Retomada do ânimo com ações chinesas: bom ou ruim para a Bolsa brasileira? 

Analistas veem que fluxo pode ser negativo para o Brasil no curto prazo com "fuga de recursos" para China, mas positivo num prazo mais longo

Equipe InfoMoney

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As ações chinesas, após uma derrocada, estão registrando recuperação. O índice MSCI China subiu mais de 30% entre o ponto mais baixo em janeiro e o ponto mais alto em 20 de maio. A recuperação é impulsionada por uma série de políticas para enfrentar a crise imobiliária do país e estimular a demanda do consumidor, ainda que tenha perdido um pouco de força na semana passada em meio à realização de lucros.

A XP ressalta que, depois de serem consideradas “uninvestable“ – ou sem atratividade por muitos investidores -, as ações chinesas aparecem um dos melhores desempenhos quando comparadas com as principais bolsas do mundo.

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“Recentemente, o mercado chinês tem se beneficiado de uma série de anúncios de estímulos econômicos e das expectativas de novos incentivos. Os últimos dados de atividade têm indicado estabilização da economia e sustentam a esperança de que o governo anuncie medidas de apoio para que a China atinja a meta de crescimento anual de 5%”, apontam os estrategistas da XP.

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Mark Mobius, em entrevista recente à Bloomberg, avaliou que as ações chinesas estão “parecendo boas”, uma vez que a recente recuperação sinaliza confiança, revertendo um apelo que ele fez em abril para que os investidores evitassem os papéis de empresas do país.

Pensando nisso, analistas avaliam qual o impacto para o Brasil. Para os estrategistas da XP, no curto prazo, um cenário melhor para a China pode ter impactos negativos no fluxo do Brasil, que se torna uma “fonte de financiamento” para os fluxos para o gigante asiático (com retirada de recursos do Brasil para financiamento da China).

Cabe ressaltar que, em maio, os investidores estrangeiros registraram saídas líquidas da bolsa brasileira pelo quinto mês consecutivo. Os “gringos” encerraram o mês passado com déficit de R$ 1,63 bilhão no mercado secundário (ações já em circulação), sugerindo uma possível mudança dos investimentos no curto prazo.

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Contudo, num prazo maior de tempo, a XP tem uma visão positiva com a melhora da China. Ela tende a ser positiva para o Brasil em um cenário de potencial aumento dos preços das commodities e, possivelmente, trazendo fluxos para os mercados emergentes.

Em relatório do fim de maio, o BTG Pactual destacou que os riscos de cauda da China parecem ter desaparecido ultimamente, com uma taxa de crescimento de 5% bem encaminhada para 2024, suportada por uma balança comercial incrivelmente forte de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões por mês e pela indústria (crescimento de produção industrial de 6,7% ao ano em abril). “Portanto, os riscos de China parecem ter sido reduzidos materialmente, o que é um aspecto de redução de risco para a tese de investimento da Vale (VALE3)”, avalia o banco. As ações VALE3 correspondem a 13,56% do Ibovespa; assim, uma alta das ações leva a um impulso forte para o índice.

Recentemente, a Moody’s elevou sua previsão de crescimento para a economia da China em 2024, ainda que de 4,0% para 4,5% (ou seja abaixo dos 5% da meta). A agência observou que a estratégia de crescimento pós-pandemia do setor manufatureiro chinês, focada na exportação, está tomando forma.