele também participou de programas de desenvolvimento executivo na Singularity University, localizada em Santa Clara, Califórnia, e na Harvard Business School.

Anteriormente, atuou como CFO na Combio, a principal fornecedora de energia térmica no Brasil, além de ter exercido a função de CFO para a América Latina e Canadá na Kraft Heinz.

Privatização

Em julho deste ano, a privatização da Sabesp, que se tornou a maior oferta pública de ações da história do setor de saneamento, arrecadou R$ 14,8 bilhões. Deste montante, R$ 6,9 bilhões foram adquiridos pela Equatorial, que comprou 15% da companhia ao custo de R$ 67 por ação. O restante dos recursos veio de uma oferta global, que contou com a participação de 310 investidores institucionais. No total, foram comercializadas 191,7 milhões de ações, além de um lote adicional de 28,7 milhões, todos ao mesmo preço.