Raízen encerra parceria e deixa operação da Oxxo: bom para RAIZ4 e ruim para a Femsa?

Nesta operação, os sinais para as duas companhias são maiores do que parecem

Lara Rizério Agências de notícias

Oxxo na Cidade do México (Foto: REUTERS/Raquel Cunha/File Photo)
Oxxo na Cidade do México (Foto: REUTERS/Raquel Cunha/File Photo)

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A Raízen (RAIZ4) informou nesta quinta-feira (4) que, em comum acordo com a Femsa Comércio, decidiu encerrar a parceria societária estabelecida em 2019 por meio da joint venture Rede Integrada de Lojas de Conveniência e Proximidade (Grupo Nós).

A empresa afirma que o acordo para encerramento da joint venture foi estruturado com base em troca de participação societária, sem qualquer pagamento entre as partes.

A Raízen receberá 1.256 lojas de conveniência Shell Select e Shell Café e seguirá desenvolvendo a oferta por meio do modelo prioritário de franquias, integrado à sua rede de postos Shell. Já a Femsa receberá da Raízen 611 mercados de proximidade Oxxo e o Centro de Distribuição (CD), localizado na cidade de Cajamar (SP), além de dívidas e caixa disponíveis no Grupo Nós.

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Como parte do acordo, o Grupo Nós continuará a prestar serviços de suprimentos e logística relacionados ao portfólio de produtos atualmente disponibilizado pelo seu CD, dentro de sua área de cobertura, para as lojas Shell Select e Shell Café.

A XP Investimentos reforça que a Raízen está passando por uma estratégia de reciclagem de portfólio, e vê o anúncio como positivo, pois reforça o foco da companhia em seu core business. A joint venture era uma opção potencial de captação de recursos, com estimativas de mercado apontando para um enterprise value (valor de mercado de uma empresa e da sua dívida líquida) de R$ 1 bilhão.

“No entanto, acreditamos que a venda do ativo não estava no cenário base do mercado devido à incerteza no valuation. Portanto, vemos o anúncio como um evento neutro para as ações”, aponta. Cabe destacar que as ações da Raízen registram uma alta recente com a busca da Cosan (CSAN3) por um sócio estratégico, mas mantendo em paralelo a estratégia de desalavancagem de RAIZ4.

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Já para a Femsa, o Itaú BBA apontou ter uma avaliação ligeiramente negativa. De uma perspectiva consolidada, esta transação não impacta significativamente a FEMSA.

“A empresa manterá 611 lojas Oxxo e a dívida do Grupo Nós, que atualmente gira em torno de R$ 300 milhões (US$ 55 milhões), representando menos de 1% da dívida total da FEMSA. Esperamos que essa dívida seja pré-paga o mais breve possível”, avalia.

Contudo, o motivo pelo qual considera isso ligeiramente negativo é que vê valor em ter um parceiro local no Brasil.

“Historicamente, o mercado brasileiro tem sido desafiador para empresas latino-americanas devido às diferentes dinâmicas de consumo, preferências estaduais e tributação. Consideramos a estratégia da Femsa de parceria com uma operadora local como uma vantagem competitiva. Embora a Femsa opere a Oxxo no país desde o final de 2020, ainda acreditamos que a expansão para além de São Paulo e Rio provavelmente seria mais tranquila com um parceiro local”, avalia.

(com Estadão Conteúdo)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.