RD (RADL3): dados do 1º tri de 2024 animam e ofuscam resultados fracos; ação sobe

Números do quarto trimestre de 2023 refletiram queda de demanda e demonstraram desaceleração do crescimento de receita

Camille Bocanegra

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A RD (RADL3) divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2023 na noite desta terça-feira, 5. Apesar de números considerados fracos por analistas, os dados do primeiro trimestre de 2024 já começam a animar investidores. O último trimestre de 2023 foi marcado por demanda mais fraca, que atingiu todo o setor, porém os primeiros dois meses de 2024 já demonstram recuperação. “Vemos uma melhoria de vendas desde dezembro”, afirmou Marcílio Pousada, CEO da RD, na teleconferência sobre os resultados da companhia.

Os papéis da companhia subiram na sessão da quarta-feira, tendo avanço de 2,52%, cotados a R$ 26, ainda que longe das máximas acima de 4% do dia.

O Bank Of America (BofA), destaca em seu relatório que, apesar de resultados mais fracos, o início de 2024 já mostra sinais de recuperação para a companhia. As vendas apresentaram alta de 14,4% (vendas totais) e apresentam recuperação no primeiro trimestre de 2024, depois de desaceleração sequencial (na comparação com o terceiro trimestre). O banco também reforçou a ampliação de ganho de participação de mercado em 90 pontos-base, chegando a 16,1%.

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A indústria ainda parece não ter chegado em um bom momento, pondera a análise do BofA, em especial considerando que as taxas de juros ainda seguem elevadas e o crédito, limitado. O banco destaca que desvantagens em larga escala e custos de financiamentos ainda sustentam pressões de consolidação na indústria.

Para o primeiro trimestre de 2024, o BofA destaca que continua a perceber substanciais oportunidades de participação de mercado e margem a longo prazo, em especial considerando que esforços da companhia “afastam ainda mais a RD do comércio mais fragmentado”. Por isso, a recomendação para o nome segue como compra, com preço alvo estabelecido em R$ 33,40.

O Goldman Sachs, que recomenda o nome como compra, com preço alvo em R$ 35,00, destacou a normalização do crescimento nos meses de janeiro e fevereiro de 2024, apesar de também considerar os dados fracos para o quarto trimestre de 2023. O relatório apresentou também a leve piora no capital de giro de +3 dias, devido a prazos mais longos de contas a receber (parcialmente compensados por +1 dia nas contas a pagar).

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O JPMorgan considerou que o destaque do balanço foram os ganhos de participação no mercado, que refletem um ambiente competitivo enfraquecido e sucesso de iniciativas digitais. No canal, houve aceleração das vendas no trimestre e a estratégia digital tem sido um dos focos de atenção da companhia. Para o banco estrangeiro, o nome é considerado como overweight (exposição acima da média, similar à compra), com preço alvo em R$ 34,00.

A XP considerou os resultados como mistos, com base comparativa difícil e desalavancagem operacional impactando o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA, na sigla em inglês). Como pontos positivos, o Research da corretora destacou a melhora no lucro em cima de resultado financeiro melhor. A XP também comentou positivamente sobre a abertura de 270 lojas pela companhia em 2023, 10 acima do guidance, e a promessa de abertura de 280-300 lojas em 2024-25.

Para o Itaú BBA, a RD apresentou resultados trimestrais fracos, evidenciados por uma desaceleração no crescimento da receita, vendas em lojas maduras abaixo da inflação de medicamentos e uma redução na margem EBITDA devido a obstáculos na alavancagem operacional. A casa considera o nome como neutro, com preço alvo fixado em R$ 27,00 para fim de 2024.

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“No entanto, esperamos que o mercado se concentre nos dados iniciais de produtividade para o primeiro trimestre deste ano (janeiro e fevereiro), que mostraram uma aceleração sequencial significativa e, portanto, sugerem uma melhora nas perspectivas de curto prazo. Portanto, não descartamos uma reação positiva do mercado”, reforçou o BBA.

Visão da teleconferência

“A RD é a única rede no Brasil que é verdadeiramente nacional”, destacou Eugênio De Zagottis, Diretor Vice-Presidente de Relações com Investidores e Novos Negócios, na teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2023.

O executivo também destacou que as prioridades para 2024 são digitalização, saúde, crescimento com ganhos de participação de mercado, alavancagem operacional e diluição de despesas.

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Os canais digitais foram foco de parte da apresentação, com destaque para 65% de vendas realizadas dentro do app. Das vendas realizadas em ambiente digital, 92% são atendidas em até uma hora. “A abertura de loja segue sendo nosso principal driver”, considera o executivo. “O digital foi onde estragou a margem de todo mundo mas o nosso negócio digital é saudável e rentável”, afirma o CFO.

A divisão de saúde “Mais Saúde” está entre as estratégias da companhia e foi reforçada com a presença maior de testes para Dengue nos últimos meses. Há 304 unidades hoje, com 3,5 milhões de serviços oferecidos e 160 mil vacinações em 2023.

Sobre a demanda menor no quarto trimestre, o Zagottis minimizou preocupações e garantiu que o primeiro trimestre de 2024 já apresenta normalização. “O mercado cresceu menos? Cresceu mas nós fizemos a nossa parte”, afirmou.