Quais são os próximos passos da migração das ações do Inter (BIDI11)?

Com ida à Nasdaq, Inter quer ter mais espaço para fazer fusões e aquisições, o que está limitado no Brasil por questões de regulação

Vitor Azevedo Rodrigo Petry

Helena Lopes Caldeira, CFO do Inter (Divulgação)

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O Inter (BIDI3;BIDI4;BIDI11) deu dois passos importantes rumo à sua listagem nos Estados Unidos, com as aprovações por parte da SEC – a CVM americana – de seu ingresso na Nasdaq e de seus acionistas à proposta de reorganização societária.

Após o voto favorável de representantes de mais de 82% de suas ações em circulação, em assembleia realizada nesta quinta-feira (25), o próximo passo, agora, é o período de opção, por parte dos seus acionistas, entre receber BDRs, lastreadas em Class A Shares na Nasdaq, ou o dinheiro (cash out) equivalente ao valor dos papéis.

“Estamos dando duas opões aos investidores”, disse, em entrevista ao InfoMoney, a diretora financeira e de relações com investidores do Inter, Helena Lopes Caldeira. “Como não estamos fazendo uma OPA [oferta pública de aquisição], recomprando as nossas ações, criamos essa estrutura para dar opção de saída aos acionistas”, explicou.

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Dessa forma, os atuais acionistas do Inter, sejam eles detentores de ações ON, PN ou units, têm entre hoje (26) e o próximo dia 2 de dezembro para manifestar sua intenção nas corretoras de seguirem ou não na base de acionistas.

Ao optar pelo cash out, o valor será de R$ 45,84 por PN Resgatável, correspondente a três vezes o valor por ação preferencial e/ou ordinária do Inter, conforme laudo de avaliação preparado pela PwC, a ser pago em 28 de dezembro.

Apoio dos acionistas

Entretanto, toda essa operação depende de que não mais do que cerca de 10% de sua base atual de acionistas opte pelo recebimento do resgate de suas ações. Segundo ela, a empresa “não está dando uma put automática”.

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“Como não é transação automática, caso a demanda pelo cash out seja superior a R$ 2 bilhões, a reestruturação pode não acontecer”, disse, pontuando, contudo, que a aprovação na assembleia é um sinal de que a maioria dos acionistas deve optar por seguir na companhia, dando sequência à reestruturação.

“Caso os acionistas não queiram ficar no longo prazo, surfar o crescimento da empresa na Nasdaq e B3, no final das contas não vamos fazer [a reestruturação]. Precisamos do suporte dos acionistas”, acrescentou.

BDR ou Nasdaq?

No contexto da incorporação, seguindo adiante, em 28 de dezembro, a cada 3 ações ordinárias e/ou preferenciais será entregue 1 PN Resgatável de emissão da HoldFin, ou seja,  0,33333 PN Resgatável para cada 1 ação ordinária ou preferencial de emissão do Inter. Além disso, para cada 1 unit do Inter, será entregue 1 PN Resgatável de emissão da HoldFin.

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De acordo com ela, o processo de liquidação vai ser feito automaticamente para quem quiser manter os papéis, com as ações sendo transformadas em BDRs, com liquidação em 30 de dezembro. A partir daí, o acionista poderá optar entre manter as BDRs ou transformar suas ações em Class A listadas na Nasdaq.

“Imaginamos que a maioria vá seguir pelo caminho da Nasdaq, conforme indicações que tivermos ao longo das conversas com investidores [institucionais]“, disse.

Para o investidor de varejo, ela disse que será possível negociar, por meio do home broker do Inter, as ações americanas. “Estamos na fase final do desenvolvimento, para que tenhamos isso pronto.”

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Melhor regulação

A movimentação do Inter, afirmou ela, se deve, em grande parte, a uma busca por uma regulação mais branda em um ponto bem específico: a necessidade de um banco no Brasil ter um controlador com mais de 50% das ações da instituição.

“Como fizemos IPO e follow-ons, acabamos já tendo certa diluição da participação do nosso controlador. No longo prazo, gostaríamos de ter a opção de fazer movimentos estratégicos que podem resultar em mais diluição”, explicou Caldeira.

“Temos muito a crescer em carteira de crédito, podemos fazer aquisições e M&As. Todas essas ações geralmente requerem mais capital”, completou.

Expansão no exterior do Inter

Além disso, a reestruturação do Inter chega em um momento no qual o banco se prepara para a sua expansão global – eles acabam de fechar a aquisição da USEND, companhia dos EUA especializada em transações internacionais, e de anunciar que disponibilizarão aos seus usuários a negociação de ações nos Estados Unidos através do seu home broker.

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“Queremos permitir que o brasileiro tenha uma conta e que possa investir nos Estados Unidos. Vamos oferecer, com a USEND, a possibilidade de imigrantes terem contas do Inter. Uma conta completa e gratuita, com a facilidade extra de enviar remessas para o Brasil”, explicou a CFO.

O Inter buscará, então, ter como diferencial no mercado financeiro americano, muito mais competitivo do que o nacional, justamente o atendimento a brasileiros e imigrantes. “A gente entende que o que a gente criou no Brasil é replicável em outras regiões. Tem valor, apesar de pequenas adaptações serem necessárias”, comentou.

Por último, a interpretação do banco é que uma companhia que pretende expandir globalmente tem de estar em um lugar que investidores globais observam.

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Apesar da expansão internacional, Caldeira defende que o Inter não virará as costas ao Brasil.

“No Brasil, queremos oferecer mais produtos e expandir nossa carteira de crédito. Buscamos a expansão internacional porque cremos que é o momento certo para fazer isso: antes que fiquemos muito grandes para uma movimentação do tipo”, finalizou.

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