Rali ou repique? O que a alta em Wall Street quer dizer para o mercado

Desde a última sexta, os índices em Wall Street engataram novas altas, mas analistas estão divididos sobre até elas podem ir

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – O ano de 2018 terminou com um clima de grande apreensão no mercado internacional, com investidores e analistas preocupados com os movimentos do Federal Reserve e também com o crescimento da economia dos Estados Unidos, que já dá sinais que uma recessão pode chegar em breve. 

Mas tudo mudou na última sexta-feira (4) e Wall Street entrou em um forte rali, deixando a questão: será que o mau humor ficou para trás ou esta é apenas uma correção de curto prazo que não deve se sustentar?

Para projetar o futuro do mercado é preciso primeiro entender o que está fazendo ele subir, e são três motivos. O primeiro é o andamento das conversas entre EUA e China para um acordo na guerra comercial. Rumores (alimentados pelos tuítes de Donald Trump) sobre a possibilidade de que os dois países vão conseguir acertar um acordo que pode pelo menos reduzir os impactos econômicos desta disputa têm ajudo a animar o mercado. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Contudo, o que deu início ao atual rali em Wall Street foi o forte resultado do relatório de emprego na sexta, que ajudou a afastar um pouco o temor de uma recessão na maior economia do mundo. Os EUA criaram 312 mil vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passado, o maior ganho desde fevereiro e cerca de duas vezes maior que o esperado.

Outro alívio para o mercado veio do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que tomou uma postura mais “dovish” ao falar na sexta à tarde que apesar do bom momento, a autoridade norte-americana será sensível aos riscos de baixa que o mercado está precificando. “Estamos sempre preparados para mudar a postura da política monetária se maneira significativa, se necessário”.

Euforia? Pode ser muito cedo para isso 

Para o conselheiro-chefe de economia do grupo Allianz, Mohamed El-Erian, foi “natural” esta empolgação dos investidores diante destes dados econômicos positivos na sexta-feira. “No entanto, está longe de ser certo que estas boas notícias sinalizem um final decisivo para a volatilidade do mercado. Ainda é preciso ter muito cuidado”, avalia.

Continua depois da publicidade

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Já o chefe de pesquisa da ADSS, Konstantinos Anthis, em nota a clientes, destacou que o principal catalisador no momento do mercado é a negociação entre China e EUA, mas que daqui para frente o foco dos investidores passará a ser a temporada de resultados do quarto trimestre. “Será fundamental para ver se os resultados das empresas continuarão a desacelerar, diminuindo ainda mais o apetite por risco”, explicou.

E, neste sentido, as sinalizações não são as melhores. Analistas já têm mostrado preocupação com os números dos bancos, enquanto a Apple desabou na semana passada após afirmar que as vendas de iPhones estão caindo por conta da China. Mesmo sendo um comentário sobre o primeiro trimestre deste ano, os primeiros sinais podem já aparecer no balanço do fim de 2018.

Continua depois da publicidade

Mas há também quem esteja otimista. O guru das commodities Dennis Gartman, que até pouco tempo era um dos mais pessimistas com o mercado, virou completamente a mão e agora deixou de ficar agressivamente vendido nos ativos para voltar a acreditar no “bull market”.

O principal fato para este otimismo agora é a mudança de postura do Federal Reserve diante da fala de Powell na semana passada. Segundo Gartman, isso mudou todo o cenário e justifica a completa virada de investimento que ele recomenda neste momento.

Outro que está otimista é Luis Stuhlberger, da Verde Asset, que em seu relatório de estratégia de dezembro afirmou que os preços das ações (especialmente nos Estados Unidos) estão baratos. Neste sentido, “aumentar exposição após correções como a que vimos no último trimestre do ano, historicamente, tem excelente relação de retorno para o risco”, explica o gestor.

Publicidade

O otimismo do mercado faz todo sentido neste momento e pode continuar nos próximos dias e até semanas, mas não justifica ficar muito eufórico. É como disse Nick Twidale, diretor de operações da Rakuten Securities Australia: “os investidores estão satisfeitos em seguir com a tendência positiva no ambiente atual, mas continuam cautelosos com as acentuadas reações adversas dadas as mudanças que vimos nas últimas semanas e meses”. Serão necessárias mais notícias boas para que o mercado possa realmente cravar um rali mais longo.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.