Reino Unido apresenta orçamento pressionado por onda de protestos e greves

Ministro das Finanças deve dizer na Câmara dos Comuns que manterá alguns subsídios e programas para incentivar investimentos

Roberto de Lira

Jeremy Hunt, ministro das Finanças do Reino Unido, e Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico, visitam mercado em Accrington, no noroeste da Inglaterra (Christopher Furlong/Getty Images)

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O ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, fará na manhã da quarta-feira (15) a tradicional apresentação do orçamento para o ano aos representantes da Câmara do Comuns num ambiente de ligeira melhora econômica, mas de forte pressão política contra o Partido Conservador, com protestos e greves por todo o país.

Segundo análises da imprensa local, espera-se que ele adote uma linha equilibrada entre a austeridade e a manutenção de alguns programas de auxílio.

Aos listar as perspectivas econômicas, Hunt deve destacar, segundo análise da BBC, que as projeções de uma iminente recessão foram afastadas, ao menos por ora.

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Na semana passada, o escritório de estatísticas ONS divulgou que o PIB do Reino Unido cresceu 0,3% em janeiro, após queda de 0,5% em dezembro, evitando assim uma recessão técnica.

Sobre a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), a variação de preços ainda se mostra alta – 10,1% anualizada em janeiro –, mas há uma clara tendência de queda, muito por conta da retração dos preços de energia.

Esse custo, aliás, é um dos pontos mais sensíveis para a população. Assim espera-se que o governo deva manter a extensão da garantia de preços que limita a conta anual média das famílias a £ 2.500.

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Um dos motivos é que o custo das contas subsidiadas caiu drasticamente durante o inverno, com os preços do gás no atacado recuando forte. Acredita-se que, se Hunt anunciar a extensão desse apoio por mais três meses – a um custo de £ 3 bilhões –, a própria queda de preços se encarregará de reduzir as contas anuais das famílias para menos de £ 2.500.

Para as empresas, há uma expectativa sobre a manutenção da chamada “superdedução”, que cortou de 25% para 19% o imposto sobre as sociedades, previsto para expirar em abril.

Somando a isso, espera-se que Hunt anuncie 12 novas zonas de investimento em toda a Inglaterra, cada uma podendo receber £ 80 milhões de financiamento, incluindo incentivos fiscais.

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Há ainda uma expectativa que o ministro anuncie planos para aumentar a idade mínima de aposentadoria, atualmente em 66 anos. Segundo a BBC, a regra de mudança gradual em vigor estipula um aumento para 67 anos entre 2026 e 2028 e para 68 anos entre 2044 e 2046.

A nova proposta deve sugerir que o aumento para 68 anos seja antecipado para meados da década de 2030. Há uma possibilidade ainda de que o limite de isenção tributária das pensões seja aumentado.

Isso ocorre no momento em que Hunt está tentando encorajar as pessoas com mais de 50 anos a voltar ao trabalho, para enfrentar a escassez de trabalhadores em muitos setores.

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O anúncio do orçamento vai acontecer em meio a uma onda de greves no Reino Unido, informa o The Guardian. Para a quarta feira, espera-se que os operadores do metrô de Londres, representados pelo sindicato Aslef, se juntem a médicos, dentistas e várias categorias de servidores públicos que estão fazendo protestos e paralisações por melhores acordos trabalhistas.