Risco de racionamento é o mais provável, mas para o fim de 2014, diz Safra

Durante a semana, analista do Safra se reuniu com uma série de executivos do setor de energia; para Cesp e Alupar, preços do mercado à vista continuarão altos por conta da continuação do uso das termelétricas

Paula Barra

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SÃO PAULO – Com chuvas abaixo do esperado em março, o Brasil corre o risco de sofrer racionamento em 2014, mas o mais provável é que isso ocorra no final do ano, avaliou o Safra após reuniões com uma série de executivos de diversas empresas do setor elétrico.

Durante esta semana, o analista Sérgio Tamashiro, do Safra, fez conferência para debater sobre os efeitos das mudanças climáticas do setor de energia com o CEO (Chief Executive Officer) da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, o presidente do conselho da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), Luiz Eduardo Barata, o CFO (Chief Financial Officer) da Cesp (CESP6), Almir Martins, e o CFO da Alupar (ALUP11), Marcelo Costa.

Para falar sobre comercializadoras, Tamashiro se reuniu com Felipe Barroso, CEO da Bionergias, Cristopher Vlavianos, CEO da Comerc, e de Reginaldo Medeiros, CEO da Abraceel. E, no último encontro, recebeu Patricia Madeira, VP da Climatempo. 

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Confira a opinião de cada executivo:

EPE: sistema de geração é robusto
Para Tolmasquim, da EPE, o sistema de geração é robusto e há superávit estrutural de capacidade. Embora a situação hidrológica atualmente seja crítica, ele vê risco muito baixo de racionamento e que as hidrelétricas podem ser operadas com níveis na faixa de 10%. 

CCEE: plano de financiamento é sustentável
Barata, presidente do conselho da CCEE, acredita que o leilão A-0 a ser realizado em 30 de abril – uma das medidas do plano anunciado pelo governo para socorrer as distribuidoras – irá reduzir significativamente a exposição involuntária dessas companhias. Neste cenário, o empréstimo de R$ 8 bilhões da CCEE deve ser suficiente para cobrir a necessidade de capital de giro das distribuidoras. Para ele, a garantia 
para tal fundo poderia vir de recebíveis regulatórios das distribuidoras e não impactaria índices de endividamento. 

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Cesp e Alupar: preços spot irão continuar altos
Martins, da Cesp, apontou que o racionamento é melhor do que o programa de racionalização, uma vez que todos os contratos teriam que ser cortados, incluindo a capacidade assegurada. Já Costa vê a Alupar pouco exposta ao racionamento, pois 85% da receita advém do segmento de transmissão, que pode não ser impactado. Os dois executivos acreditam que os preços spot (do mercado à vista) de energia não irão baixar por conta da continuação do despacho das termelétricas. 

Bioenergia, Comerc e Abraceel: ausência de contratos de longo prazo
Em contraste com a visão das geradoras, 
Vlavianos, Medeiros e Barroso acreditam que preços de longo prazo não continuarão altos. O principal motivo para preços menores refere-se a fontes energéticas mais baratas, especialmente a eólica, e que, contrário à percepção geral, o racionamento pode, na verdade, reduzir preços.

Climatempo: estiagem à frente
Patrícia acredita que, na melhor das hipóteses, os reservatórios do Sudeste irão fechar com 38% da capacidade no final de abril. Segundo o Climatempo, não há indícios claros de que o volume de chuva ficará acima da média histórica no restante do ano ou no próximo verão.